• Home
  • Sobre
  • Diretório Pagão
    • O que é?
    • Portugal
    • Brasil
  • Recursos

Sob o Luar

Qualquer pessoa que investigue sobre Politeísmo Helénico ou que comece a pesquisar sobre Divindades Gregas, acaba por encontrar referências aos Hinos Homéricos. Contudo, nem todos sabem o que são os Hinos Homéricos e é sobre eles que hoje vamos falar.

Os Hinos Homéricos são um conjunto de trinta e três (33) poemas ou hinos a celebrar várias divindades. Os mesmos são considerados "homéricos" pois possuem uma estrutura semelhante aos épicos Homéricos da "Odisseia" e da "Ilíada", não significando, necessariamente, que tenham sido escritos todos pela mesma pessoa (a identidade do autor "Homero" é um assunto de debate entre os classicistas e historiadores, que não planeio abordar neste artigo). Os Hinos Homéricos são tentativamente datados do século 7 AEC (antes da era comum), contudo há alguns poemas que podem ter sido escritos mais tardiamente, como é o caso do "Hino a Ares", que alguns académicos consideram ser de um período mais tardio. 

Estes Hinos seriam originalmente recitados, na Grécia Antiga, em eventos ou rituais religiosos e descrevem os feitos dos vários Deuses, enaltecendo a sua história, a sua importância e o seu papel. Um dos Hinos mais famosos é o "Hino Homérico a Demeter" que nos conta a história da Descida/Rapto de Persephone, e, por consequência, o surgimento das estações do ano. Também o Hino a Hermes é bastante conhecido, pois retrata o nascimento do Deus Hermes e as suas peripécias enquanto bebé. 

Os Hinos Homéricos são importantes não só a nível religioso, pois permitem-nos uma visão dos mitos dos Deuses e, ao mesmo tempo, fornecem-nos hinos que podemos cantar ou recitar aos Deuses, tal como os gregos antes de nós o faziam, como também a nível literário, pois são uma das peças literárias mais antigas da Literatura Grega, e de uma importância enorme para os Estudos Clássicos. 

Existem várias formas de organizar os Hinos, pelo que podem encontrar várias ordens em que os mesmos se encontram listados, dependendo do tradutor ou do autor da edição. A ordem abaixo, que vos apresento, é com base no livro "The Homeric Hymns - A new translation by Michael Crudden" da Oxford World Classics, que é a edição que eu pessoalmente tenho em casa (e recomendo bastante, pois não só tem uma excelente introdução, como também possui notas que explicam os vários pontos de cada hino). Infelizmente não conheço nenhuma versão em português que possa recomendar. 

  1. Hino a Dionísio
  2. Hino a Deméter
  3. Hino a Apolo
  4. Hino a Hermes
  5. Hino a Afrodite
  6. Hino a Afrodite
  7. Hino a Dionísio 
  8. Hino a Ares
  9. Hino a Ártemis
  10. Hino a Afrodite
  11. Hino a Atena
  12. Hino a Hera
  13. Hino a Demeter
  14. Hino à Mãe dos Deuses (Rhea/Cibele)
  15. Hino a Heracles, com o coração de Leão
  16. Hino a Asclépios
  17. Hino aos Filhos de Zeus
  18. Hino a Hermes
  19. Hino a Pã
  20. Hino a Hefesto
  21. Hino a Apolo
  22. Hino a Poseidon
  23. Hino a Zeus
  24. Hino a Héstia
  25. Hino às Musas, Apolo e Zeus 
  26. Hino a Dionísio
  27. Hino a Artémis
  28. Hino a Atena
  29. Hino a Hestia
  30. Hino à Terra/Gaia
  31. Hino a Helios
  32. Hino a Selene
  33. Hino aos Filhos de Zeus

E vocês, já conheciam os Hinos Homéricos? Qual o vosso favorito?


Hoje falaremos de uma das principais conceções erradas no que diz respeito à Deusa Hekate: a sua consideração como uma Deusa Tripla, no sentido de "Donzela/Mãe/Anciã", o chamado "MMC (Maiden, Mother, Crone"). É este conceito que pretendo desconstruir com este artigo.

Contrariamente à ideia popular, Hekate é uma Deusa tradicionalmente representada como sendo Deusa Virgem (à semelhança de Artemis). Vemos essa representação, por exemplo, na citação dos Oráculos Caldeus (para mais informação sobre Hekate nos Oráculos Caldeus, recomendo este episódio do Podcast da Caverna de Hekate):

“I come, a virgin of varied forms, wandering through the heavens, bull-faced, three-headed, ruthless, with golden arrows; chaste Phoebe bringing light to mortals, Eileithyia; bearing the three synthemata (sacred signs) of a triple nature. In the Aether I appear in fiery forms and in the air I sit in a silver chariot.” - Oráculos Caldeus

Também todas as representações que temos de Hekate, em estátuas ou pinturas, representam-na como uma jovem rapariga ou, quando com cabeça de animais, com o corpo de uma jovem rapariga. Em nenhum momento a Deusa Hekate é caracterizada como sendo uma "velha anciã".

A ideia de Hécate enquanto uma figura Anciã surge, curiosamente, pela mão de Aleister Crowley, já no início do séc. XX em vários dos seus livros e documentos. Como a Sorita d'Este cita no seu artigo Hekate's Profanation (que eu recomendo vivamente e considero leitura obrigatória para qualquer interessado na Deusa Hekate):

"Hekate is the crone, the woman past all hope of motherhood, her soul black with envy and hatred of happier mortals." - Aleister Crowley, no seu livro "Moonchild".

