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Sob o Luar


Hoje vamos voltar a falar sobre Divindades e, mais especificamente, como começar a trabalhar com elas. Sim, já temos um artigo parecido aqui no blogue, intitulado "Como começar devoção aos Deuses?" mas, como podem ver, eu escolhi terminologias diferentes: Trabalho vs Devoção. 

Enquanto a devoção, que foi falado no meu artigo antigo, tem um carácter mais religioso e espiritual, o trabalho é algo mais prático e mais comum dentro da Bruxaria, onde é estabelecida uma relação de trabalho com uma divindade. Ou seja, a divindade e o praticante estão numa espécie de negócio, em que há uma troca de algo a ocorrer, por norma, oferendas em troca de algo para o praticante. Este tipo de trabalho é algo mais informal e, em alguns casos, sem qualquer tipo de intimidade por parte do praticante (algo que na devoção acaba sempre por acontecer). 

O trabalho com as Divindades pode ser feito pelos mais diversos propósitos mas, por norma, é no seguimento de trabalhos mágicos no qual o praticante queira solicitar a ajuda de Deuses. Este trabalho mágico com as divindades não requer compromissos, tirando aqueles estabelecidos durante a troca ou acordo com as divindades, mas requer trabalho por parte do praticante, principalmente em garantir que aquilo que prometeu aos Deuses lhes é entregue. Um exemplo prático é um praticante que prometa a Hermes que lhe fará oferendas semanais durante um período de um ano em troca de ajuda num processo de candidatura de emprego. O praticante terá de garantir que, durante aquele ano, fará as oferendas prometidas. 

Mas, como começar este tipo de prática? Este tipo de prática não é para toda a gente, até porque, como já falamos, a Bruxaria pode ser praticada sem a presença de Deuses. Não é uma prática obrigatória e só deve ser feita por aqueles que se sentem confortáveis com isso. Por norma, neste tipo de prática, não há qualquer chamamento por parte de Divindades, porque o principal interesse nesta troca é do praticante. 

Inicialmente, é preciso garantir que não vemos os Deuses como "Deuses de Prateleira" (podem ler mais sobre o assunto, no artigo do link) e que os vemos como entidades individuais (no caso do politeísmo, mas também aplicável ao caso da Deusa/Deus da vertente duoteísta). Ou seja, não devemos começar a ir sempre a Afrodite porque queremos amor ou Hermes porque queremos ajuda com dinheiro ou Atena porque queremos ajuda com os estudos. Apesar de ser um processo de trabalho, e não de devoção, não significa que os Deuses sejam bonecos para serem explorados ou utilizados. Vejam os Deuses, neste cenário, com amigos que vocês conhecem. Vocês se tiverem um amigo que tenha dinheiro, não vão estar sempre a ir a esse amigo pedir dinheiro, não é? Porque ele vai acabar por se cansar de vocês e deixar de responder às mensagens. E os Deuses, passa-se a mesma coisa, vai acabar por haver divindades com as quais vão trabalhar mais vezes e às quais podem recorrer para pedir ajuda, mesmo que não seja totalmente do foro delas. E não há problema nisso. 

Outro passo essencial, semelhante ao que acontece no processo devocional, é a necessidade de explorar e aprender sobre a Divindade. Não podemos apenas fazer um ritual, chamar Zeus e dizer "Olá Zeus, quero isto". É óbvio, não é? Isto é a mesma coisa que ir na rua, parar um estranho e pedir 20€. Ninguém faz isso. É preciso entender a divindade, entender os seus mitos e ter alguma noção sobre quem estamos a chamar e se é a pessoa certa para o que precisamos (tal como faríamos se fossemos contratar um carpinteiro para arranjar em casa, não iríamos ao primeiro que aparece na pesquisa, mas iriamos ver qual o melhor para o que queremos). Cabe ao praticante fazer o esforço de aprender sobre a Divindade e tomar a iniciativa. 

Aqui é a parte onde difere do aspeto devocional: Enquanto no devocional iniciaríamos o processo de aproximação da divindade, oferendas e meditações, criar altares e por aí fora, no campo do trabalho mágico esse aspeto acaba por não acontecer (pode acontecer, mas não é uma necessidade). Aqui inicia-se o trabalho mágico em si, seja ele qual for. E é feito o acordo e a troca com a Divindade (seja ela qual for, também). E depois, é da parte do praticante garantir que cumpre a sua parte, mantendo o respeito pela Divindade e pelo trabalho que está a fazer. No fim, poderá despedir-se da Divindade de vez ou continuar a trabalhar com ela durante mais algum tempo. 

