Prática Solitária e Prática em Grupo
Unsplash (Hudson Hintze) |
Hoje vamos falar sobre a diferença da prática solitária e da prática em grupo, dentro da Bruxaria e do Paganismo. Não iremos abordar nenhum caminho em específico, sendo que vamos falar em termos mais abrangentes. Existem várias formas de trilhar o caminho pagão e de realizar a nossa prática, desde forma solitária, em grupo, uma mistura das duas, etc. Porém, é normal, quando estamos a começar não ter a certeza de qual a melhor escolha para nós e ter medo de tomar a escolha errada. É esse ponto que planeamos abordar hoje e ajudar a reflectir um pouco melhor sobre estas modalidades de prática pessoal.
A escolha entre participar num grupo ou praticar de forma solitária é uma das principais questões que muitos iniciantes colocam a si próprios. É normal olharmos para comunidades e pequenos grupos e sentir a vontade de participar e pertencer em grupos semelhantes e construir uma família mágica com irmãos e irmãs da Arte. E é natural, também, olharmos para algumas Bruxas solitárias e pensarmos o quanto libertador seria trilhar um caminho solitário e livre, dentro da nossa própria vontade e sem restrições exteriores. Ambos os métodos de praticar são totalmente válidos e, até, intercaláveis. Um método não implica exclusividade. É possível ser parte de um grupo ou de um coven e, ao mesmo tempo, desempenhar a nossa prática solitária. Ou ter uma prática predominantemente solitária e, em ocasiões especiais ou em celebrações anuais, reunir com um grupo de amigos e celebrar num ritual de grupo. Não é obrigatório, de todo, fazer uma escolha única e proibir-nos a nós próprios de usufruir dos benefícios da outra opção. As mesmas podem complementar-se.
Como, também, podem ser exclusivas. Ou múltiplas! Há vários grupos e tradições que permitem a participação em vários grupos, por exemplo, no meu caso, sou membro do Covenant of Hekate realizando rituais e práticas dentro do mesmo e, ao mesmo tempo, sou Sacerdotisa da Fellowship of Isis e participo em rituais da FOI. E, ainda ao mesmo tempo, considero-me uma praticante solitária e trilho o meu caminho de forma bastante individualizada. Mas isso não me impede de fazer parte de comunidade, de participar em ritos de grupo ou de pertencer a certas tradições.
Não se sintam pressionados a ter de fazer uma escolha entre um ou o outro lado da moeda, porque os mesmos podem coexistir e trabalhar em conjunto. Aliás, se alguém vos pressionar para terem de escolher e abdicar de um dos lados (este caso aplica-se mais na restrição da prática solitária aquando da entrada num grupo), o meu conselho seria muito simples: Corram. Não aceitem que vos limitem a prática pessoal em troco de nenhuma prática de grupo, independentemente do que vos prometam. Nada é mais importante para uma Bruxa (e até para um Pagão) do que a nossa liberdade. Essa deve ser sempre mantida perto de nós e os nossos limites e "boundaries" devem ficar bem definidos. Este assunto é abordado de forma mais desenvolvida no nosso artigo sobre os perigos nas comunidades pagãs, que recomendo vivamente darem uma leitura!
Acima de tudo é preciso entender que não existe uma forma exclusiva e "certa" ou "única" de trilhar o caminho dentro do Paganismo ou da Bruxaria. Uma das principais coisas que me atraiu neste caminho, aliás, foi exactamente isso: A liberdade e a possibilidade de expressão individual que estes caminhos nos trazem. A nossa vida, tal como os elementos, é fluída e cheia de mudanças. Não é algo escrito em pedra (e, até o que é escrito em pedra, desvanece com o tempo!) e, como tal, não nos podemos limitar a nós mesmos. Devemos entender os nossos ciclos pessoais e viver de acordo com os mesmos. Agora poderá ser um período na nossa vida para nos focarmos em práticas em grupo e, daqui a uns anos, preferimos dar lugar a uma prática mais solitária e isolada. E, no futuro longínquo, uma mistura das duas coisas.
Não precisamos de nos colocar dentro de caixas nem limitar o nosso caminho. Precisamos apenas de pegar nas nossas vassouras e começar a voar, trilhando o nosso caminho seja por terra, por água ou por mar, seja sozinhas ou acompanhadas. Não tenham medo de ser livres.
E vocês? Qual a vossa opinião?
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