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Sob o Luar


Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

Nota Importante: Este artigo é exclusivamente sobre o Deus Hermes enquanto divindade do Políteismo Grego, não sendo sobre a figura de Hermes Trismegistus que é frequentemente confundida com o mesmo. 

***

Nome: Hermes (Ἑρμης)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Hermes é uma divindade grega, filho de Zeus e de Maia (a mais velha das irmãs ninfas Pleiades). Um dos seus mitos mais famosos é o mito do seu nascimento em que o Deus Hermes nasceu numa caverna, de sua mãe Maia, e apesar de estar enrolado em mantas no seu berço, o Deus fugiu e conseguiu chegar até Pieria, onde roubou algum do gado do Deus Apollo, escondendo-o em Pylos. Enquanto estava em Pylos, o Deus Hermes encontrou uma tartaruga na parte de fora da caverna e, trazendo para o interior, utilizou a sua carapaça para fazer a primeira lira. Quando Apollo o tentou confrontar, Hermes estava enrolado nas mantas no colo da sua mãe. Não convencido que o Deus Hermes não estivesse envolvido, Apollo solicitou a Zeus que mediasse a situação e o mesmo convenceu Hermes a devolver o gado. Contudo, quando Apollo viu a lira que Hermes tinha criado, aceitou trocar o seu gado pela lira, tornando-a um dos seus símbolos. Outros dois mitos em que existe uma presença importante do Deus Hermes são o mito de Perseu, em que Hermes auxiliou o herói na sua demanda para matar a Gorgon Medusa e o mito de Odisseu em que o Deus auxilia-o a proteger-se da magia da Deusa Circe. 

Celebrações: O culto a Hermes estava bem espalhado pela região grega na antiguidade, com destaque para o festival de Hermaea que era organizado anualmente em honra ao Deus Hermes, na zona da Arcádia. Adicionalmente, estátuas de Hermes (denominadas "Hermae") eram comuns de ser encontradas espalhadas por toda a Grécia, principalmente à entrada de cidades ou em cruzamentos para conceder proteção aos viajantes. 

Geneologia: Filho de Zeus e de Maia, são-lhe atribuídos diversos filhos como o Deus Pan e variados filhos mortais, principalmente Reis. Para ver a genealogia completa de Hermes recomendo ver AQUI. 

Epítetos: Enodios ("da estrada"), Khthonios ("da terra"), Nomios ("protetor de rebanhos"), Propylaios ("dos Portões"), Psychopompos ("Guia das Almas"), Angelos Athanatôn ("Mensageiros do Deuses"), entre outros.  

Símbolos: Um dos principais símbolos de Hermes é o famoso Caduceu (um bastão em torno do qual estão enroladas duas serpentes e cujo topo tem duas asas). É também reconhecido pelas botas ou pelo chapéu com asas ou, no seu aspecto de protetor dos viajantes, com o chapéu de viajante que é lhe é característico. Os seus animais sagrados são o bode e a lebre, estando também associado a todo o gado em geral. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Hermes
  • Helenos BR
  • Hino Homérico a Hermes (para a história do seu nascimento)

Ao contrário de muitos outros caminhos religiosos que possuem uma estrutura centralizada de poder (ex: Igreja Católica), o Paganismo e a Bruxaria não possuem chefes religiosos ou sacerdotes a uma escala global ou sequer nacional. Temos várias organizações e grupos como a Pagan Federation ou a Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas que vão fornecendo conteúdos e criando recursos e eventos para as comunidades, mas não temos pessoas a ditar regras nem livros sagrados com todos os ensinamentos. E isso é bom! Aliás é um dos grandes motivos de atração do Paganismo e Bruxaria para a maioria das pessoas, é exatamente a liberdade de culto e de trabalho que existe dentro das mais variadas tradições e caminhos. Contudo isto também leva a que muitos de nós acabemos por cair num erro que acaba por nos prejudicar a nós e, no geral, às nossas comunidades que é o "Culto de Personalidades". 

