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Sob o Luar


Tal como em todos os aspectos da nossa vida, a nossa jornada espiritual ou religiosa ou até mágica, nunca será linear. O nosso caminho não é um trilho de A a B mas sim de A a Z com paragem em quase todas as letras do alfabeto e, às vezes, até letras que não existem (ou até voltarmos atrás ao início do alfabeto e começarmos tudo de novo!). Isto faz com que, a certas alturas, haja momentos de dúvidas. Podem ser dúvidas como "Será que quero celebrar este festival?" ou dúvidas como "Será que acredito mesmo nisto?". E, tal como é normal ter dúvidas, é normal sentir culpa de ter dúvidas, contudo, esta culpa é desnecessária e temos de a ultrapassar, para que possamos enfrentar as nossas dúvidas e sair do "buraco" para onde tropeçamos. 

Ao longo de todo o meu caminho já passei por vários momentos de dúvidas e hoje venho trazer-vos alguns conselhos de como eu consegui ultrapassar alguns destes momentos, na esperança de vos ajudar a ultrapassar os vossos. Claro que nem todos os momentos de dúvida são iguais e o que serviu para mim, pode não servir para vocês (até pode nem servir para mim no futuro!) mas quantas mais possibilidades e reflexões fizermos, mais fácil é enfrentar o elefante na sala, por isso, vamos lá?

Para mim, o primeiro passo é entender qual é a dúvida ou qual o problema que estou a enfrentar no momento. Apesar de fácil, este pode ser dos passos mais complicados pois requer que sejamos sinceros connosco próprios e aceitemos que algo está errado ou que algo não está a funcionar bem. E, para quem está no mesmo caminho há muito tempo, pode ser complicado aceitar que algo já não funciona ou que deixou de fazer sentido. A mudança é assustadora, principalmente quando é algo que nos é tão pessoal como a espiritualidade/religiosidade. Contudo, não podemos enfrentar a tempestade sem saber como ela se chama e de que é feita, por isso, recomendo escolher um momento tranquilo, sentar e refletir sobre qual é o obstáculo. Aconselharia até a escrever num caderno ou numa folha, pois a realidade de olhar para algo escrito, preto no branco, torna tudo muito mais real e menos assustador. 

Depois de sabermos com o que estamos a lidar, temos de começar a lidar com o assunto. Para facilitar o artigo, vamos escolher um dilema e desenvolver como o mesmo pode ser ultrapassado. Imaginemos que o nosso dilema é "Sinto que a Wicca já não é o caminho para mim, e que não me sinto feliz". Como é que podemos começar a resolver esta situação? Para começar, eu diria para escreverem, por baixo desta frase, o que sentem que já não funciona. Será os festivais? É o facto de ser um caminho mais duoteísta (Deus e Deusa)? É o próprio nome em si? Ás vezes achamos que o caminho todo já não nos serve e, afinal de contas, era só um pequeno aspecto como "sinto que não consigo celebrar todos os Sabbats e sinto-me insatisfeite" ou "sinto que sou mais politeísta e menos duoteísta". Ao encontrarmos os pontos que nos deixam desconfortáveis, encontramos a forma de os desconstruir e arranjar uma solução. 

Assim que sabemos exatamente o que nos incomoda, é a altura de descobrir como lidar com isso. Aqui, é complicado sugerir soluções, porque vai depender não só de qual o problema em específico mas, também, daquilo que queremos fazer. No caso acima, a pessoa pode não querer deixar a Wicca mas apenas alterar coisas na sua prática pessoal. E, algo que sinto que devo insistir, isso é perfeitamente normal e dois Wiccanos não são iguais e podem, perfeitamente, adaptar a sua prática para encaixar no que sentem que é certo. Recomendo, contudo, se fazem parte de um coven organizado, que falem com os Altos Sacerdotes/isas e vejam alternativas, de forma a não se afastarem das práticas do coven, mas, se forem solitários, o céu é o limite e podem adaptar a vossa prática para se encaixar mais dentro da vossa vontade. Ao mesmo tempo, podem sentir que querem seguir um caminho diferente, e mudar para, por exemplo, "Pagão Eclético" e adaptar a vossa prática, mudando algumas celebrações ou coisas que fazem. Essa mudança é válida! 

Somos todos humanos e, por consequência, estamos todos sujeitos a mudanças e alterações na nossa vida. Ninguém fica a mesma pessoa da adolescência até à velhice, por isso, não sintam medo em mudar as vossas nomenclaturas ou os vossos caminhos, se sentirem que é o passo na direção certas. No final de contas, a espiritualidade e a religiosidade são coisas para ser vividas e experienciadas por nós, fazem parte da nossa vida pessoal, e não devemos satisfações a ninguém. Devemos fazer aquilo que sentimos que é certo e que é o apropriado para a nossa realização pessoal. Não tenham medo de mudar, o que importa, é que estejam felizes e se sintam ligados à vossa espiritualidade, seja ela qual for. 