Esta representação de Hekate enquanto uma velha anciã, aliada ao conceito cada vez mais crescente, à época, de uma Deusa de três Fases (Donzela, Mãe e Anciã - para mais informação sobre o conceito de MMC, recomendo o meu artigo "A História da Deusa Tríplice"), levou a que Hekate ficasse, incorretamente, atribuída ao conceito de Anciã. Hekate, historicamente e mitologicamente, nunca foi uma Anciã, mas sim uma jovem rapariga (ou, se preferirem, uma "Donzela"). Contudo, o papel de Hekate como Donzela não é enquanto a Donzela famosa das tradições Wiccanas, mas apenas uma representação do facto de a Deusa ser representada como uma jovem menina ou mulher nas suas representações clássicas, à semelhança de outras divindades como Artemis ou Héstia. 

Apesar disto, Hekate é uma Deusa Tripla, ou seja, é representada como tendo três corpos/cabeças. Esta representação pode ocorrer como sendo três corpos humanos, como um corpo com três cabeças humanas ou como um corpo com três cabeças de animais (normalmente bois, cães, cobras, cavalos, etc.). Hekate não representa três Deusas diferentes ou três aspectos diferentes, como a Deusa Tríplice Wiccana, mas sim apenas a sua divindade, que é representada num corpo triplo. 

Para mais informações acerca da Deusa Hekate recomendo o meu artigo "Deusas e Deuses: Hekate" e também a visitarem o Covenant of Hekate. 

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 


***

Nome: Afrodite (Αφροδιτη)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Afrodite é uma Deusa Olímpica associada ao amor, à beleza e ao prazer. É retratada como sendo uma bela jovem mulher, por norma acompanhada pelo seu filho Eros (amor), um pequeno Deus com asas. Afrodite tem vários mitos importantes, tais como o seu papel na Guerra de Tróia e no Julgamento de Paris, em que a Deusa Afrodite, a Deusa Atena e a Deusa Hera lutam pelo título da mais bela, tentando convencer o mortal Paris a escolhê-las, subornando-o com vários prémios. Afrodite diz a Paris que, se a escolher, que lhe dará a mulher mais bonita do Mundo em casamento (neste caso seria a Helena, esposa do Rei de Esparta, Menelaus). Paris aceita e assim se inicia a Guerra de Tróia. Outro mito famoso associado a Afrodite é o seu casamento com o Deus Hephaestus, com a sua mão tendo sido dada pelo Rei Zeus, como recompensa por Hephaestus ter libertado Hera de uma cadeira mecânica que a tinha presa no Olimpo. Contudo, Afrodite era apaixonada pelo Deus Ares, e em várias instâncias traiu Hephaestus com o Deus da Guerra. Hephaestus então, como consequência, criou uma rede de ouro para os prender enquanto estavam na cama e trouxe todos os Deuses para se rirem de Afrodite e de Ares, sendo que o seu casamento é dito como tendo terminado após isto e Afrodite é muito associada a Ares, partilhando inclusive filhos com o mesmo. 

Celebrações: O culto da Deusa Afrodite encontra-se espalhado por toda a Grécia, com vários templos e altares espalhados por todo o território grego, com um foco principal na cidade de Korinthos e a ilha de Kythera. Também em Cyprus (Chipre) existe um culto de Mistérios associado a Afrodite. Para além destes locais, temos também um grande festival dedicado a Afrodite por toda a Grécia (principalmente em Atenas e em Korinthos) chamado "Aphrodisia"que aconteceria durante o Verão (mês de Hekatombaion). Para além destes grandes cultos, Afrodite era também uma Deusa padroeira de prostitutas e hetairai (acompanhantes, mas não necessariamente de foro sexual), com um culto especial dedicado a esta sua faceta, principalmente em Korinthos. 

Geneologia: Afrodite nasceu da espuma do mar que se criou quando os genitais castrados de Ouranos caíram no mar, após o corte dado por Kronos. É atribuída como sendo a mãe de Harmonia, Deimos e Phobos (juntamente com Ares) e também como mãe de Eros (neste caso temos versões que atribuem que seja juntamente com Ares e outros que dizem que já nasceu grávida de Eros). Também é mãe de Hermaphroditos, por parte de Hermes. 

Epítetos: Ourania ("dos céus"), Philommeidís ("a que sorri/ri"), Potnia ("Senhora"), Cypria ("de Chipre"), Pandemos ("de todas as pessoas"), entre outros.

Símbolos: Pombas, rosas, conchas, Eros, ganso, cisnes, maçãs, entre outros. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Aphrodite
  • Helenos BR
  • HellenicGods - Aphrodite
  • Hino Homérico a Afrodite 5
  • Hino Homérico a Afrodite 6
  • Hino Homérico a Afrodite 10

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 


***

Nome: Selene (Σεληνη)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Selene é uma Deusa Titã, sendo considerada a personificação da Lua (basicamente, Selene é a própria Lua). A mesma era representada como uma mulher a conduzir um carro de cavalos pelo céu nocturno, tendo na sua cabeça uma coroa em formato de crescente ou esfera lunar e um manto brilhante. É filha de Hyperion e Theia e irmã de Eos e de Helios, o seu irmão Sol que conduz o carro solar durante o dia. Para além dos filhos abaixo que lhe são atribuídos, Selene está também associada como sendo a criadora ou a mãe do Leão da Nemeia, que vem a ter um papel importante nos mitos de Hércules. Um dos seus mais famosos mitos é o mito que a une ao seu grande amor, o Rei/Pastor (depende das versões) Endymion, pelo qual Selene se apaixona profundamente. Numa das versões mais famosas deste mito (a de Pseudo-Apollodorus), o Rei Zeus dá ao pastor Endymion a chance de escolher tornar-se imortal e viver num sono profundo numa caverna, podendo ser visitado todas as noites pela Titã Selene, o qual o mesmo aceitou, dizendo-se que dorme eternamente numa caverna na base do Monte Latmos.  

Celebrações: A nível do culto de Selene temos alguns registos como a sua presença numa cidade na Paconia (perto de Esparta) onde encontramos inscrições de culto à mesma. Também em Argolis temos um altar dedicado a Selene e, sabemos através de registos, que a mesma estava bastante associada a um culto específico para acompanhamento às mulheres grávidas e no processo do parto (daí o seu epíteto de Ilithyia), pelo que é expectável que houvesse um pequeno culto por parte de mulheres grávidas. 

