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Sob o Luar


Hoje vamos começar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

E, como é claro, a Deusa que irá dar abertura a este série de artigos será a Deusa à qual me dedico e honro à tantos anos, a Senhora Hekate. 

***

Nome: Hekate ou Hecate. Ἑκάτη em grego. Existem diversos significados atribuídos ao seu nome (não temos certeza de nenhum deles) sendo que alguns são "aquela que trabalha de longe/distante" ou "aquela que trabalha de sua vontade". 

Panteão: Grego, porém a sua origem antecede o surgimento do panteão grego como o conhecemos. A sua origem é, frequentemente, atribuída à Anatólia, onde ainda hoje existe um templo a sua honra, perto da actual cidade de Lagina na Turquia. 

História e Mitologia:
A origem do culto a Hekate é um tema bastante debatido, sendo que não temos forma concreta de traçar a sua origem a uma cultura específica. Frequentemente a sua origem é atribuída à Anatólia, sendo que, mais tarde, temos os registos da sua presença no panteão grego, começando com a Teogonia de Hesíodo, onde Hekate nos é apresentada como uma Titã, filha de Asteria e de Perses, respeitada por Zeus e por todos os Deuses Olímpicos. Hekate tem, segundo Hesíodo, domínio sobre os três reinos (Céu, Terra e Oceano), um papel de destaque para uma Deusa Titã.

"(...) Asterie conceived and bore Hekate, whom above all
Zeus Kronides honored. He granted her glorious gifts and
to have a portion of the Gaia and unplowed sea.
She has a portion also of the starry Ouranos as her province.
She is especially honored among the immortals gods (...)"
- Theogony, Hesiod (link abaixo)

Para saber detalhadamente mais aprofundamente sobre a história de Hekate eu recomendo vivamente o livro "Circle for Hekate: Volume I – History and Mythology" de Sorita d’Este (link abaixo) em que a autora nos fala sobre a história e a mitologia desta Deusa, de forma muito detalhada, clara e com todas as origens e fontes. É um trabalho fantástico e que brevemente irei analisar aqui no blogue. 

Hekate é uma Deusa com variadíssimas características e responsabilidades que lhe são atribuídas: É uma Deusa associada à Magia, à Bruxaria, à Noite, à Lua, a Fantasmas, à Necromancia, aos Caminhos, ao Oceano, às Tochas, às Encruzilhadas, aos Portões, ao Hades (submundo grego) e, claro, a um dos mais famosos mitos da Antiguidade Grega: A Descida de Perséphone ao Submundo. 

O mito de Persephone, contado no Hino Homérico a Deméter, é o mito grego que explica a passagem das estações do ano, atribuíndo-as à descida de Persephone ao Submundo, após ser levada pelo Deus Hades e tornada Rainha do Submundo. Neste mito, Hekate com as suas tochas ajuda Deméter em busca de Persephone e, após a decisão de Zeus que define o tempo que Persephone deverá passar com a sua mãe Deméter e com o seu esposo Hades, Hekate torna-se companheira de Persephone, acompanhando-a na sua viagem sazonal. Hekate desempenha também, claro, um papel relevante nos Mistérios de Elêusis, que estão intimamente ligados a este mito. 

Hekate é, ao contrário da ideia popular, uma Deusa tradicionalmente representada como sendo Deusa Virgem (à semelhança de Artémis). Recomendo ler, em inglês, um pequeno texto sobre o assunto entitulado: "Hekate’s Profanation: Maiden, Mother or Crone Goddess" do site do Covenant of Hekate. Sendo que, frequentemente, ela é identificada e até "misturada" com outras divindades como Selene e Artémis, recordando-nos da sua ligação lunar. 

A Deusa Hekate é uma divindade complexa e, como tal, recomendo vivamente um aprofundamento do estudo acerca Dela, se assim desejarem (recursos no fundo do artigo). 

Celebrações: Uma das práticas antigas de celebração a Hekate era o Deipnon, realizado no primeiro dia do ciclo lunar (Lua Nova), em que era realizada uma limpeza nas casas gregas e uma oferenda a Deusa Hekate, colocada numa encruzilhada. Recomendo vivamente o artigo "Observing Hekates Deipnon" para aprofundar o conhecimento sobre esta celebração. A nível de práticas modernas temos três celebrações a assinalar: Os Ritos dos Fogos Sagrados de Hekate (Na Lua Cheia de Maio, organizado pelo Covenant of Hekate), o Dia de Hekate (celebrado a 13 de Agosto), Noite de Hekate (celebrada a 16 de Novembro). Podem clicar nas respectivas celebrações para informações mais detalhadas sobre as mesmas. Adicionalmente recomendo o artigo "30 Days of Hekate: 11 – Festivals and Sacred Days" para conhecer um pouco mais sobre celebrações relacionadas com Hekate. 

Geneologia: Existem várias genealogias atribuídas a Hekate sendo que a mais comum é a que os seus pais são os titãs Perses e Asteria. Quanto a filhos, Hekate é habitualmente referida como uma Deusa Virgem (à semelhança de Artémis) e não teve filhos. Porém existem referências de Circe e Medeia serem suas filhas, em alguns mitos.