E vocês? Já passaram por momentos destes? Quais as vossas dicas para quem está a passar por um momento destes?
Capa do Livro
Título: O Círculo Interior: Um discurso sobre a Tradição Alexandrina da Witchcraft
Autor(es): Karagan Griffith
Pontuação: ★★★★★
Descrição: Um olhar intenso sobre a história da tradição mas também ensinamentos para clarificar alguns elementos que são sobejamente mal entendidos. Baseado na experiência do autor na tradição, este livro ilustra os fundamentos da tradição e noções interessantes do ponto de vista de um iniciado. Contém também alguns exercícios para que, quem lê, possa também avançar um pouco na prática que poderá levar, quem sabe, um dia a uma iniciação.
Onde Comprar*: Lulu
Análise: Hoje trago-vos um livro que considero, na minha opinião, uma peça extremamente necessária às comunidades pagãs portuguesas: um livro acerca da Wicca Alexandrina, escrito por um sacerdote de um coven da Tradição Alexandrina (Coven de Tomar). 
Já tinha ouvido falar do Coven de Tomar e do autor há algum tempo, mas tive o prazer de falar tanto com ele como alguns membros do Coven e, inclusive, participar numa mesa redonda com o Karagan no 1º Encontro Ancestral (cuja cobertura podem ver aqui) e fiquei logo fã de todo o trabalho dele. E, como tal, não passei a oportunidade de adquirir o livro no evento. 
Este é um livro que é bastante completo na informação que transmite. É muito acessível e com linguagem de fácil compreensão e recheado de informações úteis como as origens da Wicca Tradicional e da tradição Alexandrina, incluindo informação sobre as linhagens e sobre várias pessoas cujo trabalho foi impactante para o surgimento da Tradição Alexandrina; desenvolve acerca dos princípios da Tradição, tocando em vários pontos importantes, inclusive tem um capítulo dedicado ao conceito da Iniciação (que é tão debatido nas comunidades!) onde o autor nos explica acerca de como o processo funciona dentro da Tradição, acerca do "Vouch" (algo que, na minha opinião, é excelente numa Tradição e que eu gosto muito na Wicca)! Tem também todo um capítulo acerca dos Covens, com muita informação para quem está interessade em juntar-se a um coven ou a entender como os mesmos funcionam. 
Algo que eu quero destacar neste livro, e que faz com que eu goste tanto dele, é a transparência do autor. Sem divulgar nenhum aspecto secreto da Tradição (que os há, como todas as Tradições da Wicca Tradicional), ele consegue falar abertamente de todos os tópicos, inclusive os mais difíceis como abusos sexuais e predadores nas comunidades, as questões da identidade de género e até acerca da sexualidade ritual e da nudez ritualística. Achei muito refrescante ler um livro que é tão sincero e genuíno. 
No final do livro, o autor tem uma seção com perguntas e respostas que, suponho, são questões que são frequentemente colocadas ao coven e a ele próprio e disponibiliza ainda uma pequena lista de recursos e recomendações literárias, inclusive espalhadas ao longo do livro. 
Achei genuinamente que o "O Círculo Interior" é um livro que fazia falta nas nossas comunidades. Temos muitos livros de Wicca mas poucos livros de Wicca Tradicional, principalmente de Tradição Alexandrina e principalmente que tenham sido escritos atualmente, e não há 50 anos atrás (que, pessoalmente, acho importante pois vivemos em contextos diferentes daqueles que os fundadores viviam). É um livro que fazia falta às nossas comunidades e que recomendo vivamente a todos os interessades na temática da Tradição Alexandrina! 

E vocês? Já leram este livro? Que acharam? 

* Os links fornecidos podem pertencer a 'Affiliate Programs' e geram uma taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador.

Qualquer pessoa que investigue sobre Politeísmo Helénico ou que comece a pesquisar sobre Divindades Gregas, acaba por encontrar referências aos Hinos Homéricos. Contudo, nem todos sabem o que são os Hinos Homéricos e é sobre eles que hoje vamos falar.

Os Hinos Homéricos são um conjunto de trinta e três (33) poemas ou hinos a celebrar várias divindades. Os mesmos são considerados "homéricos" pois possuem uma estrutura semelhante aos épicos Homéricos da "Odisseia" e da "Ilíada", não significando, necessariamente, que tenham sido escritos todos pela mesma pessoa (a identidade do autor "Homero" é um assunto de debate entre os classicistas e historiadores, que não planeio abordar neste artigo). Os Hinos Homéricos são tentativamente datados do século 7 AEC (antes da era comum), contudo há alguns poemas que podem ter sido escritos mais tardiamente, como é o caso do "Hino a Ares", que alguns académicos consideram ser de um período mais tardio. 

Estes Hinos seriam originalmente recitados, na Grécia Antiga, em eventos ou rituais religiosos e descrevem os feitos dos vários Deuses, enaltecendo a sua história, a sua importância e o seu papel. Um dos Hinos mais famosos é o "Hino Homérico a Demeter" que nos conta a história da Descida/Rapto de Persephone, e, por consequência, o surgimento das estações do ano. Também o Hino a Hermes é bastante conhecido, pois retrata o nascimento do Deus Hermes e as suas peripécias enquanto bebé. 

Os Hinos Homéricos são importantes não só a nível religioso, pois permitem-nos uma visão dos mitos dos Deuses e, ao mesmo tempo, fornecem-nos hinos que podemos cantar ou recitar aos Deuses, tal como os gregos antes de nós o faziam, como também a nível literário, pois são uma das peças literárias mais antigas da Literatura Grega, e de uma importância enorme para os Estudos Clássicos. 

Existem várias formas de organizar os Hinos, pelo que podem encontrar várias ordens em que os mesmos se encontram listados, dependendo do tradutor ou do autor da edição. A ordem abaixo, que vos apresento, é com base no livro "The Homeric Hymns - A new translation by Michael Crudden" da Oxford World Classics, que é a edição que eu pessoalmente tenho em casa (e recomendo bastante, pois não só tem uma excelente introdução, como também possui notas que explicam os vários pontos de cada hino). Infelizmente não conheço nenhuma versão em português que possa recomendar. 

