Como começar Devoção aos Deuses

por - março 18, 2021


O tema de hoje é um assunto sobre o qual recebo muitas perguntas e contactos por parte dos nossos leitores e de pessoas da comunidade do Paganismo ou Bruxaria em geral. O trabalho ou a devoção às Divindades é algo que muita gente tem receio de começar ou, então, não sabe ao certo quais os primeiros passos a dar. E é exactamente isso que pretendo abordar no artigo de hoje. 

Começar a trabalhar ou a prestar culto devocional a uma divindade pode ser um pouco assustador para quem está a começar a praticar Bruxaria ou Paganismo, dado que passa a incluir na prática diária uma presença externa sobre a qual não temos controlo e com a qual estamos a começar a estabelecer uma relação. Por norma, não costumo recomendar que iniciantes saltem de imediato para trabalho com Divindades, não só porque este trabalho acaba por acarretar mais responsabilidades mas também porque pode ser complicado no início saber por onde começar e como começar. Incluir uma divindade na nossa prática, principalmente do ponto de vista políteista, implica todo o novo tipo de esforço e estudo acerca da divindade, da sua mitologia, da sua história, da cultura de onde é originária, das correspondências, das práticas, dos epítetos, entre outros pontos que são chave para uma prática estável e equilibrada com esta Divindade. Daí, pessoalmente, não recomendar que "mergulhem de cabeça" logo neste tipo de caminhos mas começar por adquirir algumas bases como saber o que é o Paganismo e distinguir Conceitos, ler alguns livros sobre Paganismo e Bruxaria e obter bases sobre as quais começar a desenvolver esta prática devocional. 

Contudo, para quem sente que já está no momento em que se sente pronto para iniciar esta nova jornada na sua prática individual, aqui estão algumas dicas sobre como começar o trabalho com Divindades: 
  • O primeiro passo para um trabalho devocional é... ler! Ler sobre a Divindade: os seus mitos, correspondências, ler sobre a cultura de onde essa divindade veio, ler as práticas e as formas devocionais que eram feitas em honra da divindade na Antiguidade, etc. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o estarmos a dedicar o nosso tempo aquela divindade, através de leituras e investigações, já é um acto devocional porque estamos a dar àquela divindade parte do nosso tempo e não há nada mais precioso do que o nosso tempo! 

  • Para além de ler bastante e investigar mais sobre a divindade (ou divindades) com as quais pretendem começar o trabalho devocional, podem também começar a estabelecer contacto aos poucos através de meditações, oferendas simples (velas, água ou liquidos, incenso, etc). Não estranhem se ao início não sentirem nada ou estiverem confusos, pode demorar. 

  • Não tentem apressar! Vejam uma relação com uma Divindade tal como vêem relações com pessoas no vosso dia-a-dia. Não chegam ao pé de um estranho, oferecem uma prenda uma vez e esperam que ele seja o vosso melhor amigo, pois não? Com as Divindades é igual. As relações demoram tempo e trabalho a serem desenvolvidas, é preciso trabalho constante, devoção e dedicação para que esta relação possa florescer e tornar-se numa relação estável e duradoura. 

  • Não assumam que tudo é sinais. É normal no início da nossa prática devocional achar que tudo o que vemos é um sinal da divindade que estamos a tentar contactar. Contudo, nem tudo é sinais. Aliás o mais provável é não ser. Se receberem algo que achem que pode ser um sinal sigam primeiro o caminho da lógica: Existe algum motivo lógico/físico para isto ter acontecido? Sigam esses passos primeiros. Se necessário consultem um método divinatório (pêndulo, tarot, runas, etc.) para saber se realmente terá sido um sinal ou não. Peçam mais sinais. Não tenham medo de comunicar com a divindade mas também não achem que tudo é um sinal. Recomendo o vídeo da TCS para ajudar a reconhecer sinais das Divindades.

  • Não façam promessas que não conseguem cumprir! É muito normal ouvirmos falar de votos a Divindades, promessas, juras, comprometimentos, etc. Contudo este tipo de práticas não deve ser feito de ânimo leve! Dedicar a nossa vida a uma divindade ou fazer uma promessa a uma divindade é algo sério e não devemos fazê-lo sem ter 100% certeza que conseguimos cumprir. Isto é especialmente importante para quem está a começar. É normal que quando estamos a começar tenhamos todo o entusiasmo e ânimo de achar que "esta é a divindade com a qual quero trabalhar para o resto da minha vida inteira". E até pode ser. Mas também pode não ser... Não devemos comprometer-nos a algo que não sabemos se conseguimos cumprir daqui a 5, 10 ou 15 anos. Por isso, não façam promessas que não conseguem cumprir e cuidado sempre com aquilo a que se comprometem, porque o que dizem aos Deuses é para cumprir! 

  • Já falei disto anteriormente, em Deuses de Prateleira, mas acho que é importante voltar a realçar aqui: Não usem os Deuses como bonecos de prateleira. Os Deuses não são frascos de especiarias no armário para tirar e usar conforme precisamos. Se eu sou devota da Deusa Hékate e preciso de ajuda em termos de amor, eu não preciso de ir ter com Afrodite com a qual nunca estabeleci uma relação. Posso fazer esse trabalho de amor com Hekate porque essa é a Divindade com a qual trabalho diariamente. Não utilizem os Deuses na vossa prática e pensem nos mesmos tal como o faria com pessoas normais na vossa vida. Chegariam ao pé de alguém para pedir um favor e nunca mais voltar a falar para eles? Não? Então não o façam também com as vossas Divindades. 
Estas são algumas dicas para quem quer começar a jornada do trabalho devocional com Divindades, sintam-se à vontade para colocar dúvidas, questões ou até mais dicas nos comentários para os nossos leitores se quiserem! Espero que esta jornada vos leve a sítios magníficos e a ter experiências que mudem a vossa vida para melhor e que possam encontrar as Divindades certas para o vosso caminho. 

E vocês? Como começaram esta aventura? 

Crédito de Imagem: Unsplash (Cristina Gottardi)

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