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Sob o Luar


Um dos tópicos de bastante conversa e controvérsia nas nossas comunidades pagãs em geral é o tópico do Sacerdócio. Um Sacerdócio, dentro do Paganismo, pode significar várias coisas, ser alcançado de várias maneiras e pode dar discussões de vários assuntos. Este artigo não pretende desvalidar ou validar qualquer tipo de Sacerdócio e é apenas um artigo sobre acerca do que é o Sacerdócio e dar alguns exemplos de tipos de Sacerdócio. Para uma reflexão acerca da validez de Sacerdócios e de Iniciações, podem consultar este artigo aqui no blogue.

Um livro que recomendo muito sobre esta temática é o A Practical Guide to Pagan Priesthood, que já analisei aqui no blogue, e que acho ser uma leitura essencial para quem está interessado neste tipo de temática. 

Mas então, o que é um Sacerdócio? A definição de Sacerdócio é "Conjunto das funções e dignidade do ministro/sacerdote de um culto qualquer" . E um ministro/sacerdote é "Pessoa que fazia sacrifícios às divindades". OU "Pessoa que ministra os sacramentos de uma igreja." (definições de Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Ou seja, um Sacerdócio é o nome dado ao trabalho de um Sacerdote que é, para todos os efeitos, uma figura que presta serviços ou sacríficios a um determinado grupo religioso. Um exemplo comum de sacerdote é um padre de uma paróquia, por exemplo.

Dentro do Paganismo temos vários tipos de Sacerdócios. Temos Sacerdotes dentro da Wicca, onde é feito um período de treinamento e são feitos votos sacerdotais que podem ser renovados dependendo da súbida de níveis dentro da Tradição. Temos também dentro do Druidismo algumas organizações onde são feitos votos sacerdotais de serviços à comunidade. Dentro da Fellowship of Isis temos a possibilidade de ser realizado um Sacerdócio de forma a ser prestado trabalhos à comunidade em nome de Divindades (idealmente femininas). Também dentro da tradição de Glastonbury Goddess Temple, por exemplo, existe treinamento sacerdotal que concede títulos dentro da organização e da tradição em específico.

E existem muitas outras tradições e grupos religiosos que têm processos de treinamento que acabam por conferir graus sacerdotais (ou outros equivalentes, com nomes diferentes). A essência é a mesma: Alguém fica capacitade para servir a comunidade, dentro daquela tradição e nos moldes da mesma. E é, essencialmente, isso que é um Sacerdote/Sacerdotisa. Não se trata de um cargo por nome ou apenas para ter hierarquia sobre outra pessoa. É um cargo que representa um comprometimento com os Deuses e com a tradição onde ocorreu a iniciação, para prestar um serviço à comunidade e às Divindades. Este serviço pode ser prestado de diversas formas e há vários tipos de Sacerdotes e Sacerdotisas e várias formas de prestar os serviços. Pode ser através da organização de eventos para a comunidade, através do fornecimento de recursos, de acompanhamento de doentes ou pessoas em fim-de-semana, através de ajuda a grávidas e momentos de nascimento, acompanhamento emocional e de apoio à comunidade, através de serviços oraculares ou até de disponibilização do corpo como veículo para incorporações divinas, etc, etc. São imensas e variadas as formas como um Sacerdócio pode ser exercido e concretizado, dependendo apenas das pessoas envolvidas e dos moldes da tradição em que esta iniciação ocorre. 

Isto, para dizer, que um Sacerdócio não é algo que deve ser iniciado de ânimo leve. Acarreta um elevado nível de responsabilidade e de comprometimento por parte da pessoa que está a tomar os votos, porque vai estar a dedicar a sua vida ao serviço das Divindades e daquela Tradição, a partir daquele momento. Eu costumo dizer que é boa ideia comparar com os sacerdotes cristãos ou de outras vertentes mais estabelecidas: Um padre católico, por exemplo, faz vários sacríficios pessoais para exercer o seu cargo dentro da Igreja e assume um nível de responsabilidades e de comprometimento que, para todos os efeitos, é para a sua vida inteira. E um Sacerdote ou Sacerdotisa dentro do Paganismo deverá encarar o Sacerdócio da mesma forma. 