  1. Hino a Dionísio
  2. Hino a Deméter
  3. Hino a Apolo
  4. Hino a Hermes
  5. Hino a Afrodite
  6. Hino a Afrodite
  7. Hino a Dionísio 
  8. Hino a Ares
  9. Hino a Ártemis
  10. Hino a Afrodite
  11. Hino a Atena
  12. Hino a Hera
  13. Hino a Demeter
  14. Hino à Mãe dos Deuses (Rhea/Cibele)
  15. Hino a Heracles, com o coração de Leão
  16. Hino a Asclépios
  17. Hino aos Filhos de Zeus
  18. Hino a Hermes
  19. Hino a Pã
  20. Hino a Hefesto
  21. Hino a Apolo
  22. Hino a Poseidon
  23. Hino a Zeus
  24. Hino a Héstia
  25. Hino às Musas, Apolo e Zeus 
  26. Hino a Dionísio
  27. Hino a Artémis
  28. Hino a Atena
  29. Hino a Hestia
  30. Hino à Terra/Gaia
  31. Hino a Helios
  32. Hino a Selene
  33. Hino aos Filhos de Zeus

E vocês, já conheciam os Hinos Homéricos? Qual o vosso favorito?


No passado dia 4 e 5 de Novembro de 2023 realizou-se em Reguengos de Monsaraz, no Centro Druídico da Lvsitânea, o 1º Encontro Ancestral: Jornadas de Paganismo em Portugal. Este encontro foi organizado pelo Templo de Inanna e Astarté e pela Assembleia da Tradição Druídica Lusitana e com a Coordenação de COARCI - Conselho de Antigas Religiões e Cultos da Ibéria. 

O Sob o Luar teve o prazer de participar a convite do Templo de Inanna e Astarté e fez parte da Mesa Redonda - Impacto do Paganismo e das Comunidades Pagãs em Portugal e, juntamente com a Comunidade Paganices, teve a oportunidade de apresentar uma nova edição dos Seminários de Bruxaria Contemporânea, desta vez focando-nos na Feitiçaria e Bruxaria em Portugal! 

Primeiro Dia - 04 de Novembro de 2023


O dia começou cedo pelas 08:30h da manhã com uma receção e pequeno-almoço preparado pelos membros da ATDL e foi seguido pela Abertura oficial do 1º Encontro Ancestral, que contou com palavras do Arqui-Druida Adgnatios Kuridai da ATDL e da Mariana Vital, Sacerdotisa do Templo de Inanna e Astarté que nos deram as boas-vindas e apresentaram o programa para o evento. 

O restante da manhã foi espaço para o Ciclo de Palestras COARCI: Paganismo em Portugal, onde tivemos a oportunidade de ouvir quatro apresentações: 

  1. As transmutações da Roda do Ano Céltica Lusitana por Arqui-Druida Adgnatios Kuridai
  2. Xamanismo Ibérico por Carla Mourão
  3. Assembleia da Tradição Druidica Lusitana por Adgatia Vatos 
  4. Cultos Fenícios e Ibéricos em Portugal por Mariana Vital
Após um delicioso almoço, cortesia da ATDL, passamos para a parte da tarde que, apesar da chuva que se fez sentir, foi recheada de de atividades! Começamos pela segunda edição dos Seminários de Bruxaria Contemporânea onde tivemos a oportunidade de participar num ritual criado por Amala Oliveira da CASA Sagrar e onde a mesma nos falou acerca das "Memórias da Antiga Tradição preservadas no quotidiano das avós". Logo de seguida, e ainda dentro dos Seminários da Bruxaria Contemporânea, foi a apresentação de Karagan Griffith, Alto-Sacerdote da Wicca Alexandrina do Coven de Tomar - Linha de Queensberry, acerca do "Movimento Alexandrino no Mundo e Portugal" onde nos apresentou esta Tradição da Wicca, a sua história e partilhou connosco alguns vídeos.

No fim dos Seminários, tivemos uma atividade de Oficina de Barro guiada por Medeia, onde os participantes tiveram oportunidade de criar o seu Totem Ancestral. Após um pequeno lanche, celebrou-se o Rito Ancestral de Samónios no espaço sagrado da ATDL, cujas fotos podem verificar na página oficial da ATDL. 


Para terminar o primeiro dia deste evento, tivemos um Concerto Bárdico pelos bardos da ATDL e um Espetáculo de Fogo deslumbrante cortesia da Rita Duarte e do Luís Barbas. Ao longo do dia, tivemos disponível uma Mostra de Artesanato de vários artistas pagãos portugueses como Under the Moon Strings, Portal de Hécate, Fora Deste Mundo, Medeia, Retorno da Deusa, Bosque de Drusuna e o hidromel e livros da própria ATDL. 

Segundo Dia - 05 de Novembro de 2023

O segundo dia deste evento iniciou-se pelas 09h da manhã com um pequeno almoço, cortesia dos elementos da Assembleia da Tradição Druídica Lusitana, seguindo-se o Lançamento da Revista da Tradição Lvsitana Centro de Estudos Druídicos. Ao longo do dia estava também disponível uma Mostra Literária que contava com a presença do Centro de Estudos Druídicos, Morgana da Lusitânia, Karagan Griffith, Jimahl Di Fiosa, Amala Oliveira e Mora Sininho Rosa. 