Espero ter ajudado a distinguir o conceito de devoção e de trabalho e conseguido orientar no processo de aprender sobre como começar a trabalhar com Divindades. O resto é tentativa e erro da parte do praticante! 

Se quiserem deixar dicas (ou questões) nos comentários, sintam-se à vontade! 

Um dos temas que me foi pedido no Instagram do Sob o Luar foi para falar sobre a apropriação cultural e como evitar a mesma na nossa prática. Antes de começar, vamos definir o que é apropriação cultural: 

Segundo Arnd Schneider (2003) a apropriação cultural é a adoção inadequada ou não reconhecida de um elemento ou elementos de uma cultura ou identidade por membros de outra cultura ou identidade. Isso pode ser controverso quando membros de uma cultura dominante se apropriam de culturas minoritárias.

Alguns exemplos de apropriação cultural são, por exemplo, os disfarces de "índios" que se vêm durante o Carnaval ou Halloween que são uma clara ofensa aos povos nativos-americanos. Ou a utilização do termo "smudging" para significar limpeza de um local, sendo que esse termo é exclusivo de tribos índígenas onde smudging não é apenas queimar ervas para limpar uma casa, mas todo um ritual específico dentro desta cultura. Existem diversos exemplos de apropriação cultural, de diversas culturas, que acabam por estar presente, infelizmente, em nosso redor. Contudo está no nosso poder (e dever!) garantir que não as propagamos e, aliás, que educamos as pessoas à nossa volta para não compactuar nestes comportamentos. 

É também importante distinguir que existem diferenças entre o termo de "apropriação cultural" e o termo "prática fechada". Uma prática fechada é, por norma, uma prática que requer iniciação dentro da mesma e que não pode ser praticada fora desses grupos ou tradições. Não quer dizer que a pessoa X ou Y não a possa praticar mas, para o fazer, terá de ir ter com esses grupos, introduzir-se nas suas culturas, socializar, conhecer as pessoas e, se o grupo em causar a aceitar, então aí tratar desse processo. 

Agora, a grande questão: Como evitar praticar apropriação cultural? 

Acima de tudo entendendo de onde vêm as coisas que estamos a praticar. Quando estamos a aprender sobre Bruxaria e Paganismo e vemos algo que gostaríamos de incorporar na nossa prática é essencial investigar sobre esse assunto e, acima de tudo, entender as suas origens (e, dessa forma, acabamos por entender também o seu funcionamento). Obviamente que uma prática que seja comum em todo o espaço europeu não vai ser um caso que possa ser apropriado culturalmente porque faz parte da cultura de todo um continente que possui um papel dominante na sociedade ocidental. Ou uma prática que seja de uma cultura morta (como Antigo Egipto ou Roma Antiga), porque não há uma cultura minoritária a ser afetada, porque a mesma já não existe há milhares de anos (ao contrário do que muitos grupos nacionalistas dentro das comunidades possam tentar alegar). Mas se calhar, se for uma prática de uma tribo indígena sul-americana já se trata de uma apropriação cultural, principalmente se essa cultura for abertamente contra essa prática (que é o caso de algumas práticas africanas ou de tribos indígenas brasileiras que se vêm apropriadas). 

Esta é, sem dúvida, uma área na qual é preciso trabalho ativo. Não há forma de ter uma lista com todas as coisas que não podem ser apropriadas culturalmente porque isso seria impossível. É preciso ler e investigar o assunto (O google é uma excelente ferramenta o TikTok/Tumblr nem por isso) e ver, acima de tudo, testemunhos de pessoas que fazem parte das culturas afetadas para entender o feedback delas. Em caso de dúvida, podemos sempre participar em comunidades online e questionar os outros para tentar aprender (principalmente questionar pessoas dessas culturas porque não é alguém como eu - branca e europeia - que vos vai conseguir falar em nome de uma cultura à qual eu não pertenço). E em caso da dúvida se manter, podemos sempre abster-nos de certas práticas ou, melhor ainda, substitui-las por coisas mais perto de casa! Por exemplo, voltando ao caso do smudging: Ao invés de querermos queimar sálvia branca ou palo santo (que são duas plantas que estão a ser exploradas em excesso ao ponto de estarem em risco e, também, utilizadas originalmente por povos nativo-americanos) para limpar a casa porque não usarmos plantas locais de Portugal? Temos o alecrim, a arruda e a sálvia comum que fazem exatamente o mesmo papel e são plantas presentes no nosso ecossistema local. Não só estamos a evitar sobre-exploração de uma planta, evitar apropriação cultural como ainda estamos a conectar-nos com a nossa flora local, utilizando plantas nativas da zona onde vivemos. 