Mas sei o que questionam: "Se me tornar Sacerdote/Sacerdotisa, não posso desistir/parar?". Bem... Idealmente não, né? O ideal é que os votos sejam feitos para a vida. E é isso que a maioria dos Sacerdotes e Sacerdotisas faz, tal como os padres fazem. Mas, todos sabemos, que a vida é feita de mudanças e tal como há padres que saem da Igreja também há Sacerdotes/isas no Paganismo que acabam por sair dos seus serviços ou das suas tradições. Os moldes em que estas saídas saem são exclusivos de cada tradição e devem ser vistas dentro da mesma, pelo que não vou dizer o que faz ou deixa de fazer, porque vai depender de caminho para caminho. Mas, não podemos esquecer, que a tomada de votos sacerdotais é um comprometimento sério e deve ser levado com seriedade e conhecimento daquilo com que nos estamos a comprometer. 

E vocês, já conheciam? Conhecem Sacerdotes/isas? O que acham desta temática?

Ao longo da nossa prática mágica ou do nosso caminho espiritual vamos, eventualmente, ter mudanças. Sejam mudanças pequenas em que passamos a fazer certas práticas diferentes ou mudanças grandes em que mudamos completamente a nossa nomenclatura e a forma como encaramos a nossa prática, elas estarão presentes. Estamos errados se achamos que conseguimos ficar imutáveis durante 10, 20 ou até 30 anos. A mudança é (in)felizmente, inevitável. 

Recentemente passei exactamente por isso, por grandes mudanças na minha prática, daí querer trazer-vos esta temática para vos conseguir dar alguns conselhos que gostaria que me tivessem dado quando comecei este processo. Para quem me conhece, sabe que comecei a praticar quando ainda era adolescente e considerava-me "Wiccana Solitária", tendo passado a denominar-me como "Pagã Eclética" aos 18 anos. A partir daí foi sempre uma mudança entre Bruxa Eclética e Pagã Eclética, alternando às vezes com Bruxa Folk ou de Cozinha e por aí fora mas, na essência, a prática era sempre mais ou menos a mesma. Contudo foi em 2020/21 que as coisas mudaram, de uma forma inesperada. Apesar de já praticar há mais de uma década nessa altura, passei por mudanças ao ponto que mal me identifico com a prática que tinha antes destas mudanças. Descobri o Helenismo e finalmente aceitei que, apesar de adorar Bruxaria e adorar estudar sobre Bruxaria, não sou muito dada à sua prática, preferindo ficar-me pelo aspecto religioso e quotidiano, com ligeiro uso da Magia apenas para coisas como limpezas e proteções. Encontrei uma nova casa, digamos assim. 

Mas esta mudança não veio sem dificuldades! Tal como todas as mudanças, esta tirou-me da zona de conforto e atirou-me para dentro de um mar vasto, o qual desconhecia completamente. E é assustador. Seja qual o caminho para o qual estamos a mudar, acaba sempre por ser assustador, porque é como estivessemos a voltar à estaca zero. Quando já temos algum tempo de prática, temos tendência a ficar confortável no nosso nível de conhecimento. Vamos aprendendo mais coisas e acrescentando coisas mas é um crescimento mais gradual e mantendo-nos dentro da nossa zona conforto. Porém quando algo nos puxa para fora dessa zona e acabamos por entrar em toda uma nova divisão, é como descobrir uma nova zona do mapa, totalmente por descobrir e do qual não sabemos nada. E nesse momento passamos a não só ter de conhecer esta nova zona do mapa como conseguir conciliar com as zonas do mapa antigo que queremos manter. É como um puzzle que estamos a construir e quando chegamos ao fim surge mais um novo puzzle novo que se vai juntar ao nosso e temos de saber onde encaixar as nossas peças, mantendo algumas das iniciais. 