Durante a manhã tivemos a primeira Mesa Redonda do dia com a temática "Movimentos Emergentes no Paganismo em Portugal" que contou com a participação de Mora Sininho Rosa, Joana Martins e Natasha Mirra, com moderação de Mariana Vital. Nesta mesa falou-se da forma como o Paganismo é visto e reconhecido pelas novas gerações, da importância das redes sociais e do seu impacto no movimento pagão, das questões socioambientais que atravessamos de momento e da definição de Paganismo no espaço e tempo atual. 


Após a Mesa Redonda seguiu-se o almoço, onde os participantes tiveram a oportunidade de conviver e trocar opiniões acerca dos debates que ocuparam a manhã e se prepararem para a segunda Mesa Redonda, que se iniciou no período da tarde. A segunda Mesa Redonda contou com a participação de Adaltena (ATDL), Mariana Vital (Templo de Inanna e Astarté), Carla Mourão (Retorno da Deusa), Alexia Moon (Sob o Luar) e Karagan Griffith (Coven de Tomar), com moderação de Natasha Mirra. Nesta mesa abordou-se a temática "Impacto do Paganismo e das Comunidades Pagãs em Portugal" e debateu-se a evolução das comunidades pagãs no nosso país nos últimos anos, as reflexões das mudanças e desafios que cada um dos participantes enfrentou e enfrenta no seu trabalho com a comunidade pagã e várias reflexões acerca do que é a comunidade e como a comunidade deve ser trabalhada e coexistir entre si. 

No final da última Mesa Redonda, procedeu-se à entrega dos prémios do 1º Concurso de Poesia Pagã, cujos resultados podem ser verificados na página oficial da Assembleia da Tradição Druídica Lusitana! Parabéns a todes vencedores!

No final, após umas palavras de fecho da organização, partilhou-se de um hidromel e deu-se por encerrada a primeira edição do Encontro Ancestral! Esperamos que haja oportunidade de serem feitos mais eventos similares em Portugal e estamos à espera da próxima edição!

E vocês, foram? O que acharam?

Um sentimento que é comum tanto a pagãos como a praticantes de ramos de bruxaria, é a a vontade de adaptar os caminhos pessoais aos locais onde vivemos, seja a nível de festivais, tradições, práticas tradicionais, etc. É uma vontade comum e, na minha opinião, essencial para aqueles que pretendem melhorar os seus laços com a sua terra ou o local onde vivem. 

Como já referi várias vezes aqui no blogue, na minha opinião, ser Pagão também implica uma conexão com o Mundo em que vivemos, especificamente com o mundo ativo onde estamos, ou seja, as nossas cidades, aldeias, vilas, países, zonas do mundo, quintais, etc. Muitos pagãos concordam que um dos pilares da definição do Paganismo, é a conexão com a Natureza e a ligação com o mundo natural. E, sejamos honestes, qual a melhor forma de estabelecer esta conexão e de sentir estas ligações do que com aquilo que está ao nosso redor? O que é mais fácil, para um pagão da América do Norte, conectar-se com as árvores do seu quintal ou da sua rua ou conectar-se com o conceito de uma árvore que só existe na Inglaterra ou na Irlanda? Será, obviamente, mais fácil conectar-se com a sua própria flora local. A ligação com a Natureza local, não só é uma mais-valia do ponto de vista ecológico (como eu já mencionei no artigo sobre a Ética dos Cristais e Plantas, acerca da utilização de ervas e plantas que existam perto de nós, fomentando o comércio local, aprendendo a cultivar e cuidar de plantas e estabelecendo aliados em plantas nativas da nossa zona) como também é uma mais-valia do nosso próprio bem-estar espiritual, pois estes aliados de que falamos, encontram-se perto de nós e ajudam-nos no nosso caminho. Um exemplo prático deste cenário, e um pouco relacionado com o meu caminho pessoal, é o culto das Ninfas na Antiguidade Clássica. Era comum haver ninfeus, pequenos locais de culto às ninfas locais, fossem de fontes, lagos, rios, etc. A água era preciosa e era essencial garantir uma ligação estreita com os seres espirituais destas fontes de água e, como tal, havia o culto das Ninfas que ainda hoje em dia podemos aplicar na nossa prática. 

Para além destes aspetos, podemos também referir que a adaptação das práticas locais, como festivais ou tradições, pode ser benéfico para quem tem interesse em aprofundar ligações com as tradições folclóricas do local onde nasceu ou vive. Por exemplo, um praticante de Trás-os-Montes poderá querer incluir no seu caminho características ou práticas típicas transmontanas. Apesar de muitas destas práticas terem influências católicas e cristãs, a origem-base das mesmas é o Paganismo e, como tal, podem facilmente ser readaptadas de volta a caminhos pagãos. Para aqueles que sentem uma ligação próxima com o local onde vivem ou nascem, com o seu país ou com a sua zona do país, esta pode ser uma forma de coexistir os dois mundos. Isto também se refere a práticas ou costumes familiares, passados de geração em geração e adaptados ao caminho pagão de cada um. 

Não há um conjunto de instruções de passo-a-passo de como fazer isto. É algo que vai depender de cada um de nós, de cada uma das práticas que pretendemos incluir ou adaptar e da forma como o queremos fazer. O que recomendo, para quem quer começar a explorar estas hipóteses, é investigar e estudar sobre as práticas locais onde zona que tem interesse, escrever tudo num documento ou numa folha e tentar estabelecer um plano de como incluir as mesmas na sua prática pessoal. Recordo que não existem regras fixas neste processo, e que podemos (e devemos) adaptar as coisas como sentirmos que faz mais sentido. E, claro, a qualquer momento do nosso caminho, podemos voltar atrás e mudar algo ou trocar algo, se acharmos que já não faz sentido estar como está. 

