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Unsplash (Marc Schaefer) |
Hoje iremos falar de um tema bastante popular e de que quase toda a gente já falou e lidou ao longo da sua vida, inclusive quem não segue nem Paganismo nem Bruxaria: Os Sonhos.
A interpretação de sonhos é algo antigo e já remonta ao tempo da sociedade egípcia e da sociedade grega em que os sonhos eram formas de contactar com os Deuses e com o divino, meios para receber mensagens das divindades. Em muitos contos da Antiguidade temos registos de pessoas que receberam mensagens dos Deuses através dos sonhos ou premonições do que iria acontecer no futuro. Os sonhos sempre tiveram um impacto no Homem, como sendo uma janela para o desconhecido, para o que está escondido dentro da própria existência humana.
Hoje em dia os sonhos são muito analisados na psicologia, principalmente na psicanálise, fundada por Sigmund Freud (autor do livro "The Interpretation of Dreams" um dos principais livros sobre a análise dos sonhos). Segundo Freud os sonhos são uma forma do subconsciente humano representar os desejos e lidar com as situações do quotidiano. Basicamente são a forma do nosso corpo processar diversas situações da nossa vida enquanto dormimos. Porém os sonhos funcionam a nível do nosso subconsciente, ou melhor, são originários de lá. E, segundo Freud, o conteúdo do nosso subconsciente é muito "cru" e até perturbador para que a nossa mente consciente e racional o consiga processar. Assim sendo, segundo o autor, a nossa mente possui um filtro através do qual as mensagens do subconsciente passam para o consciente. E, de forma a que as mensagens passem por esse filtro, os sonhos são constituídos por símbolos das coisas que acontecem no nosso dia a dia. Por exemplo podemos sonhar com umas escadas em direção ao último andar de um prédio que estamos a subir e isso não significar realmente o subir escadas mas sim o subir na hierarquia no trabalho através de uma promoção. Isto porque o nosso cérebro processou o desejo de ser promovido como uma subida, logo, subir umas escadas para atingir um patamar mais alto.
Freud referia-se aos sonhos como "The Royal Road to the Unconscious" ou seja "A Estrada Real para o Inconsciente". O autor indicada também a existência de três tipos de sonhos:
- Profecias que surgiram diretamente nos sonhos;
- Previsões de eventos futuros;
- Os sonhos simbólicos (abordados anteriormente);
Existem então diversos tipos de sonhos. Para este artigo iremos focar-nos principalmente no terceiro tipo, ou seja, os sonhos quotidianos e simbólicos. Para os dois primeiros tipos costumo recomendar o uso de método oraculares (como Tarot, Runas, etc.) para análise mais detalhe dos mesmos.
Então, com base no indicado por Freud conseguimos entender - e quem já tiver analisado os próprios sonhos irá constatar isso - que realmente a mente humana e o nosso subconsciente funcionam por símbolos. Graças a essa característica dos nossos sonhos, existem livros e websites criados com listas do que pode existir nos sonhos e ao que isso corresponde. Esse tipo de fontes levou a uma banalização dos sonhos como apenas um catálogo de objetos que são juntos e analisados e, na minha opinião e de muitos outros pagãos que se dedicam à análise dos próprios sonhos, esse não é o melhor método para abordar esta temática. Estas listas podem servir de auxílio sim mas nunca de verdade absoluta.
Os sonhos, tal como os sentimentos e os pensamentos, são individuais de cada pessoa. Eu posso afirmar que as aranhas são um sinal de dinheiro mas, garantidamente, alguém que sofra de aracnofobia não irá gostar nada de sonhar com aranhas. Os sonhos são pessoais e individuais e devem ser analisados como tal e dependendo de cada pessoa.
Um dos melhores métodos para análise de sonhos é o “Diário de Sonhos”. Arranje um caderno e tenha o sempre junto à sua cama junto com um lápis e, assim que acordar, escreva tudo o que se lembre (se organização for um dos seus pontos fortes e não gostar de ver tudo escrito à pressa pode escrever a lápis e, posteriormente, escrever com caneta por cima já devidamente organizado). Mantenha o registo todos os dias, os dias em que sonhou e se lembra do que sonhou (e o que sonhou), dias em que sonhou mas não se recorda, dias em que não sonhou, etc. A partir deste registo começará a notar alguns padrões e semelhanças. E, a partir destes padrões, poderá iniciar a análise. Claro que poderá recorrer às listas indicadas como auxílio mas não dependa delas a 100% já que os seus sonhos é a forma do seu subconsciente comunicar e, como tal, ele tem a sua linguagem própria. Use as listas como um auxílio e não como regra.
Quanto mais tempo analisar os seus sonhos a sua técnica vai melhorar e tornar-se-á melhor nas suas análises e no que realmente as coisas significam. Poderá também, graças ao anotar os sonhos, começar a reparar na existência de certos eventos após determinados sonhos. Ou determinadas semelhanças da sua vida pessoal com o que sonha. E assim, com essas parecenças, irá estabelecer a ponte entre a sua mente consciente e o inconsciente.
Por fim, um último conselho: Evite pedir opinião a terceiros. Isto porque só você pode saber o que o seu sonho significa, afinal de contas, é o SEU subconsciente a falar. Pode claro pedir uma opinião a um amigo próximo mas não tome a opinião do seu amigo como regra pois a forma como ele analisa os sonhos e os símbolos poderá não ser igual à forma como o seu subconsciente os vê. Para mim as aranhas têm um significado e para a minha mãe, por exemplo, têm outro significado completamente diferente. Se eu for perguntar a uma amiga minha, terá outro significado e por aí adiante. Ao analisar o meu sonho o mais importante é o significado que o objecto sonhado tem para mim.
A interpretação de sonhos é algo fascinante e para além de permitir um melhor conhecimento do nosso subconsciente e das mensagens que este nos envia é também uma forma de autoconhecimento. Para além disso ao manter um registo dos sonhos e compará-los com o que realmente acontece na nossa vida em paralelo com o que sonhamos permite-nos entender melhor o funcionamento da nossa própria vida e saber o que devemos mudar para atingir a nossa felicidade e o nosso caminho.
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