E isto é, sem dúvida, uma experiência avassaladora. Mas não é impossível de experienciar! Agora, em 2022, quase dois anos depois de ter começado estas mudanças, já me sinto mais confortável na minha pele e no meu novo caminho. Ainda há muita coisa por limar e aprimorar mas a parte mais díficil (o começar!) já está feito e agora é manter e ir caminhando, porque estas são aprendizagens para a vida inteira. E é por isso que gostava de partilhar convosco alguns conselhos que gostava que me tivessem dito quando comecei estas mudanças:

  • É válido mudar. É valido variar a nossa prática. A sociedade hoje em dia, principalmente nas comunidades online, pode levar-nos a achar que temos de ser sempre a mesma pessoa com os mesmos valores, crenças e métodos ao longo de toda a nossa existência mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Enquanto seres humanos, somos seres mútaveis e a mudança é algo natural para nós, tal como para toda a Natureza em nosso redor. Não tenham medo de mudar algo se já não vos funciona ou se já não se identificam com isso. 
  • Não precisam de saber tudo assim que começam. Principalmente para quem já pratica a bastante tempo, e já tem algum conhecimento consolidado, pode ser assustador mudar um caminho de forma drástica, principalmente para um tipo de caminho que não conhecem tão bem. Passar da zona de conforto onde sabemos as bases todas para um novo sítio em que somos um novo aprendiz é assustador mas não é menos válido ou vergonhoso, pelo contrário! É normal, ao longo do nosso caminho, haver alturas em que não sabemos algo e que voltamos a ser iniciantes e isso vai acontecer em mais do que um momento. É apenas necessário embarcar na nossa jornada de aprendizagem, recolher fontes e livros e recursos e mergulhar em toda esta nova informação que está à nossa frente e começar a dar os primeiros passos. 
  • Vão haver pessoas que vão criticar. Seja nas comunidades do novo caminho que estamos a começar a trilhar ou nas comunidades onde estavam, há sempre gente que vai achar que por estarmos em espaços públicos que têm o direito de opinar sobre o que fazemos ou deixamos de fazer. Infelizmente, é inevitável. Contudo temos um poder especial: ignorar. Não me refiro ignorar críticas construtivas ou opiniões de pessoas que nos querem ajudar, mas sim ignorar aquelas vozes que insistem em meter defeitos nas coisas ou renunciar certos aspectos ou práticas apenas porque elas não coincidem com a sua prática pessoal. Um exemplo prático disso é o meu Sacerdócio. O meu Sacerdócio foi feito dentro da FOI e tem a sua forma de ser. Não é, nem será, um Sacerdócio dentro do Politeísmo Helénico, contudo, pode co-existir com o mesmo. Mas há muita gente que acha que não. E estão no seu direito... Elas ficam com a opinião e eu fico com o meu Sacerdócio e o meu caminho e vivemos todos contentes (eles provavelmente menos do que eu).
  • Mesmo dentro da mudança, podemos mudar novamente. Este não foi o meu caso, mas conheço amigues em situações semelhantes. Em que as suas práticas começaram a mudar e começaram a achar que a prática ia ser X e depois acabou por ser Y. Ou ainda passou pelo Y e ficou no Z. Entre outras combinações. A mudança não precisa de ser uma só, pode ser quantas forem necessárias até acertarmos na fórmula que funciona para a nossa prática individual e pessoal. Não há problema nisso e todos os tipos de mudanças são válidos. 
Estes são alguns dos conselhos que gostava de ter tido quando comecei as mudanças no meu caminho espiritual e mágico. E vocês, já tiveram mudanças assim? Que conselhos dariam para quem está a passar por isso?
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Sob o Luar by Alexia Moon/Mónica Ferreira is licensed under CC BY-NC-ND 4.0