Geneologia: Filha dos Titãs Hyperion e Theia e irmã de Helios (Sol) e Eos (Nascer do Sol). É mãe das deusas Pandia, Era, Menai (Meses) e, há quem a considere como mãe das Horai (Horas). A nível de mortais, é apenas mãe do poeta Mousaios (Musaeus). 

Epítetos: Aegle ("Radiante"), Pasiphae ("Toda Brilhante"), Ilithyia ("Apoiante/Ajuda - no parto"). 

Símbolos: Um disco lunar ou um crescente lunar, os cornos de um boi, um manto estrelado. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Selene
  • Hino Homérico a Selene

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

Nota Importante: Este artigo é exclusivamente sobre o Deus Hermes enquanto divindade do Políteismo Grego, não sendo sobre a figura de Hermes Trismegistus que é frequentemente confundida com o mesmo. 

***

Nome: Hermes (Ἑρμης)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Hermes é uma divindade grega, filho de Zeus e de Maia (a mais velha das irmãs ninfas Pleiades). Um dos seus mitos mais famosos é o mito do seu nascimento em que o Deus Hermes nasceu numa caverna, de sua mãe Maia, e apesar de estar enrolado em mantas no seu berço, o Deus fugiu e conseguiu chegar até Pieria, onde roubou algum do gado do Deus Apollo, escondendo-o em Pylos. Enquanto estava em Pylos, o Deus Hermes encontrou uma tartaruga na parte de fora da caverna e, trazendo para o interior, utilizou a sua carapaça para fazer a primeira lira. Quando Apollo o tentou confrontar, Hermes estava enrolado nas mantas no colo da sua mãe. Não convencido que o Deus Hermes não estivesse envolvido, Apollo solicitou a Zeus que mediasse a situação e o mesmo convenceu Hermes a devolver o gado. Contudo, quando Apollo viu a lira que Hermes tinha criado, aceitou trocar o seu gado pela lira, tornando-a um dos seus símbolos. Outros dois mitos em que existe uma presença importante do Deus Hermes são o mito de Perseu, em que Hermes auxiliou o herói na sua demanda para matar a Gorgon Medusa e o mito de Odisseu em que o Deus auxilia-o a proteger-se da magia da Deusa Circe. 

Celebrações: O culto a Hermes estava bem espalhado pela região grega na antiguidade, com destaque para o festival de Hermaea que era organizado anualmente em honra ao Deus Hermes, na zona da Arcádia. Adicionalmente, estátuas de Hermes (denominadas "Hermae") eram comuns de ser encontradas espalhadas por toda a Grécia, principalmente à entrada de cidades ou em cruzamentos para conceder proteção aos viajantes. 

Geneologia: Filho de Zeus e de Maia, são-lhe atribuídos diversos filhos como o Deus Pan e variados filhos mortais, principalmente Reis. Para ver a genealogia completa de Hermes recomendo ver AQUI. 

Epítetos: Enodios ("da estrada"), Khthonios ("da terra"), Nomios ("protetor de rebanhos"), Propylaios ("dos Portões"), Psychopompos ("Guia das Almas"), Angelos Athanatôn ("Mensageiros do Deuses"), entre outros.  

Símbolos: Um dos principais símbolos de Hermes é o famoso Caduceu (um bastão em torno do qual estão enroladas duas serpentes e cujo topo tem duas asas). É também reconhecido pelas botas ou pelo chapéu com asas ou, no seu aspecto de protetor dos viajantes, com o chapéu de viajante que é lhe é característico. Os seus animais sagrados são o bode e a lebre, estando também associado a todo o gado em geral. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Hermes
  • Helenos BR
  • Hino Homérico a Hermes (para a história do seu nascimento)

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

***

Nome: Hades ou Haides (Ἁιδης)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Hades é o quarto filho de Kronos e Rhea e, à semelhança dos seus irmãos, foi engolido pelo seu pai até ser libertado pelo seu irmão Zeus. Após a Titanomaquia, Hades juntamente com os seus irmãos Poseídon e Zeus, dividiram à sorte o céu, o mar e o submundo entre si. Poseídon ficou com como Rei dos Mares, Zeus como Rei dos Céus e Hades ficou como Rei do Submundo. Um dos principais mitos associados a Hades é o mito do Rapto de Persephone: Com a ajuda do seu irmão Zeus (pai de Persephone), Hades raptou a donzela e levou-a consigo para o Submundo sem o conhecimento da sua mãe, onde a manteve até que Deméter obrigou Zeus a devolver-lhe a filha. Contudo, a esta altura, Persephone já tinha comido sementes de romã no Submundo e estava eternamente ligada a este reino, obrigando-a a passar uma parte do tempo com a sua mãe à superfície e o resto do tempo com o seu esposo Hades no Submundo, tornando-se Rainha do Submundo. 

Celebrações: O culto de Hades era bastante escasso dado que a maioria dos gregos tinha receio sequer de pronunciar o seu nome, com medo que isso atraísse a morte para os seus lares. Haviam poucos santuários dedicados a Hades no Mundo Grego, contudo, ele era homenageado durante as cerimónias fúnebres ou em ritos necromânticos (comunhão mística/religiosa/mágica com os mortos) e desempenhava um papel nos cultos dos Mistérios. O único centro de culto significativo na Grécia dedicado a Hades era o Oráculo dos Mortos em Thesprotia. 

Geneologia: Filho de Kronos e Rhea, irmão de Zeus, Poseídon, Hestia, Demeter e Hera. Costuma ser-lhe atribuída a paternidade das Erinyes, Zagreus e Melinoe, contudo, é também aceite que Hades é um Deus infértil, dado que que o Deus dos Mortos não poderá ter filhos. 