E vocês, há alguma prática local que tenham adaptado ao vosso caminho? 

O culto aos Ancestrais é uma prática predominante em várias tradições dentro do Paganismo, como é o caso do Helenismo ou de Heathenry e, também, em práticas mais tradicionais ou folclóricas. Este tipo de culto é um culto diferente do culto de Divindades (como já vimos anteriormente no artigo Diferença de Cultos: Deuses, Ancestrais e Outros), pois não é baseado no honrar uma divindade/ser superior, mas sim no honrar e respeitar aqueles que vieram antes de nós. Inclusive, muitos praticantes preferem chamar-lhe "Honras" aos Ancestrais, ao invés de Culto. Tal como quase tudo dentro do Paganismo, vai depender do praticante e da tradição, pelo que não se sintam limitades.

Apesar de, por norma, este culto ser prestado culto aos nossos familiares diretos, que já não se encontram entre nós, como é o caso de avós, bisavós, tios, pais, etc. é também comum haver honras a outros tipos de Ancestrais. Há quem goste de dividir o conceito de Ancestrais, reconhecendo vários tipos de ancestrais como:
  • Ancestrais de Sangue: Aqueles que fazem parte da nossa família e da nossa árvore genealógica, que partilham a nossa linhagem. 
  • Ancestrais da Arte: Aqueles que fazem parte do nosso caminho religioso/espiritual/mágico, mesmo que não os conheçamos. Podem ser autores famosos que nos inspiraram e já morreram, podem ser ancestrais de uma forma mais genérica como "todas as sacerdotisas antes de mim", etc. 
  • Ancestrais de Honra: Aqueles que, pelas suas ações ou pela sua vida, queremos honrar. Aqui pode haver uma mistura com o conceito de Honra de Heróis, dado que as pessoas podem ser encaixadas em ambas as categorias. Podem ser atores, figuras políticas, figuras históricas, etc. 
  • Entre outros. 
Estas categorias podem ter vários nomes, e até serem subdivididas, dependendo das tradições. Mas, essencialmente, representam o mesmo. É um conjunto de pessoas, que conhecemos ou não, que já não se encontram no plano físico e às quais queremos honrar. Há quem decida incluir, nos seus altares de ancestrais, também animais de estimação, ficando ao critério de cada um. 

Agora, a questão que se coloca, como se começa um culto ou honras aos Ancestrais? E como se faz? 

Da mesma forma que cria qualquer outro tipo de culto ou honras: Devemos criar um espaço para um pequeno altar ou local onde possamos honrar estas pessoas, com base na nossa prática pessoal (por exemplo, no meu caso, o meu altar de Ancestrais está abaixo de todos os outros altares, para estar mais perto da Terra e do mundo ctónico). Podemos decorar o mesmo como preferirmos, sendo que recomendo sempre uma toalha e velas. E, claro, devemos colocar fotos ou representações de quem queremos honrar. Podem ser fotos das pessoas, objetos que a pessoa nos tenha dado e nos lembra dela, cartas ou outros bens que nos fazem pensar na pessoa. 

Estamos, essencialmente, a criar um pequeno espaço onde podemos ir e recordar aquelas pessoas, pensar nelas, no impacto que tiveram na nossa vida e recordá-las. Como se costuma dizer na Bruxaria "Aquilo que é recordado, vive" e é esse o objetivo da honra dos Ancestrais: recordá-los e manter a sua memória e legado vivos. 

Depois do espaço criado, a forma como as honras são feitas vai depender de cada tradição e caminho (recomendo este artigo que compila algumas formas de culto de Ancestrais). Algumas recomendações que posso dar são:
  • Manter o espaço limpo e estabelecer um ritmo para fazer oferendas (podem ser velas, incensos, libações, etc.); 
  • Determinar uma altura do ano (para quem segue a Roda do Ano, poderá ser Samhain) onde dedicamos mais tempo e uma celebração mais complexa aos Ancestrais; 
  • Ir renovando as fotos ou adicionando novas pessoas, conforme necessário. 
O culto dos Ancestrais, ainda mais do que o culto das Divindades, é um culto extremamente pessoal, pois as pessoas que estamos a honrar são pessoas que tiveram um impacto direto em nós, na nossa vida e no nosso caminho e, como tal, não há certos nem errados. Poderá haver orientações, dependendo da tradição de cada um, mas, no final de contas, este espaço que criamos serve para nos conectar com quem já não está entre nós e só nós podemos decidir o que é certo ou errado, por isso, não se sintam limitades por nada que leiam e, lembrem-se, "Aquilo que é recordado, vive". 

Hoje falaremos de uma das principais conceções erradas no que diz respeito à Deusa Hekate: a sua consideração como uma Deusa Tripla, no sentido de "Donzela/Mãe/Anciã", o chamado "MMC (Maiden, Mother, Crone"). É este conceito que pretendo desconstruir com este artigo.

