No artigo de hoje vamos falar de um tema que considero ser sempre importante, principalmente para quem está a começar. Já falamos disto de certa forma anteriormente nos textos de "Auto-Proclamados Mestres" no Paganismo e Bruxaria ou Os Cuidados nas Comunidades Pagãs contudo não posso deixar de sentir que é essencial falarmos destes temas, principalmente enquanto estas situações acontecerem nas nossas comunidades e à nossa volta. Não podemos enfiar a cabeça na areia e fingir que dentro do Paganismo e da Bruxaria toda a gente é "do bem" e que não há riscos porque, como em tudo na vida, há sempre riscos. E acho que é importante darmos espaço para estes tópicos serem falados e conhecidos, pois só assim poderemos prevenir que estas situações ocorram.
É normal quando começamos a trilhar o caminho no Paganismo ou na Bruxaria de sentirmos a necessidade de nos encaixar num grupo que nos compreenda, com o qual possamos aprender e ser ensinados, possamos celebrar festivais, fazer rituais e feitiços e desenvolver a nossa prática. O ser humano é um ser dado á socialização e, como tal, é 100% normal querer estar em grupos dentro das nossas práticas religiosas. Contudo encontrar o grupo certo pode ser uma tarefa complicada, principalmente em comunidades como as do Paganismo em Portugal, em que temos de saber onde procurar.
Por isso quis fazer este artigo onde vamos falar de alguns sinais que vos DEVEM deixar desconfiados quando estão a conhecer novos grupos:
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Oferecem automaticamente iniciação: A realidade é que a maioria dos grupos dentro do Paganismo e da Bruxaria não estão ativamente a procurar expansão dos seus membros. Não somos proselitista nem queremos andar a converter pessoas, como tal, raramente os grupos estarão ativamente a procurar novas pessoas e, muito menos, a oferecer iniciação assim que conhecem alguém! A maioria dos grupos, seja dentro de práticas modernas ou tradicionais, poderá ter círculos externos ou eventos para conhecer novas pessoas mas nunca andará a tentar recrutar nem oferecer imediatamente iniciações e promessas.
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Dizem que somos "especiais" ou que temos "poderes únicos": Este pode ser um dos argumentos, juntamente com o ponto acima da iniciação, para tentar convencer alguém a entrar para um grupo. Repito: Nenhum grupo de respeito tentará convencer pessoas a juntar-se a eles! E isto aplica-se também a fazer elogios deste género. Apelar às nossas sensibilidades ou receios, através de nos elogiar ou fazer sentir especial, acaba por nos fazer baixar a guarda e querer confiar naquela pessoa, quando ela não tem intenções positivas.
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Recusam conhecer-se em locais abertos: Recusam encontrar-se pessoalmente em locais públicos como cafés, esplanadas, jardins, etc. Fazem questão de se encontrar em locais pouco movimentados ou até convidar as pessoas para ir diretamente a casa deles ou a um local que lhes pertença. Isto pode parecer uma informação muito óbvia para quem está habituado a estar na internet mas, infelizmente, ainda acontece nas nossas comunidades. Não se encontrem com pessoas que não conhecem pessoalmente, pela primeira vez, em locais privados. Façam-no sempre em locais públicos, com pessoas em vosso redor, informem os vossos amigos ou familiares onde vão estar e, se possível, vão acompanhados! Se a pessoa não aceitar bem… É um sinal que esse não é o sítio para vocês.
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Falam muito mal de outras comunidades ou dizem ter "inimigos": Todos sabemos que nem toda a gente se dá bem uns com os outros e é normal haver desentendimentos dentro de comunidades ou grupos que gostamos mais do que de outros. Contudo é um sinal de alerta de as pessoas que estamos a conhecer passam mais tempo a criticar o trabalho dos outros ou a falar mal de alguém do que a focar-se no seu próprio caminho. É ainda mais grave se insistem em "ter inimigos" e que é preciso esforços ativos para se protegerem deles. Isto é meio caminho andado para começarem a fazer pedidos estranhos (dinheiro, favores, etc) sobre o pretexto de se precisarem de "proteger" deste inimigos. É também uma forma de tentar afastar as pessoas da comunidade e, como tal, de isolá-las.
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A conversa rapidamente desvia para questões de dinheiro: A questão de dinheiro é uma questão sensível de se abordar dentro dos grupos porque há grupos que realmente cobram pelos ensinamentos ou pelos materiais e isso é válido. Contudo há que saber onde está a linha entre pagamentos válidos e pagamentos indevidos: Uma coisa é contribuir para comprar livros ou alugar um espaço para fazer rituais ou comprar materiais para fazer o ritual ou comida para partilhar. Outra coisa é encher os bolsos dos lideres para que possam comprar um carro novo ou uma casa nova, sem qualquer tipo de justificação ou uso público do dinheiro. Se as pessoas que estamos a começar a conhecer estiverem sempre a falar de falta de dinheiro ou problemas de dinheiro e constantemente a focar nesse aspecto, este é um sinal de alerta. E o mesmos se aplica se for o oposto: Se a pessoa estiver sempre a tentar mostrar o quanto dinheiro tem e como tem mais coisas ou mais posses ou mais instrumentos/baralhos/etc do que os outros.
Infelizmente estes são pontos aos quais devemos prestar atenção na nossa busca por um grupo ou um coven ao qual pertencer e são sinais de alerta que nos podem ajudar a distinguir o que será uma experiência mais valiosa e o que poderá acabar por vir a ser um desastre. Como alguém que já teve de passar por um desastre desses, gosto de falar abertamente deste assunto e puder ajudar os nossos leitores a evitar estas situações e a dar-vos as ferramentas necessárias para que possam encontrar (ou até criar!) o vosso grupo ideal de forma segura e fácil!