Epítetos: Ploutôn ("da riqueza"), Theôn Khthonios ("Deus do Submundo"), Polysêmantôr ("Rei de muitos"), Nekrôn Sôtêr ("Salvador dos Mortos"), Nekrodegmôn ("O receptor dos Mortos"), entre outros. 

Símbolos: Os principais símbolos são o ceptro real (com ponta de pássaro), a cornucópia, o elmo de Hades (que lhe dava invisibilidade),o cipreste, a menta e Cerberus, o cão do submundo de três cabeças. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Hades
  • Helenos BR
  • Hino Homérico a Deméter (para o mito de Persephone)
  • Teogonia (para o mito do seu nascimento)

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

Nota Importante: Dionysos é uma divindade bastante complexa porque não só está presente no culto tradicional helénico como também tem um papel de destaque na Tradição Órfica, então existem imensos mitos e histórias acerca desta divindade. Iremos focar-nos nos mitos e informações tradicionais de Dionysos e, para informações acerca da tradição Órfica, recomendo a leitura dos Hinos Órficos e o site HellenicGods.org.  

***

Nome: Dionysos (Διονυσος) (Dionysus ou Dionísio) 

Panteão: Grego

História e Mitologia: Dionysos é filho de Zeus e da princesa Semele de Tebas. Durante a gravidez e enraivecida pelas traições de Zeus, a Deusa Hera convenceu Semele a pedir a Zeus para apresentar-se perante ela em toda a sua glória divina, sabendo que isto a mataria. Zeus, preso por juramento, obedeceu e Semele foi consumida pela luz dos seus relâmpagos. Zeus resgatou o corpo de Dionysos e costurou-o dentro da sua própria coxa, carregando-o até ao fim da gravidez e trazendo-a à vida. Após o seu nascimento, Dionysos foi entregue aos cuidados de Seilenos e das ninfas do Monte Nisa. Mais tarde, foi entregue ao cuidado da sua tia e tio (irmã de Semele), enraivecendo Hera que levou o casal à loucura. Já crescido, Dionysos viajou para o Submundo para resgatar a sua mãe, trazendo-a para o Olimpo onde Zeus a transformou na Deusa Thyone. Relacionado com um dos mitos mais famosos da Antiguidade, Dionysos casou-se com Ariadne de Creta após esta ter sido abandonada por Theseus na praia da ilha de Naxos. 

Celebrações: O culto de Dionysos estava espalhado por toda a Grécia, contudo, os seus principais pontos de culto eram na ilha de Naxos e no Monte Kithairon (Cithaeron) em Boiotia. Existiam várias celebrações locais a Dionysos e o mesmo acabava por surgir em outras festividades não exclusivas a si, contudo, as principais de realçar são a DIONYSIA em Atenas (o segundo maior festival após a  Panathenaia), a ANTHESTERIA (um festival do vinho dedicado a Dionysos) e a LÉNAIA (um festival dedicado a Dionysos enquanto Deus do Vinho e da Fertilidade). 

Geneologia: Filho de Zeus e Semele. É pai de diversos seres imortais e mortais, destacando Priapus (Deus de Fertilidade) e as Kharites (As Graças). Para a geneologia inteira de Dionysos recomendo a página do Theoi.  

Epítetos: Chrysokomes (o de cabelos louros), Vákkheios/Baccheos (O de Bachus), Votryókozmos (recheado de Uvas), Mystes (dos Mistérios), Theoinos (Deus do Vinho). Dyonysos tem imensos epítetos pelo que recomendo esta e a esta página sobre os epítetos de Dyonisos. 

Símbolos: Os principais símbolos são os cachos de uvas, um copo (kantharos) tradicionalmente utilizado para beber, uma coroa de folhas de hera e um tirso (um bastão envolto em hera e ramos de videira e encimado por uma pinha). Em termos de animais os mais associados a esta Divindade são a pantera/leopardo, tigre, touro e a serpente. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Dionysus
  • Helenos BR
  • Dionysos (Tradição Órfica)
  • Para Dionysos (Hellenion)
  • Hino Homérico a Dionysos
  • "As Bacantes" de Eurípedes

Voltamos à nossa série sobre Conceitos e vamos falar de Helenismo ou Reconstrucionismo Helénico! Este caminho tem um lugar muito especial no meu coração e espero fazer-lhe justiça com este texto.

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

***

Nome: Artémis (Αρτεμις)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Artémis é filha de Leto e irmã gémea de Apollo. A sua mãe engravidou de Zeus e foi perseguida por toda a Grécia, ao longo da gravidez, pela Deusa Hera, enraivecida pelo nascimento de dois novos filhos ilegítimos de Zeus. Leto encontrou refúgio na ilha de Delos onde finalmente deu à luz os seus filhos, primeiro Artémis e depois Apollo, cujo nascimento foi apoiado pela sua irmã. Artémis é a Deusa olímpica da caça e dos animais selvagens. Está associado a tudo o que é selvagem, como florestas e habitats de animais não-domesticados. É uma Deusa também associada ao nascimento e ao parto, dado o seu papel na ajuda do nascimento do Deus Apollo. Sobre a sua proteção encontram-se todas as jovens raparigas até à idade de casamento, dado que Artemis é uma Deusa Virgem que recusa o casamento e vive em liberdade com as suas caçadoras pelas florestas da Grécia. Existem vários mitos associados a Artémis como o mito de Callisto uma das criadas de Artemis que foi seduzida por Zeus e, consequentemente, transformada num urso por Artémis, temos também o mito de Orion um gigante companheiro da Deusa que foi morto por Artémis por engano e eternamente imortalizado nas estrelas como a constelação Orion. Há ainda o mito de Actaeon que espiou a Deusa e as suas caçadoras e, como castigo, foi tornado num veado e perseguido e morto pelos seus cães. 