Epítetos: Brimo ("Assustadora"/"A Zangada"), Chthonia ("Ctónica", "da Terra") Despoina ("Senhora"), Einalian ("Do Mar"), Enodia ("Dos Caminhos", "Das Encruzilhadas"),  Kleidouchos ("Portadora das Chaves"), Nychia/Nykhia ("Nocturna", "Senhora da Noite"), Ourania ("Dos Céus", "Celestial"), Phosphoros ("A Portadora da Luz"), Potnia Theron ("Senhora dos Animais", "Senhora dos Animais Selvagens"), Soteira ("A Salvadora"), Trioditis ("A dos Três Caminhos"), entre outros. 

Símbolos: Encruzilhadas, Tochas, Chaves, Portões/Portas, Lua, Cães, Leões, Bois, Cavalos, Lua, Acónito, Mandrágora, Bronze, entre outros.  

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Hekate (website)
  • Covenant of Hekate (website)
  • "Teogonia" de Hesiodo (Amazon)
  • "Hekate Liminal Rites" de Sorita D’Este e David Rankine  (Wook | Amazon)
  • "Circle for Hekate: Volume I – History and Mythology" de Sorita ’Este (Amazon)
  • "Hekate Soteira" de Sarah Iles Johnston  (Wook | Amazon)
  • Antologia "Hekate: Her Sacred Fires" Vários autores e editado por Sorita d’Este  (Wook | Amazon)
  • "Keeping Her Keys: An Introduction to Hekate's Modern Witchcraft" de Cyndi Brannen  (Wook | Amazon)
* Os links fornecidos pertencem a 'Affiliates Programs' e geram uma pequena taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador.
XI - A Justiça

Nome do Arcano: A Justiça
Número: XI
Descrição: No baralho de Rider-Waite a carta da Justiça é representada por uma pessoa sentada com um veu púrpura atrás da sua cadeira, estando colocada entre dois pilares. Na sua mão direita tem uma espada que aponta para cima e, na mão esquerda, tem uma balança. Esta pessoa tem uma coroa na cabeça e, do seu vestido vermelho, vemos um pouco de um sapato branco. *
Símbologia: Na Justiça temos uma pessoa sentada entre dois pilares, à semelhança da Alta Sacerdotisa e do Hierofante, simbolizando o equilíbrio e a estrutura. O véu roxo que está pendurado atrás de si representa a compaixão. Na sua mão direita tem uma espada que representa o lado lógico e ordenado do pensamento necessário para a justiça, com a sua lâmina dupla que nos recorda que todas as acções têm consequências e, a sua posição, leva-nos a entender que a decisão da Justiça é final. Já a balança na mão esquerda está como representação de que a intuição deve ajudar-nos a equilibrar a lógica e o que temos ao nosso dispor, recordando-nos da necessidade da imparcialidade. A nível da sua roupa, a coroa da Justiça representa os seus pensamentos organizados sendo que o pequeno sapato que sai do seu vestido branco é um símbolo de que não devemos esquecer do impacto espiritual que as nossas escolhas têm e que as suas consequências nos dão.

Significado:

  • Posição Normal
Na sua posição original a carta da Justiça representa a equidade, a justiça, a verdade e a lei. Existe uma chamada de responsabilidade e de prestar contas pelas nossas acções e ver se as mesmas estão alinhadas com os nossos objetivos e com aquilo pelo que lutamos e, caso não estejam, teremos de lidar com as consequências das nossas acções. Se procuramos justiça (por exemplo a nível legal, com alguma situação em tribunal), esta carta pode representar que esse processo está a chegar ao fim e será tomada uma decisão e que, à semelhança da simbologia da espadada  Justiça, a mesma será final e deveremos saber lidar com isso. A nível de reflexão a Justiça recorda-nos da necessidade de avaliar a nossa vida e o nosso caminho, podendo surgir em leituras em que é necessário tomar decisões. Esta carta lembra-nos que às vezes temos de parar e refletir, de nos desconectar do momento e conseguir ver a situação de forma imparcial, de forma a tomar a decisão necessária, tendo conhecimento das consequências das nossas acções. A Justiça é, no seu núcleo, uma procura pela verdade e pelo caminho certo, ajudando-nos a refletir nas decisões da nossa vida e a escolher qual o caminho a seguir e a decisão a tomar.

  • Posição Invertida (esta posição é opcional)
Na sua posição invertida a carta da da Justiça alerta-nos para as más decisões que possamos ter tomado e que algumas das nossas acções podem estar a ir contra o que conseguimos ser "certo" para nós próprios. Esta carta aconselha-nos a rever as nossas decisões e formas de encarar o Mundo e recorda-nos que temos de lidar as consequências do que fazemos. Porém a Justiça recorda-nos também que não devemos ser demasiado duros connosco mesmos e que devemos ter imparcialidade quando analisamos as nossas acções e decisões e nunca esquecer que a compaixão é uma característica inseparável da justiça. Pode também, em certas alturas, representar dificuldades em processos legais sendo que nos alerta para a necessidade de reforçar o nosso caso e de estar preparados para eventualidades que possam afectar negativamente o nosso processo. 

* A representação dos Arcanos varia de Baralho para Baralho, a descrição apresentada é com base no Baralho Rider Waite. 
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Este trabalho é dedicado às Senhoras Ἑκάτη (Hekate) e Περσεφόνη (Persephone)

Sob o Luar by Alexia Moon/Mónica Ferreira is licensed under CC BY-NC-ND 4.0