Práticas Locais: Como adaptar?

por - novembro 02, 2023


Um sentimento que é comum tanto a pagãos como a praticantes de ramos de bruxaria, é a a vontade de adaptar os caminhos pessoais aos locais onde vivemos, seja a nível de festivais, tradições, práticas tradicionais, etc. É uma vontade comum e, na minha opinião, essencial para aqueles que pretendem melhorar os seus laços com a sua terra ou o local onde vivem. 

Como já referi várias vezes aqui no blogue, na minha opinião, ser Pagão também implica uma conexão com o Mundo em que vivemos, especificamente com o mundo ativo onde estamos, ou seja, as nossas cidades, aldeias, vilas, países, zonas do mundo, quintais, etc. Muitos pagãos concordam que um dos pilares da definição do Paganismo, é a conexão com a Natureza e a ligação com o mundo natural. E, sejamos honestes, qual a melhor forma de estabelecer esta conexão e de sentir estas ligações do que com aquilo que está ao nosso redor? O que é mais fácil, para um pagão da América do Norte, conectar-se com as árvores do seu quintal ou da sua rua ou conectar-se com o conceito de uma árvore que só existe na Inglaterra ou na Irlanda? Será, obviamente, mais fácil conectar-se com a sua própria flora local. A ligação com a Natureza local, não só é uma mais-valia do ponto de vista ecológico (como eu já mencionei no artigo sobre a Ética dos Cristais e Plantas, acerca da utilização de ervas e plantas que existam perto de nós, fomentando o comércio local, aprendendo a cultivar e cuidar de plantas e estabelecendo aliados em plantas nativas da nossa zona) como também é uma mais-valia do nosso próprio bem-estar espiritual, pois estes aliados de que falamos, encontram-se perto de nós e ajudam-nos no nosso caminho. Um exemplo prático deste cenário, e um pouco relacionado com o meu caminho pessoal, é o culto das Ninfas na Antiguidade Clássica. Era comum haver ninfeus, pequenos locais de culto às ninfas locais, fossem de fontes, lagos, rios, etc. A água era preciosa e era essencial garantir uma ligação estreita com os seres espirituais destas fontes de água e, como tal, havia o culto das Ninfas que ainda hoje em dia podemos aplicar na nossa prática. 

Para além destes aspetos, podemos também referir que a adaptação das práticas locais, como festivais ou tradições, pode ser benéfico para quem tem interesse em aprofundar ligações com as tradições folclóricas do local onde nasceu ou vive. Por exemplo, um praticante de Trás-os-Montes poderá querer incluir no seu caminho características ou práticas típicas transmontanas. Apesar de muitas destas práticas terem influências católicas e cristãs, a origem-base das mesmas é o Paganismo e, como tal, podem facilmente ser readaptadas de volta a caminhos pagãos. Para aqueles que sentem uma ligação próxima com o local onde vivem ou nascem, com o seu país ou com a sua zona do país, esta pode ser uma forma de coexistir os dois mundos. Isto também se refere a práticas ou costumes familiares, passados de geração em geração e adaptados ao caminho pagão de cada um. 

Não há um conjunto de instruções de passo-a-passo de como fazer isto. É algo que vai depender de cada um de nós, de cada uma das práticas que pretendemos incluir ou adaptar e da forma como o queremos fazer. O que recomendo, para quem quer começar a explorar estas hipóteses, é investigar e estudar sobre as práticas locais onde zona que tem interesse, escrever tudo num documento ou numa folha e tentar estabelecer um plano de como incluir as mesmas na sua prática pessoal. Recordo que não existem regras fixas neste processo, e que podemos (e devemos) adaptar as coisas como sentirmos que faz mais sentido. E, claro, a qualquer momento do nosso caminho, podemos voltar atrás e mudar algo ou trocar algo, se acharmos que já não faz sentido estar como está. 

E vocês, há alguma prática local que tenham adaptado ao vosso caminho? 

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