Contrariamente à ideia popular, Hekate é uma Deusa tradicionalmente representada como sendo Deusa Virgem (à semelhança de Artemis). Vemos essa representação, por exemplo, na citação dos Oráculos Caldeus (para mais informação sobre Hekate nos Oráculos Caldeus, recomendo este episódio do Podcast da Caverna de Hekate):

“I come, a virgin of varied forms, wandering through the heavens, bull-faced, three-headed, ruthless, with golden arrows; chaste Phoebe bringing light to mortals, Eileithyia; bearing the three synthemata (sacred signs) of a triple nature. In the Aether I appear in fiery forms and in the air I sit in a silver chariot.” - Oráculos Caldeus

Também todas as representações que temos de Hekate, em estátuas ou pinturas, representam-na como uma jovem rapariga ou, quando com cabeça de animais, com o corpo de uma jovem rapariga. Em nenhum momento a Deusa Hekate é caracterizada como sendo uma "velha anciã".

A ideia de Hécate enquanto uma figura Anciã surge, curiosamente, pela mão de Aleister Crowley, já no início do séc. XX em vários dos seus livros e documentos. Como a Sorita d'Este cita no seu artigo Hekate's Profanation (que eu recomendo vivamente e considero leitura obrigatória para qualquer interessado na Deusa Hekate):

"Hekate is the crone, the woman past all hope of motherhood, her soul black with envy and hatred of happier mortals." - Aleister Crowley, no seu livro "Moonchild".

Esta representação de Hekate enquanto uma velha anciã, aliada ao conceito cada vez mais crescente, à época, de uma Deusa de três Fases (Donzela, Mãe e Anciã - para mais informação sobre o conceito de MMC, recomendo o meu artigo "A História da Deusa Tríplice"), levou a que Hekate ficasse, incorretamente, atribuída ao conceito de Anciã. Hekate, historicamente e mitologicamente, nunca foi uma Anciã, mas sim uma jovem rapariga (ou, se preferirem, uma "Donzela"). Contudo, o papel de Hekate como Donzela não é enquanto a Donzela famosa das tradições Wiccanas, mas apenas uma representação do facto de a Deusa ser representada como uma jovem menina ou mulher nas suas representações clássicas, à semelhança de outras divindades como Artemis ou Héstia. 

Apesar disto, Hekate é uma Deusa Tripla, ou seja, é representada como tendo três corpos/cabeças. Esta representação pode ocorrer como sendo três corpos humanos, como um corpo com três cabeças humanas ou como um corpo com três cabeças de animais (normalmente bois, cães, cobras, cavalos, etc.). Hekate não representa três Deusas diferentes ou três aspectos diferentes, como a Deusa Tríplice Wiccana, mas sim apenas a sua divindade, que é representada num corpo triplo. 

Para mais informações acerca da Deusa Hekate recomendo o meu artigo "Deusas e Deuses: Hekate" e também a visitarem o Covenant of Hekate. 

Olá! 👋🏻

Quero começar por agradecer a paciência de quem esperou pelo meu regresso e pelas mensagens de apoio que recebi nas redes sociais! Esta pausa não só foi bem merecida como bem necessária. O regresso vem com algumas reflexões e algumas mudanças. Os membros do Patreon já sabem, dado que publico tudo lá com antecedência e os mantive a par ao longo destas férias, e agora partilho convosco também.

Contudo, antes de explicar o que vai mudar e apresentar este novo capítulo do Sob o Luar, quero contar-vos como cheguei a este momento. 

Eu comecei a estudar Paganismo e Bruxaria em meados de 2006 e, passado uns tempos, em 2008 criei um blogue chamado "Caminho Mágico" (que já não existe, em nenhum formato). Este blog esteve em funcionamento até inícios de 2014, quando fui obrigada a encerrá-lo por infelizes motivos. Mais tarde, , no início de 2016, ultrapassada a situação em que me encontrava, criei o Sob o Luar com um propósito semelhante: ajudar, guiar, orientar, tanto no Paganismo como na Bruxaria. A partir de 2016, com o meu regresso às comunidades pagãs e, pode dizer-se, à minha independência, várias coisas aconteceram: juntei-me a grupos e comunidades online que tive o prazer de moderar, tornei-me Sacerdotisa de Hekate e Persephone pela Fellowship of Isis, fundei o Iseum do Caminho da Terra, participei em livros, em seminários, em conferências e... descobri caminhos novos. Descobri chamamentos novos. Enquanto descobri estes novos caminhos, senti também uma desconexão com trilhos em que me encontrava antes. 

Em 2020, com o início da pandemia, comecei a explorar formas diferentes de encarar o Divino, comecei a investigar outros caminhos pagãos e comecei a encontrar um novo rumo: o Paganismo Helénico. E, ao mesmo passo, fui-me desligando da Bruxaria cada vez mais. Em 2021 deixei de me identificar como Bruxa mas continuei sempre a produzir conteúdos, contudo... Desde finais de 2022 que perdi a vontade de produzir conteúdos de Bruxaria. Tenho-me forçado, por vários motivos que impus a mim mesma, mas, com estas férias, cheguei finalmente à conclusão de que está na altura que aceitar a realidade de há muito tempo: A Bruxaria já não me chama e, como tal, não tenho que produzir conteúdos sobre a mesma e posso dedicar a minha energia e tempo a produzir conteúdos e a ajudar pessoas que estejam interessadas naquilo que me chama: o Paganismo e a Religiosidade Pagã.