O que é isto do "Culto de Personalidades"? Bem, é uma coisa que todos nós já ouvimos falar, principalmente fora das nossas comunidades. Situações em que pessoas famosas ganham seguidores que quase se tornam cultuadores daquela figura que criaram na sua mente e fazem da pessoa famosa como se fosse um ser sagrado que não pode cometer erros, não pode dizer nada de errado e que é perfeito em todos os momentos. Claro que rapidamente esta imagem vai acabar por se partir, mais cedo ou mais tarde, mas a realidade é que isto é uma presença na nossa actualidade, em vários campos da vida. E o Paganismo e a Bruxaria, infelizmente, não são excepção. 

Este é um tópico que é muito falado nas comunidades internacionais, principalmente inglesas, e acima de tudo chamado a atenção por parte de membros das nossas comunidades que sentem que eles próprios estão a ser alvos disto. Temos várias situações em que são criados imensos dramas nas comunidades, principalmente a nível do Witchtok (TikTok) e das comunidades bruxescas no Twitter, em torno de pessoas famosas como autores ou criadores de conteúdo. Batalhas de "ela disse vs ele disse", discussões de quem fez feitiços para quem, discussões sobre egos, etc. Acho que todos nós, a certa altura, já vimos situações destas. Elas não são inevitáveis, infelizmente, contudo há algo que podemos fazer para evitar deixar-nos cair nestes discursos e o primeiro passo é reconhecer que somos todos humanos. Até os autores mais famosos de Paganismo e Bruxaria como o Scott Cunningham e o Raymond Buckland ou a Doreen Valiente eram humanos. Iam à casa de banho, lavavam a louça, passavam a roupa a ferro e tropeçavam quando estavam a andar. Nós podemos gostar e respeitar o seu trabalho e a sua influência nas nossas comunidades sem cairmos no erro de os elevar a uma espécie de "ser sagrado que não comete erros e é perfeito". E quem diz estes autores (que já faleceram) diz também autores e criadores de conteúdos na actualidade, como pessoas no TikTok ou pessoas no Twitter. Todos nós somos humanos e todos nós estamos em constante aprendizagem. Como a minha mãe dizia "Ninguém é mais do que ninguém". Claro que há quem tenha mais experiência que nós e há quem tenha mais conhecimento ou seja mais velho. Também há quem tenha cargos de poder dentro das nossas comunidades como Sacerdotes em Tradições Específicas ou Presidentes de Associação. Contudo, e este ponto é importante, mesmo as pessoas nesses cargos não deixam de ser humanas. Existe uma diferença entre tratar alguém com respeito (e até com admiração) e tratar alguém como se fosse uma "quase divindade" e é aqui que é preciso manter a atenção, para garantir que não atravessamos a linha. 

Eu trouxe este tópico aqui ao blogue principalmente porque vi vários pedidos e alertas, nos últimos meses, nas redes sociais por parte de criadores de conteúdos que se estavam a sentir incomodades por pessoas que insistiam em vê-los de uma forma incorreta e que os deixava desconfortáveis. E dado concordar que é uma temática importante, optei por trazê-la para o destaque aqui no blogue e abrir discussão sobre a temática! 

E vocês, o que acham? 

Hoje vamos falar de um tópico que é sempre famoso nas nossas comunidades: As Iniciações (e, por sua vez, Sacerdócios). Eu costumo dizer que a conversa das iniciações é como as ondas, vai e volta, porque há sempre alturas em que está em destaque dentro das nossas comunidades. Antes de começar a falar desta temática, quero deixar claro que não sou contra iniciações (pelo contrário, eu própria fui ordenada e iniciada como Sacerdotisa dentro da Fellowship of Isis). O propósito deste texto não é tirar valor às iniciações, mas sim dar a entender uma perspectiva diferente, principalmente quando falamos das nossas comunidades de Paganismo a uma escala mundial. 

