Mudanças no nosso Caminho

por - janeiro 06, 2022


Tal como na vida, ao longo do nosso caminho espiritual ou religioso, vamos sentindo mudanças. Ás vezes as mudanças são pequenas como começar a utilizar certas ervas para limpeza ao invés das que usávamos antes e, outras vezes, as mudanças são grandes como mudar a nomenclatura pela qual nos identificamos ou até mudar completamente o caminho que estamos a seguir. Eu lembro-me que, quando comecei neste mundo do Paganismo e da Bruxaria, achava que iria me identificar com a Wicca para sempre. Mas a realidade é que não me identifiquei, tanto que cerca de 3-4 anos após ter iniciado o meu trilho, já não me identificava como Wiccana e utilizava uma nomenclatura totalmente diferente. 

Isto é comum principalmente quando estamos a começar e não temos as coisas definidas. Estamos a dar os primeiros passos, a descobrir o que existe ao nosso redor, os vários caminhos, as religiosidades, as tradições, os Deuses e Deusas, os costumes, as práticas, etc. É normal, e expectável, que as nossas formas de praticar ou os nossos caminhos vão mudando. Mudança é expectável, por muito que muitos de nós não gostemos dela. A vida está em constante movimento, os dias e os anos vão passando, o conhecimento vai sendo adquirido e, por vezes, isso impacta-nos diretamente no nosso caminho espiritual, religioso ou mágico. A mudança traz consigo crescimento, se permitirmos. E crescimento é essencial para o nosso caminho porque ao crescer estamos a evoluir, a descobrir novas coisas e a vivenciar a nossa religiosidade ou o nosso caminho mágico da melhor forma, aproveitando cada momento e crescendo com ele. 

Partilhando convosco algo pessoal, e que pode servir de exemplo prático, eu estudo e pratico Bruxaria e Paganismo há mais de quinze anos. Durante os meus primeiros anos identifiquei-me como "Wiccana" e praticava Wicca Eclética Solitária. Contudo rapidamente me apercebi que não me identificava com esse caminho, principalmente por ter uma visão mais politeísta do que propriamente duoteísta (ou soft polytheist) e passei a identificar-me apenas como "Pagã Eclética". Contudo há cerca de um ou dois anos atrás, comecei a passar por mudanças na forma como via o meu caminho e a minha religiosidade. Comecei a sentir que o termo de "Pagã Eclética" já não me servia e acabei por experimentar outras variações, sempre dentro do mesmo tema como Pagã Folk ou Pagã Solitária, entre outros. Mais recentemente, no último ano, comecei a descobrir o Politeísmo Helénico ou Helenismo e comecei a identificar-me bastante com este caminho e as suas crenças e práticas. E, gradualmente, tenho vindo a mudar a minha identidade e a crescer neste novo caminho e comecei, finalmente, a identificar-me como Pagã Helénica desde há uns meses atrás. E, ao mesmo tempo que todo este processo ocorre, também a minha prática enquanto Bruxa diminui e começo a desidentificar-me com o termo "Bruxa" sendo que inclusive passei por um período no qual duvidei se me deveria denominar de Bruxa ou não (no fim, optei por manter a nomenclatura). Atualmente identifico-me como Pagã Helénica e a minha prática é extremamente helenizada: Deixei de celebrar a Roda do Ano, deixei de me identificar com pontos do meu caminho que eram mais alinhados à Wicca ou à Bruxaria Moderna (Roda do Ano, Esbats, etc) e comecei a incluir na minha prática coisas do Politeísmo Helénico como as celebrações do calendário ateniense, a forma de lidar com as divindades, as oferendas, as formas de purificação, etc. 

Este exemplo serve para mostrar que, mesmo quando já estamos nestas comunidades e neste "mundo" há bastantes anos, não estamos imunes à mudança nem imunes à evolução do nosso caminho. A mudança vem e surge quando tem de surgir e pode trazer coisas bem positivas, como foi o meu caso acima, em que atualmente me identifico mais com a minha prática do que me andava a identificar em anos anteriores. Não quer dizer que ser Pagã Eclética está errado ou que o que eu fiz antes de chegar ao Paganismo Helénico estivesse mal, porque não estava. Foram apenas fases diferentes do meu caminho, todas elas com aprendizagens e coisas para me ensinar. E estou grata por todas as fases pelas quais passei e todas as que ainda virão no futuro ao longo do meu trilho. 

É exatamente isso que vos quis trazer hoje para o pensamento e espero que este relato possa ajudar outros praticantes que estejam na mesma situação ou que já tenham passado por ela e não saibam como a assimilar ou como lidar com estas mudanças. Mudar não é mau, mudar é apenas uma evolução, uma nova etapa ou temporada no nosso caminho. Vai abrir-nos portas a outros mundos e rumos para explorar e ensinar-nos coisas que de outra forma provavelmente não aprenderíamos. Por isso, abram os braços à mudança, se ela chegar, e não tenham medo de arriscar. 

E vocês? Já passaram por isto? Que conselhos dão a quem está nesta situação?

Também podes gostar

0 Comentários