Pixabay (_Alicja_) |
A história do Tarot é complexa e confusa sendo que as suas
origens são meio complicadas de traçar. Hoje vamos falar um pouco sobre a
História do Tarot para que tenhamos uma ideia de onde vem esta prática. Não é
obrigatório o praticante saber exactamente a história do Tarot mas... saber não
ocupa lugar, pois não? :)
As cartas de jogar surgiram pela primeira vez no século XIV
na Europa com os naipes Paus, Ouros, Espadas e Copas que ainda hoje são usados
como naipes nas cartas de jogos em Portugal, Itália e Espanha e são muito
semelhantes aos naipes dos baralhos de tarot. O primeiro baralho registado
remonta ao período entre 1430 e 1450 em Milão, Ferrara e Bolonha quando cartas
com desenhos foram adicionadas aos baralhos tradicionais. Estes novos baralhos
eram chamados de "Carte da Trionfi" ou seja Cartas do Triunfo e
encontram-se registadas em documentos de tribunais datados de 1440. Os baralhos
mais antigos encontrados são de uma família chamada Visconti-Sforza e são
considerados os antepassados dos actuais baralhos de Tarot. Acredita-se que
estes baralhos foram originalmente criados apenas como método de diversão para a
nobreza italiana e não como método divinatório, sendo que inclusive eram
retiradas cartas dos baralho (como a Morte, o Diabo e a Torre) que eram
consideradas ofensivas e quase fizeram com que os baralhos fossem banidos pela
Igreja!
Os primeiros tarot eram feitos à mão e, como tal, eram em
números muito reduzidos sendo que o baralho mais famoso que sobreviveu desta
época foi o
Tarot
de Marselha que ainda hoje é utilizado por praticantes. Também o baralho associado à familia Visconti-Sforza sobreviveu até aos dias de hoje estando guardado num museu. A primeira menção de
cartas pintadas com desenhos é entre 1418 e 1425 em que é descrito, por Martiano
da Tortona, um baralho com 16 cartas com Deuses Gregos e a naipes a representar
quatro tipos de pássaros. Mais tarde foram adicionados motivos às cartas
relacionados com filosofia, sociedade, política e astronomia.
O nascimento do Tarot como método divinatório é associado a
Antoine Court de Gélebin em 1781 em que o mesmo defendia que a origem dos tarot
era egipícia e que as representações nos Triunfos eram referentes ao
conhecimento perdido do Deus Egípcio Thoth. Foi a partir deste momento que as
pinturas e desenhos das cartas foram evoluindo e novos símbolos adicionais às
mesmas. Acredita-se que muitas das mudanças nas cartas foram feitas pelas
sociedades secretas que produziam os baralhos. Porém o primeiro uso das cartas
como método divinatório ficou também associado a Jean-Baptiste Alliette, mais
conhecido como Etteilla em 1770. Foi o primeiro a publicar o significado
divinatório das cartas (e apenas trinta duas cartas com mais uma à parte) foram
incluídas na edição. Mais tarde foram introduzidas mais cartas que dariam origem
aos baralhos de Tarot actuais.
A ideia de que a origem do Tarot seria egípcia manteve-se e
foi desenvolvida ao longo dos tempos e nem a descoberta da Pedra de Roseta
impediu esta teoria que veio ainda ser mais alimentada com a ideia de que o povo
Romani ("ciganos") seriam originários do Egípto e tinham trazido o Tarot com
eles para a Europa. Só mais tarde, já no século XIX, com Eliphas Lévi é que foi
estabelecida a ligação entre o Tarot e a Kabbalah: O sistema Hebreu de
Misticismo. Isto originou uma nova crença que a origem do Tarot estaria em
Israel e que continha a informação da Árvore da Vida e que cada carta seria uma
chave de acesso ao conhecimento. A posição do Tarot ao longo do século XIX e XX
foi assegurada por várias ordens como a Theosopical Society, a Hermetic Order of
the Golden Dawn, a Rosa Cruz, a Church of Light e Builders of the Adytum. Com o
começo da exploração da Espiritualidade em 1960 o lugar do Tarot ficou
garantidamente assegurado nos Estados Unidos da América e tornou-se famoso como
é hoje!
É de recordar que hoje em dia o formato de tarot mais
conhecido é o Rider Waite (conforme falado no nosso artigo "O
Tarot: Thoth vs Waite") que veio marcar o Tarot, tornando-se o formato mais
conhecido e usado do século sendo rico em simbolismo e fácil de compreensão dada
a natureza da sua arte e símbolos.
Assim sendo vemos que as origens do Tarot são complicadas e
confusas e muitas teorias existem sobre a sua origem e ensinamentos mas, o que
interessa acima de tudo, é o que nós próprios aprendemos com as cartas pois o
Tarot não serve só como método divinatório mas também como método de
auto-conhecimento e de aprendizagem. O que será que o Tarot tem para nos
ensinar, ao longo do nosso caminho?