Celebrações: O culto de Artémis era espalhado por toda a Grécia, com inúmeros templos e altares espalhados pelas cidades e, principalmente, nas zonas mais rurais. Os principais templos de adoração a Artémis eram os de Brauron na Ática (Atenas) e de Caryae em Lakedaimonia. Alguns dos principais festivais associados a Artémis são o MOUNYKHÍA (Μουνυχία - neste festival Artémis é honrada como Deusa da Lua e a Senhora das Feras), BRABONEIA, ARTEMISIA, BRAURONIA (celebração realizada a cada 5 anos em Brauron) e ARTEMIS AGROTERA (Άρτεμις Άγροτερα - nesta celebração honrava-se o papel de Artémis como Deusa da Caça).

Geneologia: Filha de Zeus e Leto, é irmã gémea do Deus Apollo e foi a primeira a nascer, tendo auxiliado no parto do seu irmão gémeo. 

Epítetos: Dǽspina (Senhora, Rainha), Diana (nome romano para Artémis), Évdromos (A veloz), Kóri (Jovem), Lokheia (A que ajuda no parto), Nyktæróphitos (A que caminha na noite), Philomeirax (amiga dos jovens), Thiroktónos (Caçadora de Bestas Selvagens).

Símbolos: Arco e flecha, lanças de caça, tocha, lira, jarro de água. É representada como uma jovem menina vestida com uma túnica e, por vezes, acompanhada por corças ou veados. Pode também ter um manto e um capacete e, por vezes, pele de veado pelas costas. Os símbolos ou imagens de animais selvagens são lhe também atribuídos como importantes no seu culto. 

Leitura Recomendada: 

Theoi - Artemis
Hellenic Gods - Artemis
"Teogonia" de Hesiodo
"Artemis" de Sorita d'Este
Hino Homérico a Artemis (Nº 9)

* Os links fornecidos pertencem a 'Affiliates Programs' e geram uma pequena taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador.

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

Hoje vamos falar de mais uma Deusa do panteão grego, a Deusa Héstia. 

***

Nome: Héstia (Ἑστιη)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Héstia foi a primeira filha a nascer entre o titã Cronos e a titã Rhea. Cronos foi avisado por Gaia e Uranos que o seu domínio do mundo iria terminar à mão de um dos seus filhos e, como tal, a cada filho que nasceu Cronos engoliu os mesmos imediatamente após o seu nascimento, começando por Héstia. Quando Zeus, o último dos filhos de Cronos e Rhea nasceu e foi levado para um esconderijo, voltando quase adulto para matar então o seu pai e libertar os seus irmãos, Héstia foi a última a ser regurgitada. Como tal é considerada tanto a mais velha como a mais nova dos seis irmãos. Já durante o domínio de Zeus e do domínio olimpiano, Héstia manteve-se virgem, inclusive perante os pedidos da sua mão em casamento por Apollo e Poseidon. A Deusa pediu a Zeus que permitisse que a mesma olhasse pelo Fogo Sagrado do Olimpo e, assim, mantendo-se Virgem eternamente. Ao que Zeus aceitou, transformando Héstia numa das primeiras Deusas virginais e a responsável pelo cuidado do Fogo Sagrado. Foi deste Fogo de Héstia que Prometeu roubou a centelha de fogo que deu à Humanidade para nos presentear com o elemento do Fogo. 

Celebrações: O culto a Hestia não era muito predominante na Antiguidade Clássica como as outras divindades. Hestia era honrada nos lares e em locais com lareiras. Era a Deusa da Chama Sagrada e Sacrificial e, como tal, em todas as oferendas queimadas em honra dos Deuses a primeira parte da oferenda era sempre dada a Héstia. A cozinha da carne sacrificada era parte do domínio de Héstia. O fogo acendido em honra a Héstia em templos ou locais de culto não poderia ser apagado e, caso fosse, não poderia ser acendido com fogo normal e teria um processo próprio para voltar a acender a chama destes altares. 

Geneologia: Filha de Cronos e de Rhea, é uma das primeiras Deusas Olímpicas e a primeira filha a nascer dos dois titãs contudo, sendo a primeira a nascer é também a última a ser regurgitada como tal é conhecida como sendo a irmã mais velha e, ao mesmo tempo, a irmã mais nova. 

Epítetos: Äídios ("Eterna"), Vasíleia ("Rainha"), Khlöómorphos ("Verdante"), Polýmorphos ("Multi-formada"), Potheinotáti ("Amada"), Prytaneia ("da Πρυτάνεις"). 

Símbolos: Fogo Sagrado, "The Hearth", Lareiras. Existe também alguns registos de lhe serem associados porcos e vacas. 

Leitura Recomendada: 

Theoi - Hestia
Hellenic Gods - Hestia
Hino Homérico 24
Hino Homérico 29
Hino Órfico 84

* Os links fornecidos pertencem a 'Affiliates Programs' e geram uma pequena taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador.
Unsplash (Heather Mckean)

O tópico de hoje é inspirado num vídeo da TCS sobre "Deuses de Prateleira", um tema que adquiri após ouvir eles falar e ver o vídeo deles em 2015 e que tem vindo a fazer parte do meu vocabulário e que acho importante refrescar a memória sobre ele. Aconselho também a verem o vídeo deles e os restantes vídeos que fazem parte do canal, porque são excelentes recursos. 

O que são, então, Deuses de Prateleira? O nome de Deuses de Prateleira vem do facto de que muitos praticantes, principalmente quem está a começar no caminho, tem tendência a ver os Deuses como ferramentas para determinados objetivos e a colocar os mesmos dentro de caixinhas como "Deusa do Amor", Deus da Guerra", Deusa do Casamento", "Deusa da Vida Selvagem", etc. Esta simplificação das divindades leva a que os mesmos sejam vistos apenas como meras ferramentas e não como divindades inteiras com mitos, características, personalidades, etc. 