Por fim, gostava de recomendar um artigo (em inglês) que li sobre a temática: "Cancelled for Renovations: More Thoughts on Closed Practices". Espero ter ajudado a esclarecer um pouco mais este tópico e sintam-se à vontade para dar as vossas opiniões (respeitosas, porque qualquer comentário extremista nem será aceite) nos comentários! 

Nota: Um agradecimento especial à Sininho que me ajudou a rever este texto! :) 

Um dos tópicos de bastante conversa e controvérsia nas nossas comunidades pagãs em geral é o tópico do Sacerdócio. Um Sacerdócio, dentro do Paganismo, pode significar várias coisas, ser alcançado de várias maneiras e pode dar discussões de vários assuntos. Este artigo não pretende desvalidar ou validar qualquer tipo de Sacerdócio e é apenas um artigo sobre acerca do que é o Sacerdócio e dar alguns exemplos de tipos de Sacerdócio. Para uma reflexão acerca da validez de Sacerdócios e de Iniciações, podem consultar este artigo aqui no blogue.

Um livro que recomendo muito sobre esta temática é o A Practical Guide to Pagan Priesthood, que já analisei aqui no blogue, e que acho ser uma leitura essencial para quem está interessado neste tipo de temática. 

Mas então, o que é um Sacerdócio? A definição de Sacerdócio é "Conjunto das funções e dignidade do ministro/sacerdote de um culto qualquer" . E um ministro/sacerdote é "Pessoa que fazia sacrifícios às divindades". OU "Pessoa que ministra os sacramentos de uma igreja." (definições de Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Ou seja, um Sacerdócio é o nome dado ao trabalho de um Sacerdote que é, para todos os efeitos, uma figura que presta serviços ou sacríficios a um determinado grupo religioso. Um exemplo comum de sacerdote é um padre de uma paróquia, por exemplo.

Dentro do Paganismo temos vários tipos de Sacerdócios. Temos Sacerdotes dentro da Wicca, onde é feito um período de treinamento e são feitos votos sacerdotais que podem ser renovados dependendo da súbida de níveis dentro da Tradição. Temos também dentro do Druidismo algumas organizações onde são feitos votos sacerdotais de serviços à comunidade. Dentro da Fellowship of Isis temos a possibilidade de ser realizado um Sacerdócio de forma a ser prestado trabalhos à comunidade em nome de Divindades (idealmente femininas). Também dentro da tradição de Glastonbury Goddess Temple, por exemplo, existe treinamento sacerdotal que concede títulos dentro da organização e da tradição em específico.

E existem muitas outras tradições e grupos religiosos que têm processos de treinamento que acabam por conferir graus sacerdotais (ou outros equivalentes, com nomes diferentes). A essência é a mesma: Alguém fica capacitade para servir a comunidade, dentro daquela tradição e nos moldes da mesma. E é, essencialmente, isso que é um Sacerdote/Sacerdotisa. Não se trata de um cargo por nome ou apenas para ter hierarquia sobre outra pessoa. É um cargo que representa um comprometimento com os Deuses e com a tradição onde ocorreu a iniciação, para prestar um serviço à comunidade e às Divindades. Este serviço pode ser prestado de diversas formas e há vários tipos de Sacerdotes e Sacerdotisas e várias formas de prestar os serviços. Pode ser através da organização de eventos para a comunidade, através do fornecimento de recursos, de acompanhamento de doentes ou pessoas em fim-de-semana, através de ajuda a grávidas e momentos de nascimento, acompanhamento emocional e de apoio à comunidade, através de serviços oraculares ou até de disponibilização do corpo como veículo para incorporações divinas, etc, etc. São imensas e variadas as formas como um Sacerdócio pode ser exercido e concretizado, dependendo apenas das pessoas envolvidas e dos moldes da tradição em que esta iniciação ocorre. 

Isto, para dizer, que um Sacerdócio não é algo que deve ser iniciado de ânimo leve. Acarreta um elevado nível de responsabilidade e de comprometimento por parte da pessoa que está a tomar os votos, porque vai estar a dedicar a sua vida ao serviço das Divindades e daquela Tradição, a partir daquele momento. Eu costumo dizer que é boa ideia comparar com os sacerdotes cristãos ou de outras vertentes mais estabelecidas: Um padre católico, por exemplo, faz vários sacríficios pessoais para exercer o seu cargo dentro da Igreja e assume um nível de responsabilidades e de comprometimento que, para todos os efeitos, é para a sua vida inteira. E um Sacerdote ou Sacerdotisa dentro do Paganismo deverá encarar o Sacerdócio da mesma forma. 

