Tendas Vermelhas e o Sagrado Feminino

por - dezembro 17, 2020

Unsplash (Ava Sol)
Este artigo é uma nova versão de um artigo nosso postado em 2017 sobre as Tendas Vermelhas. Achei que estava na altura de darmos uma actualização a esse artigo e cá estamos nós. Hoje vamos falar sobre as Tendas Vermelhas, Círculos de Mulheres e o Sagrado Feminino. 

Começando pelas Tendas Vermelhas, este é um conceito antigo, apesar de nem sempre ter tido este nome, em que as mulheres das tribos se reuniam durante a sua menstruação e se recolhiam em si mesmas, partilhando conhecimentos, experiências e ensinamentos. Hoje em dia a tradição de dedicar atenção e cuidado à nossa menstruação é algo do passado. As vidas atarefadas da cidade, os empregos, as tarefas e até as redes sociais e a necessidade de estar sempre contactável e em movimento afastam-nos dos momentos intímos e reclusão interior. Existem várias mulheres, em todo o Mundo, a impulsionar este movimento tal como DeAnna L’am e ALisa Starkweather. Estas Tendas Vermelhas são encontros entre mulheres com o objectivo de ajudar a estabelecer uma comunidade de mulheres, como irmãs, e também com o objectivo de ajudar cada mulher, individualmente, a desenvolver-se a si mesma, a aprender sobre os seus ciclos e aprender a conviver com eles. O que acontece em cada reunião da Tenda Vermelha depende não só da organização mas também dos membros, do momento em que é realizada, do local onde é realizada e de imensos factores. Nenhuma reunião é igual a outra e são todas únicas. xistem Tendas Vermelhas em todo o mundo, aliás, a DeAnna L'am tem o projecto "Uma Tenda Vermelha em Cada Bairro" com o objectivo de que as Tendas Vermelhas cheguem a todos os bairros e todas mulheres do Mundo. No site indicado podem consultar quais as Tendas que existem perto de onde moram e como funcionam.

Para além das Tendas Vermelhas temos também os Círculos de Mulheres. Estes círculos são mais livres na sua organização mas são semelhantes ao conceito da Tenda Vermelha em que o objetivo é a união e reunião de um grupo de mulheres com o objetivo de trabalharem nelas próprias e na irmandade que é ali estabelecida. Contudo, os Círculos de Mulheres acabam por existir mais dentro de comunidades pagãs ou de bruxaria, no sentido em que são grupos de mulheres que se reunem para trabalhar a sua espiritualidade, trabalhar o Sagrado Feminino e trabalhar com o seu "eu interior", numa irmandade onde até podem ser realizados trabalhos mágicos, trabalhos oraculares ou, em certos casos, até trabalhos com divindades. Acaba por ter um espaço mais amplo de trabalho. Os Círculos de Mulheres acabam também por ser mais livres e não estão limitados pela formação dada nos conceitos das Tendas Vermelhas (onde há o ensinamento e a obtenção de um Grau para puder iniciar uma Tenda Vermelha). Existe uma maior liberdade na prática e na reunião das mulheres neste tipo de eventos. 

Tanto as Tendas Vermelhas como os Círculos de Mulheres acabam por se focar no trabalho com o Sagrado Feminino, ou seja, o lado feminino do Sagrado. Com isto não quer dizer necessariamente o trabalho com Divindades femininas mas com o conceito do Feminino como um todo. O Sagrado Feminino inclui o trabalho com o feminino interior, com o curar as feridas de séculos de opressão ao sexo feminino, curar as feridas de traumas*, desmistificar mitos relacionados com a sexualidade feminina, trabalhar com Divindades femininas, trabalhar com o nosso lado feminino da nossa polaridade (tanto homens como mulheres e não-binários, o Sagrado Feminino está aberto a toda a gente). Nem todos os grupos vão abordar todas estas temáticas e nem todos vão abordá-las da mesma forma. Há várias formas de fazer este trabalho e cabe a nós, praticantes, ver quais as que nos identificamos e com as quais (e de que forma) pretendemos trabalhá-las. As Tendas Vermelhas e os Círculos de Mulheres são apenas duas de muitas formas de realizar este tipo de trabalho interior. 

E vocês? O que acham deste tipo de trabalho? Conhecem? Participam?

* No caso de traumas derivados de situações traumáticas ou violentas, aconselhamos sempre o acompanhamento médico por parte de um psiquiatra ou psicológo de forma a lidar com estes traumas da forma mais adequada possível!


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