Deuses de Prateleira
Unsplash (Heather Mckean) |
O tópico de hoje é inspirado num vídeo da TCS sobre "Deuses de Prateleira", um tema que adquiri após ouvir eles falar e ver o vídeo deles em 2015 e que tem vindo a fazer parte do meu vocabulário e que acho importante refrescar a memória sobre ele. Aconselho também a verem o vídeo deles e os restantes vídeos que fazem parte do canal, porque são excelentes recursos.
O que são, então, Deuses de Prateleira? O nome de Deuses de Prateleira vem do facto de que muitos praticantes, principalmente quem está a começar no caminho, tem tendência a ver os Deuses como ferramentas para determinados objetivos e a colocar os mesmos dentro de caixinhas como "Deusa do Amor", Deus da Guerra", Deusa do Casamento", "Deusa da Vida Selvagem", etc. Esta simplificação das divindades leva a que os mesmos sejam vistos apenas como meras ferramentas e não como divindades inteiras com mitos, características, personalidades, etc.
Isto faz com que, muitos praticantes, quando estão a iniciar as suas práticas acabam por utilizar diversos Deuses para certos rituais e feitiços. Ou seja acabam por usar os Deuses como se eles fossem frascos numa prateleira. Para feitiços de amor chamam Afrodite, para feitiços de sabedoria chamam Atena e por aí fora, dependendo da sua necessidade, chamando pela divindade única e exclusivamente para aquele trabalho, descartando todas as outras suas características e até o respeito pela própria divindade em si.
Ao trabalharmos com uma divindade a longo prazo, seja a nível de um Sacerdócio ou até a nível meramente devocional, estamos a estabelecer uma relação com aquela divindade e essa relação vai além das suas características. Ou seja, Hekate pode ser uma Deusa ligada à Magia, aos Caminhos, às Encruzilhadas e aos Portões (entre outros) e não ter qualquer relação com o campo amoroso ou com o campo das relações amorosas. Contudo, como devota de Hekate, nada me impede de recorrer à divindade com a qual tenho uma melhor e maior ligação para pedir auxílio no campo amoroso. Os Deuses não podem ser limitados pelas suas características nem devem ser vistos como apenas ferramentas para um determinado propósito. Não só estabelece uma péssima relação com as divindades mas também uma falta de respeito para com os mesmos.
Vejamos neste prisma: Temos um amigo que é informático. Mas ele é nosso amigo, certo? Não recorremos a ele apenas para questões de informática. Não colocamos os nossos amigos ou familiares em caixas dependendo das suas habilidades ou profissões de forma a que possamos recorrer aos mesmos dependendo do que necessitamos. Claro que podemos pedir ajuda aos mesmos, mas não vamos apenas chegar ao pé deles, sem estabelecer qualquer tipo de relação ou amizade, e pedir coisas pois não? Se temos um primo que é médico mas com quem não falamos à anos (ou até, com quem nunca falámos) não vamos correr ter com esse primo à mínima dor no joelho pedir ajuda e depois desaparecer sem voltar a referir palavra, certo? O mesmo ocorre com os Deuses.
Não podemos correr as divindades como se fossem Deuses de Prateleira, apenas recursos a ser utilizados e descartados quando já não há necessidade dos mesmos. Devemos vê-los como entidades e divindades inteiras, com as suas características, personalidades, correspondências, mitos e história e respeitá-los. honrá-los e trabalhar ou dedicar àqueles com os quais nos sentimos mais ligados e realizar trabalho com essas divindades. Não significa, é claro, que para coisas específicas não possamos pedir ajuda a divindades com as quais não temos uma relação tão frequente. Nada disso! É claro que podemos alargar os nossos horizontes para outras divindades fora do nosso círculo pessoal, contudo, devemos fazê-lo com respeito e conhecimento e não apenas como quem vai buscar as especiarias ao armário e volta a colocar no sítio, esquecendo-se que elas existem.
E vocês? Qual a vossa opinião?
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