Existem vários tipos de iniciação: 
  • Iniciações dentro de covens, 
  • Iniciações em associações secretas
  • Iniciações em organizações mundiais
  • Iniciações dentro de Tradições específicas
  • E outras.
E todas as iniciações têm um propósito: Um iniciado na Tradição da Wicca tem um determinado papel e hierarquia dentro do seu coven e da sua tradição. Um iniciado dentro da Fellowship of Isis tem ao seu dispor vários tipos de recursos ou de outros níveis de iniciação aos quais queira se dedicar. Uma pessoa auto-iniciada tem o conforto de se auto-denominar como algo. Todas as iniciações têm um propósito, contudo, há que entender os seus contextos. E acho que o melhor, para explicar isto, será um exemplo prático:

Eu fui ordenada Sacerdotisa no ano de 2018 dentro da Fellowship of Isis. A partir dessa data, tornei-me Sacerdotisa de Hekate e Persephone e tenho autoridade para iniciar outros Sacerdotes/isas dentro da FOI e tenho autorização para fundar um Iseum (podem visitar a página do meu Iseum aqui). Fantástico, não é? Contudo, também tenho a noção, de que o facto de eu ser iniciada dentro da Fellowship of Isis não significa que, se me juntar a um coven Wiccano, tenha direito automático à iniciação deles. Ou que até tenha "equivalências" a Graus Wiccanos. São iniciações diferentes e para propósitos diferentes. Tal como, no meu caso, me juntei a comunidades de Paganismo Helénico e tenho a total noção de que ninguém me vai reconhecer como Sacerdotisa. Podem reconhecer que tenho a minha ordenação de Sacerdotisa dentro da Fellowship of Isis mas, para um Pagão Helénico, isso não significa nada porque o conceito de Sacerdócio no Helenismo é completamente diferente do conceito de Sacerdócio dentro da Fellowship of Isis. 

E o mesmo acontece em cenários opostos: Só porque alguém é um Sacerdote Wiccano não quer dizer que tenha direito automático a ser um Sacerdote dentro da Fellowship of Isis ou que seja reconhecido como um Sacerdócio por Pagãos Helénicos. E o mesmo acontece com outras religiosidades. Um exemplo ainda mais claro é os Sacerdotes Pagãos e os Sacerdotes Cristãos: Um sacerdote pagão reconhece que o sacerdote católico tem a sua formação e a sua validez dentro da Igreja Católica contudo, para o pagão, isso não tem qualquer impacto ou reconhecimento na sua prática individual. E vice-versa. Ou seja as iniciações são, acima de tudo, para os próprios iniciades e para a própria Tradição ou Grupo ou Organização em que as pessoas estão inseridas e não necessariamente para a comunidade externa (a menos que haja algum tipo de serviço a ser prestado à comunidade externa, contudo, isso não implica que as pessoas sejam obrigadas a reconhecer cargos de poder com os quais não se sentem confortáveis). 

Com isto quero concluir que as iniciações SÃO válidas. E são parte fulcral de vários caminhos dentro do Paganismo e da Bruxaria e são momentos lindíssimos de transformação e de evolução no caminho pessoal de cada um. Contudo... não são obrigatórias para toda a gente. Nem são certas para toda a gente. Uma iniciação vai sempre trazer responsabilidades com isso, seja a nível do Sacerdócio (que foi aqui falado acima de tudo, dado que a grande maioria das iniciações acaba por acarretar um Sacerdócio com ela) ou a nível de responsabilidades acrescidas que ficam atribuídas ao iniciado. Não há problema em não querer ser iniciado e isso não faz a prática de alguém menos válida do que a prática de alguém que é iniciado. E alguém iniciado não quer dizer que seja mais do que outros não iniciados, principalmente pessoas fora da sua Tradição/Organização. E acho que é isto que não é falado vezes suficientes nas nossas comunidades, acabando por ser perpetuado um discurso de "superioridade" por parte de quem tem mais iniciações o que, na minha honesta opinião, é um comportamento desnecessário e que faz mais mal do que bem. 

E vocês, o que acham? 

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Sob o Luar by Alexia Moon/Mónica Ferreira is licensed under CC BY-NC-ND 4.0