Isto faz com que, muitos praticantes, quando estão a iniciar as suas práticas acabam por utilizar diversos Deuses para certos rituais e feitiços. Ou seja acabam por usar os Deuses como se eles fossem frascos numa prateleira. Para feitiços de amor chamam Afrodite, para feitiços de sabedoria chamam Atena e por aí fora, dependendo da sua necessidade, chamando pela divindade única e exclusivamente para aquele trabalho, descartando todas as outras suas características e até o respeito pela própria divindade em si. 

Ao trabalharmos com uma divindade a longo prazo, seja a nível de um Sacerdócio ou até a nível meramente devocional, estamos a estabelecer uma relação com aquela divindade e essa relação vai além das suas características. Ou seja, Hekate pode ser uma Deusa ligada à Magia, aos Caminhos, às Encruzilhadas e aos Portões (entre outros) e não ter qualquer relação com o campo amoroso ou com o campo das relações amorosas. Contudo, como devota de Hekate, nada me impede de recorrer à divindade com a qual tenho uma melhor e maior ligação para pedir auxílio no campo amoroso. Os Deuses não podem ser limitados pelas suas características nem devem ser vistos como apenas ferramentas para um determinado propósito. Não só estabelece uma péssima relação com as divindades mas também uma falta de respeito para com os mesmos. 

Vejamos neste prisma: Temos um amigo que é informático. Mas ele é nosso amigo, certo? Não recorremos a ele apenas para questões de informática. Não colocamos os nossos amigos ou familiares em caixas dependendo das suas habilidades ou profissões de forma a que possamos recorrer aos mesmos dependendo do que necessitamos. Claro que podemos pedir ajuda aos mesmos, mas não vamos apenas chegar ao pé deles, sem estabelecer qualquer tipo de relação ou amizade, e pedir coisas pois não? Se temos um primo que é médico mas com quem não falamos à anos (ou até, com quem nunca falámos) não vamos correr ter com esse primo à mínima dor no joelho pedir ajuda e depois desaparecer sem voltar a referir palavra, certo? O mesmo ocorre com os Deuses. 

Não podemos correr as divindades como se fossem Deuses de Prateleira, apenas recursos a ser utilizados e descartados quando já não há necessidade dos mesmos. Devemos vê-los como entidades e divindades inteiras, com as suas características, personalidades, correspondências, mitos e história e respeitá-los. honrá-los e trabalhar ou dedicar àqueles com os quais nos sentimos mais ligados e realizar trabalho com essas divindades. Não significa, é claro, que para coisas específicas não possamos pedir ajuda a divindades com as quais não temos uma relação tão frequente. Nada disso! É claro que podemos alargar os nossos horizontes para outras divindades fora do nosso círculo pessoal, contudo, devemos fazê-lo com respeito e conhecimento e não apenas como quem vai buscar as especiarias ao armário e volta a colocar no sítio, esquecendo-se que elas existem. 

E vocês? Qual a vossa opinião? 

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

E, tal como deve ser, a Deusa que irá ser a segunda desta série de artigos será uma das Deusas à qual me dedico e me consagrei, a Senhora Persephone. 


***

Nome: Persephone. Περσεφονη em grego. Enquanto Deusa da Primavera, junto de sua mãe Démeter, era denominada de Kore (Donzela) mas após a sua união com Hades, no Submundo, assumiu o nome de Persephone. A origem do nome é desconhecida, porém, é habitualmente associada ao significado de "Destruição". 

Panteão: Grego


História e Mitologia: A Deusa Persephone (ou Kore, como era conhecida antes do seu matrimónio com Hades) é filha de dois Deuses Olímpicos, a Deusa Démeter e o Deus Zeus. Era denominada de Kore dado a sua ligação à Natureza e à beleza e riqueza dos campos floridos. Filha de Demeter, Deusa das Colheitas e da Agricultura, a mesma passava os seus dias em campos floridos a brincar e passear com ninfas e outras Deusas virgens até que, um dia, foi raptada pelo Deus Hades e levada para o Submundo, com autorização do seu pai Zeus mas com total desconhecimento da sua mãe Demeter. A sua mãe, Deusa das Colheitas, aflita com o desaparecimento da filha decidi começar a percorrer o Mundo em sua procura, pedindo ajuda à Deusa Hekate que com as suas tochas, iluminou o caminho de Démeter. Quando soube, graças à ajuda de Hekate e Helios, que a sua filha tinha sido raptada pelo Senhor do Submundo, foi até Zeus e exigiu a filha de volta, ameaçando deixar o Mundo num eterno inverno e sem permitir que os frutos e as plantas florescessem. Confrontado com esta situação, Zeus viu-se obrigado a enviar Hermes até ao Submundo e pedir para Hades devolver a sua amada de volta a Demeter. Porém Persephone já tinha comido sementes de romã no Submundo (é ambíguo se as mesmas foram comidas de livre vontade ou oferecidas por Hades) e, como tal, estava eternamente ligada ao mundo dos Mortos. Ao chegar ao Olimpo e quando os Deuses constaram a sua ligação eterna a Hades, ficou decidido por Zeus que a Deusa Persephone teria de passar uma parte do ano com a sua mãe Demeter e outra parte do ano com o seu esposo, no Submundo. Este mito veio dar origem à explicação da passagem das estações, com o Inverno sendo quando a filha de Demeter está junto ao seu esposo e a Primavera quando a mesma está perto de sua mãe. Noutros mitos, Persephone surge também junto a Hades, já no Submundo, como sendo a Rainha e Senhora da Terra dos Mortos, sendo que foi a pedido da mesma que os Campos Elísios foram criados, para receber os heróis gregos no pós-vida. 