É desta transformação que as mudanças do Sob o Luar nascem. Mas perguntam vocês, e o que vai mudar? Pois bem, vamos por pontos:
  • A temática do Sob o Luar vai focar-se, exclusivamente, em Paganismo e Religiosidade Pagã. Claro que há temáticas que se intersectam (rituais, métodos divinatórios, cristais, etc.) mas o foco vai manter-se na parte pagã e não na parte bruxa.
  • Isto leva a que vários artigos tenham sido removidos do Sob o Luar. No total, foram removidos cerca de 46 artigos. Alguns destes vão ser rescritos e publicados nos próximos meses. Se houver algum artigo que vocês tenham guardado e gostariam de ter uma cópia, para uso pessoal, enviem e-mail para o contacto do blogue. 
  • O Curso de Magia Quotidiana foi descontinuado (maioritariamente por falta de tempo da minha parte), contudo, estou a planear, a médio/longo prazo, lançar cursos diferentes. A página de Serviços foi apagada.
  • O Portal de Iniciantes e os Recursos foram unidos numa só página, de forma a ser um hub central de informações úteis. Os tópicos e recursos relacionados com Bruxaria foram removidos. 
De resto, o Sob o Luar vai manter-se com duas postagens por mês e vou diminuir apenas as postagens nas redes sociais, para diminuir a minha carga de trabalho, devido à universidade. O Patreon continua ativo e com newsletter semanal (mais vídeos para o Tier Sóis!) para quem quiser apoiar e saber um pouco mais dos bastidores do blogue. 

Agradeço, novamente, todo o apoio e carinho que me tem sido dado e continua a ser dado pelos leitores e apoiantes do blogue e espero continuar a ver-vos por cá! Se não, Feliz Encontro e Feliz Partida! ✨

Bênçãos,
Alexia Moon

Olá! 🥰
Hoje trago-vos um aviso e um post especial. Os membros do Patreon já sabem desta notícia desde o dia 23-03 mas optei por esperar pelo início de Abril para anunciar publicamente. O que se passa, como eu já tinha dado a entender no início de Março, eu sinto-me sem grande inspiração e sem motivação para o Sob o Luar. E isso é algo que me custa, porque o Sob o Luar é muito especial para mim. 
Tirei este mês para refletir e algo a que cheguei a conclusão é que sempre que tiro um mês de "férias" acabo por não descansar porque estou constantemente a pensar no que tenho de lançar quando "vier de férias" e acabo por passar o mês a preparar conteúdos futuros ao invés de, bem, descansar... E isso não é produtivo. 

Então decidi que estaria na altura para, pela primeira em quase 7 anos, tirar umas férias/fazer um hiatus indeterminado. Idealmente planeio ficar de férias até ao Verão mas, se necessário, poderei esticar mais um pouco, dependendo de como correm as coisas! 💛

Contudo, há algumas nuances nestas férias, nomeadamente:

  • O Patreon mantém-se a funcionar normalmente, com postagens semanais para todos os membros e dois vídeos por mês para o Tier de Sóis. 
  • O curso de Magia Quotidiana vai continuar a funcionar normalmente e aceitar novos estudantes. 
  • O aconselhamento do ICT, que está listado na página de Serviços, vai manter-se aberto.
  • Poderei, ou não, às vezes aparecer no Instagram do Sob o Luar para responder a comentários, mensagens privadas ou postar projectos e coisas interessantes nas stories (mas não haverá conteúdo no feed). 
De resto, vou de férias e planeio voltar no Verão ou, em último dos cenários, no Outono! 🙏🏻🥰

Obrigada a todo o apoio que dão ao projeto e sintam-se à vontade para se juntar ao Patreon (por 1€/mês!) para irem recebendo novidades e lendo sobre como vão as coisas!

Bênçãos Plenas,
Alexia Moon


Uma das coisas que parece bastante complicada quando estamos a começar no caminho do Paganismo ou da Bruxaria é o de criar a nossa própria prática e como dar os primeiros passos para estruturar o nosso caminho. Este artigo tem como objetivo reunir algumas dicas para ajudar neste processo! 

Para começar é preciso recordar que tudo deve ser feito ao nosso próprio ritmo. No final de contas, seja o nosso caminho mágico ou nosso caminho espiritual, ambos são caminhos individuais e para nosso próprio crescimento, satisfação e felicidade. Não estamos a competir com ninguém nem existe nenhuma corrida, pelo que devemos ir ao nosso ritmo pessoal e conforme aquilo que estamos a sentir que é o certo. 

A melhor forma de construir a nossa prática pessoal é ir aos poucos, conforme vamos aprendendo e experimentando. Não nos podemos esquecer que, como tudo na vida, a nossa prática vai ser fluída e vai mudar com a passagem do tempo, por isso, um dos principais conselhos é estar aberto à mudança e à fluidez das nossas práticas. 

Para além desta fluidez temos também de nos recordar de não querer ser perfeites logo ao começo e que falhar ou experimentar coisas só pela vontade de experimentar é normal e até aconselhável, por isso, devemos sempre lembrar-nos que a primeira estrutura ou rotina que criamos não vai ser a que vai ficar para sempre ou a "definitiva". Temos a liberdade para explorar os nossos caminhos da forma que achamos melhor e que nos identificamos mais. 