Celebrações: Uma das principais celebrações em honra a Persephone são os Mistérios de Elêusis, celebrados em dois momentos distintos (os Mistérios Menores e os Mistérios Maiores). Eram celebrados na zona de Eleusis na Grécia Antiga e são das celebrações mais bem guardadas da História, sendo que até hoje são poucos os registos que temos desta prática. Sabemos que os mesmos eram realizados em torno do Mito do Rapto de Persephone e que tinham como foco a agricultura e os ritmos da Natureza. Adicionalmente temos também a celebração da Thesmophoria que era um festival organizado em honra a Démeter e Persephone onde apenas eram permitidas mulheres adultas e cujas práticas eram igualmente secretas. Estaria associada à colheita e tinha lugar anualmente perto da altura do Outono. Existem mais celebrações locais espalhadas pela Grécia e que até acabaram por se prolongar até ao período Romano e podem ser consultas em documentos históricos, no Theoi, entre outros.

Geneologia: Persephone é filha da Deusa Démeter e do Deus Zeus. É filha única e muito protegida por Deméter. É casada com Hades, Senhor do Submundo, e, em alguns mitos, é considerada mãe de Zagreus (com Zeus ou com Hades). Nos Hinos Órficos é também referida como sendo mãe de Melinoe (com Zeus) e das Erínias (com Hades). 

Epítetos: Chthonia ("Ctónica", "da Terra"), Despoina ("Senhora"), Kore (Donzela), Soteira ("A Salvadora"), Brimo ("Assustadora"/"A Zangada"), Enodia ("Dos Caminhos", "Das Encruzilhadas"), entre outros. 

Símbolos: Romã, Cavernas, Morcegos, Tocha Eleusina, Trigo, Narciso, Menta, Asfódelo, símbolos primaveris e flores, entre outros.  

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Persephone (website)
  • Homeric Hymn to Demeter
  • Callipe Sings of Ceres, Pluto and Proserpine
  • Fontes Adicionais
* Os links fornecidos pertencem a 'Affiliates Programs' e geram uma pequena taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador.

Hoje vamos começar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

E, como é claro, a Deusa que irá dar abertura a este série de artigos será a Deusa à qual me dedico e honro à tantos anos, a Senhora Hekate. 

***

Nome: Hekate ou Hecate. Ἑκάτη em grego. Existem diversos significados atribuídos ao seu nome (não temos certeza de nenhum deles) sendo que alguns são "aquela que trabalha de longe/distante" ou "aquela que trabalha de sua vontade". 

Panteão: Grego, porém a sua origem antecede o surgimento do panteão grego como o conhecemos. A sua origem é, frequentemente, atribuída à Anatólia, onde ainda hoje existe um templo a sua honra, perto da actual cidade de Lagina na Turquia. 

História e Mitologia:
A origem do culto a Hekate é um tema bastante debatido, sendo que não temos forma concreta de traçar a sua origem a uma cultura específica. Frequentemente a sua origem é atribuída à Anatólia, sendo que, mais tarde, temos os registos da sua presença no panteão grego, começando com a Teogonia de Hesíodo, onde Hekate nos é apresentada como uma Titã, filha de Asteria e de Perses, respeitada por Zeus e por todos os Deuses Olímpicos. Hekate tem, segundo Hesíodo, domínio sobre os três reinos (Céu, Terra e Oceano), um papel de destaque para uma Deusa Titã.

"(...) Asterie conceived and bore Hekate, whom above all
Zeus Kronides honored. He granted her glorious gifts and
to have a portion of the Gaia and unplowed sea.
She has a portion also of the starry Ouranos as her province.
She is especially honored among the immortals gods (...)"
- Theogony, Hesiod (link abaixo)

Para saber detalhadamente mais aprofundamente sobre a história de Hekate eu recomendo vivamente o livro "Circle for Hekate: Volume I – History and Mythology" de Sorita d’Este (link abaixo) em que a autora nos fala sobre a história e a mitologia desta Deusa, de forma muito detalhada, clara e com todas as origens e fontes. É um trabalho fantástico e que brevemente irei analisar aqui no blogue. 

Hekate é uma Deusa com variadíssimas características e responsabilidades que lhe são atribuídas: É uma Deusa associada à Magia, à Bruxaria, à Noite, à Lua, a Fantasmas, à Necromancia, aos Caminhos, ao Oceano, às Tochas, às Encruzilhadas, aos Portões, ao Hades (submundo grego) e, claro, a um dos mais famosos mitos da Antiguidade Grega: A Descida de Perséphone ao Submundo. 

O mito de Persephone, contado no Hino Homérico a Deméter, é o mito grego que explica a passagem das estações do ano, atribuíndo-as à descida de Persephone ao Submundo, após ser levada pelo Deus Hades e tornada Rainha do Submundo. Neste mito, Hekate com as suas tochas ajuda Deméter em busca de Persephone e, após a decisão de Zeus que define o tempo que Persephone deverá passar com a sua mãe Deméter e com o seu esposo Hades, Hekate torna-se companheira de Persephone, acompanhando-a na sua viagem sazonal. Hekate desempenha também, claro, um papel relevante nos Mistérios de Elêusis, que estão intimamente ligados a este mito. 

Hekate é, ao contrário da ideia popular, uma Deusa tradicionalmente representada como sendo Deusa Virgem (à semelhança de Artémis). Recomendo ler, em inglês, um pequeno texto sobre o assunto entitulado: "Hekate’s Profanation: Maiden, Mother or Crone Goddess" do site do Covenant of Hekate. Sendo que, frequentemente, ela é identificada e até "misturada" com outras divindades como Selene e Artémis, recordando-nos da sua ligação lunar. 

A Deusa Hekate é uma divindade complexa e, como tal, recomendo vivamente um aprofundamento do estudo acerca Dela, se assim desejarem (recursos no fundo do artigo). 