Após já termos algumas bases nos assuntos é quando começamos a querer estruturar algo conciso e dar-lhe um nome. Começar a identificar-nos com um caminho específico e estruturar como a nossa prática é definida. Algumas dicas para quando iniciamos este processo:
  • Fazer uma pequena lista dos nossos interesses dentro do Paganismo e da Bruxaria, para entendermos onde está o nosso "nicho" e o nosso foco. É okay se a lista for diversificada, mas termos esta estrutura escrita ajuda-nos a guiar-nos e a saber por onde trilhar. 
  • Fazer uma lista de palavras que achamos que definem o nosso caminho. Podem ser palavras aleatórias como "Verde", "Fadas", "Grécia", etc. Algo que nos ajude a classificar as coisas que associamos com o nosso caminho. 
  • Se não quisermos dar já um nome ao nosso caminho, não há problema! Podemos apenas identificar-nos com termos vagos como "Bruxe" ou "Pagão" e ficar por aí. Esses termos são válidos. Até "Curiose" é um termo válido. 
  • Se houver afinidade por algum tipo de divindade ou algum panteão, podemos começar a explorar mais esse campo para ajudar na nossa prática, dado que muita coisa pode ser construída em torno do culto devocional a Divindades. A mesma coisa se aplica a Seres Mágicos ou Entidades! 
  • Depois de termos criado a nossa lista de interesses e a lista de palavras chaves, podemos começar a procurar conteúdos (tanto online como em livros) relacionados com essas temáticas. Ver o conteúdo de outros praticantes vai ajudar-nos a tirar ideias de coisas a aplicar na nossa prática. 
  • Se houver, recomendo também juntar a comunidades relacionadas com os nossos interesses como Grupos do WhatsApp ou de Facebook onde se possa trocar opiniões e ideias com outros praticantes. 
No final das contas o que não pode ficar esquecido é que o caminho a trilhar é, e sempre será, nosso e somos nós que o definimos e o vivemos, pelo que devemos sempre trabalhar para sermos felizes no nosso caminho e não necessariamente agradar outras pessoas ou cumprir "aesthetics" (que é um dos principais problemas das redes sociais hoje em dia). 

E vocês, que conselhos dão nestas situações?  
Capa do Livro
Título: Dedicant, Devotee, Priest: A Pagan Guide to Divine Relationships
Autor(es): Stephanie Woodfield 
Pontuação: ★★★★★
Descrição: Construa um relacionamento com os deuses em todos os níveis de devoção. Em qualquer caminho espiritual, buscamos uma forte conexão com os deuses. Mas sabe como desenvolver verdadeiramente um relacionamento com eles? Este livro orienta a servir o divino em três níveis significativos que vão além de apenas pedir aos deuses apoio mágico ou pessoal. Dedicant, Devotee, Priest fornece explicações práticas sobre o que significa venerar uma divindade, como saber quando alguém está tentando chamar sua atenção e muito mais. 
Onde Comprar*: Wook 
Análise: Hoje trago uma análise de um livro que li recentemente, que é o "Dedicant, Devotee, Priest"! Já andava desejosa de ler este livro há bastante tempo e finalmente tive a hipótese de o começar a ler e, tenho a dizer, que não só o amei completamente como vou passar a recomendá-lo a todes interessades em iniciar algum tipo de relação devocional com uma Divindade, seja de que panteão for.  

A autora do livro inspira-se na sua prática pessoal, que é bastante influenciada por práticas celtas e nórdicas, contudo, o livro pode ser utilizado por pessoas de todos os caminhos (eu sou Pagã Helénica e sinto que beneficiei muito do livro)! O livro é bastante diverso e fala de vários tipos de relacionamentos com divindades, focando-se principalmente nos três mencionados no título: Dedicado, Devoto e Sacerdote. Cada um destes tem o seu respetivo capítulo, recheado de informações e exercícios, principalmente de reflexão mas também alguns de rituais. Estes exercícios são, a meu ver, a cereja no topo do bolo porque permite ao leitor levar o conteúdo do livro da parte teórica para o campo prático do seu caminho e são uma mais valia. 

Um dos pontos que me pediram, no Refúgio, para desenvolver sobre era qual a minha opinião sobre a parte 3 do livro, em que é falado do Sacerdócio Pagão. Pessoalmente foi uma parte do livro que gostei muito! Temos poucos livros que falem abertamente do conceito de Sacerdócio Pagão e de como este se pode apresentar nas nossas comunidades e achei fantástico a autora não só referir como dar exemplos da forma como um Sacerdócio pode ser vivenciado. 

Todo o livro está recheado de citações fantásticas e que nos fazem refletir acerca da nossa relação com os Deuses e da forma como os mesmos estão presentes no nosso dia-a-dia, contudo, houve uma frase muito especial que eu adorei e que sinto que é obrigatório mencionar nesta review:

"Fully conceptualizing the scope of the gods is like trying to hold the ocean in a teacup. The ocean remains vast, but our conscious understanding of it may only be the waters we catch in our teacup. Some of us may scoop up different-tasting waters in our cups. So perhaps it is no wonder that there are many different models for devotional relationships. Some are permanent, some are not."

Tradução (por mim): "Tentar conceptualizar a total presença dos deuses é como tentar segurar o oceano em uma chavena de chá. O oceano continua vasto, mas nossa compreensão consciente dele acaba por ser apenas as águas que colhemos na nossa chávena. Alguns de nós podem apanhar água de sabores diferentes nas nossas chávenas. Portanto, talvez não seja de admirar que existam muitos modelos diferentes para relacionamentos devocionais. Alguns são permanentes, outros não."

No final de contas, e como este livro bem menciona, a nossa relação com os Deuses é mesmo isso: Nossa. E nós é que a vivenciamos e experienciamos e, tal como os relacionamentos com as pessoas em nosso redor, todas elas são relações únicas e especiais. 

E vocês? Já leram este livro? Que acharam? 

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Sob o Luar by Alexia Moon/Mónica Ferreira is licensed under CC BY-NC-ND 4.0