Celebrações: Uma das práticas antigas de celebração a Hekate era o Deipnon, realizado no primeiro dia do ciclo lunar (Lua Nova), em que era realizada uma limpeza nas casas gregas e uma oferenda a Deusa Hekate, colocada numa encruzilhada. Recomendo vivamente o artigo "Observing Hekates Deipnon" para aprofundar o conhecimento sobre esta celebração. A nível de práticas modernas temos três celebrações a assinalar: Os Ritos dos Fogos Sagrados de Hekate (Na Lua Cheia de Maio, organizado pelo Covenant of Hekate), o Dia de Hekate (celebrado a 13 de Agosto), Noite de Hekate (celebrada a 16 de Novembro). Podem clicar nas respectivas celebrações para informações mais detalhadas sobre as mesmas. Adicionalmente recomendo o artigo "30 Days of Hekate: 11 – Festivals and Sacred Days" para conhecer um pouco mais sobre celebrações relacionadas com Hekate. 

Geneologia: Existem várias genealogias atribuídas a Hekate sendo que a mais comum é a que os seus pais são os titãs Perses e Asteria. Quanto a filhos, Hekate é habitualmente referida como uma Deusa Virgem (à semelhança de Artémis) e não teve filhos. Porém existem referências de Circe e Medeia serem suas filhas, em alguns mitos.

Epítetos: Brimo ("Assustadora"/"A Zangada"), Chthonia ("Ctónica", "da Terra") Despoina ("Senhora"), Einalian ("Do Mar"), Enodia ("Dos Caminhos", "Das Encruzilhadas"),  Kleidouchos ("Portadora das Chaves"), Nychia/Nykhia ("Nocturna", "Senhora da Noite"), Ourania ("Dos Céus", "Celestial"), Phosphoros ("A Portadora da Luz"), Potnia Theron ("Senhora dos Animais", "Senhora dos Animais Selvagens"), Soteira ("A Salvadora"), Trioditis ("A dos Três Caminhos"), entre outros. 

Símbolos: Encruzilhadas, Tochas, Chaves, Portões/Portas, Lua, Cães, Leões, Bois, Cavalos, Lua, Acónito, Mandrágora, Bronze, entre outros.  

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Hekate (website)
  • Covenant of Hekate (website)
  • "Teogonia" de Hesiodo (Amazon)
  • "Hekate Liminal Rites" de Sorita D’Este e David Rankine  (Wook | Amazon)
  • "Circle for Hekate: Volume I – History and Mythology" de Sorita ’Este (Amazon)
  • "Hekate Soteira" de Sarah Iles Johnston  (Wook | Amazon)
  • Antologia "Hekate: Her Sacred Fires" Vários autores e editado por Sorita d’Este  (Wook | Amazon)
  • "Keeping Her Keys: An Introduction to Hekate's Modern Witchcraft" de Cyndi Brannen  (Wook | Amazon)
* Os links fornecidos pertencem a 'Affiliates Programs' e geram uma pequena taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador.
Mais Antigos

Apoia o Sob o Luar!

Apoia-nos no Ko-fi!

Temas

  • Análises Literárias (24)
  • Autores Convidados (2)
  • Bruxaria (37)
  • Celebrações (22)
  • Comunicados (3)
  • Comunidades (20)
  • Conceitos (31)
  • Cristais (5)
  • Divindades (17)
  • Druidismo (1)
  • Entrevistas (2)
  • Eventos (3)
  • Helenismo (13)
  • Iniciantes (33)
  • Instrumentos (1)
  • Kemetismo (1)
  • Locais (1)
  • Magia (21)
  • Métodos Divinatórios (41)
  • Organizações (5)
  • Paganismo (73)
  • Quotidiano (13)
  • Reconstrucionismo (2)
  • Rituais (3)
  • Textos Mágicos (3)
  • Wicca (26)

Recomendações

 
 
 

Arquivos

  • ▼ 2025 (1)
    • agosto (1)
  • ► 2024 (3)
    • março (1)
    • janeiro (2)
  • ► 2023 (11)
    • dezembro (2)
    • novembro (3)
    • outubro (2)
    • setembro (1)
    • abril (1)
    • janeiro (2)
  • ► 2022 (26)
    • dezembro (2)
    • novembro (2)
    • outubro (2)
    • setembro (2)
    • agosto (2)
    • julho (2)
    • maio (2)
    • abril (3)
    • março (3)
    • fevereiro (2)
    • janeiro (4)
  • ► 2021 (40)
    • dezembro (4)
    • novembro (4)
    • outubro (4)
    • setembro (5)
    • agosto (2)
    • julho (4)
    • junho (4)
    • maio (3)
    • abril (5)
    • março (4)
    • janeiro (1)
  • ► 2020 (25)
    • dezembro (3)
    • novembro (2)
    • outubro (3)
    • setembro (3)
    • agosto (3)
    • julho (4)
    • abril (2)
    • março (3)
    • fevereiro (1)
    • janeiro (1)
  • ► 2019 (24)
    • dezembro (2)
    • novembro (3)
    • outubro (1)
    • agosto (2)
    • julho (1)
    • junho (3)
    • maio (4)
    • abril (3)
    • março (3)
    • fevereiro (1)
    • janeiro (1)
  • ► 2018 (14)
    • novembro (2)
    • outubro (1)
    • setembro (1)
    • agosto (1)
    • julho (2)
    • maio (2)
    • abril (3)
    • março (1)
    • janeiro (1)
  • ► 2017 (26)
    • dezembro (1)
    • novembro (3)
    • setembro (3)
    • junho (1)
    • maio (6)
    • abril (3)
    • março (4)
    • fevereiro (3)
    • janeiro (2)
  • ► 2016 (17)
    • dezembro (3)
    • novembro (2)
    • outubro (2)
    • setembro (2)
    • agosto (2)
    • julho (1)
    • junho (4)
    • maio (1)

Template por BeautyTemplates | Política de Privacidade

Este trabalho é dedicado às Senhoras Ἑκάτη (Hekate) e Περσεφόνη (Persephone)

Sob o Luar by Alexia Moon/Mónica Ferreira is licensed under CC BY-NC-ND 4.0