Mas sei o que questionam: "Se me tornar Sacerdote/Sacerdotisa, não posso desistir/parar?". Bem... Idealmente não, né? O ideal é que os votos sejam feitos para a vida. E é isso que a maioria dos Sacerdotes e Sacerdotisas faz, tal como os padres fazem. Mas, todos sabemos, que a vida é feita de mudanças e tal como há padres que saem da Igreja também há Sacerdotes/isas no Paganismo que acabam por sair dos seus serviços ou das suas tradições. Os moldes em que estas saídas saem são exclusivos de cada tradição e devem ser vistas dentro da mesma, pelo que não vou dizer o que faz ou deixa de fazer, porque vai depender de caminho para caminho. Mas, não podemos esquecer, que a tomada de votos sacerdotais é um comprometimento sério e deve ser levado com seriedade e conhecimento daquilo com que nos estamos a comprometer. 

E vocês, já conheciam? Conhecem Sacerdotes/isas? O que acham desta temática?

Ao longo da nossa prática mágica ou do nosso caminho espiritual vamos, eventualmente, ter mudanças. Sejam mudanças pequenas em que passamos a fazer certas práticas diferentes ou mudanças grandes em que mudamos completamente a nossa nomenclatura e a forma como encaramos a nossa prática, elas estarão presentes. Estamos errados se achamos que conseguimos ficar imutáveis durante 10, 20 ou até 30 anos. A mudança é (in)felizmente, inevitável. 

Recentemente passei exactamente por isso, por grandes mudanças na minha prática, daí querer trazer-vos esta temática para vos conseguir dar alguns conselhos que gostaria que me tivessem dado quando comecei este processo. Para quem me conhece, sabe que comecei a praticar quando ainda era adolescente e considerava-me "Wiccana Solitária", tendo passado a denominar-me como "Pagã Eclética" aos 18 anos. A partir daí foi sempre uma mudança entre Bruxa Eclética e Pagã Eclética, alternando às vezes com Bruxa Folk ou de Cozinha e por aí fora mas, na essência, a prática era sempre mais ou menos a mesma. Contudo foi em 2020/21 que as coisas mudaram, de uma forma inesperada. Apesar de já praticar há mais de uma década nessa altura, passei por mudanças ao ponto que mal me identifico com a prática que tinha antes destas mudanças. Descobri o Helenismo e finalmente aceitei que, apesar de adorar Bruxaria e adorar estudar sobre Bruxaria, não sou muito dada à sua prática, preferindo ficar-me pelo aspecto religioso e quotidiano, com ligeiro uso da Magia apenas para coisas como limpezas e proteções. Encontrei uma nova casa, digamos assim. 

Mas esta mudança não veio sem dificuldades! Tal como todas as mudanças, esta tirou-me da zona de conforto e atirou-me para dentro de um mar vasto, o qual desconhecia completamente. E é assustador. Seja qual o caminho para o qual estamos a mudar, acaba sempre por ser assustador, porque é como estivessemos a voltar à estaca zero. Quando já temos algum tempo de prática, temos tendência a ficar confortável no nosso nível de conhecimento. Vamos aprendendo mais coisas e acrescentando coisas mas é um crescimento mais gradual e mantendo-nos dentro da nossa zona conforto. Porém quando algo nos puxa para fora dessa zona e acabamos por entrar em toda uma nova divisão, é como descobrir uma nova zona do mapa, totalmente por descobrir e do qual não sabemos nada. E nesse momento passamos a não só ter de conhecer esta nova zona do mapa como conseguir conciliar com as zonas do mapa antigo que queremos manter. É como um puzzle que estamos a construir e quando chegamos ao fim surge mais um novo puzzle novo que se vai juntar ao nosso e temos de saber onde encaixar as nossas peças, mantendo algumas das iniciais. 

E isto é, sem dúvida, uma experiência avassaladora. Mas não é impossível de experienciar! Agora, em 2022, quase dois anos depois de ter começado estas mudanças, já me sinto mais confortável na minha pele e no meu novo caminho. Ainda há muita coisa por limar e aprimorar mas a parte mais díficil (o começar!) já está feito e agora é manter e ir caminhando, porque estas são aprendizagens para a vida inteira. E é por isso que gostava de partilhar convosco alguns conselhos que gostava que me tivessem dito quando comecei estas mudanças:

  • É válido mudar. É valido variar a nossa prática. A sociedade hoje em dia, principalmente nas comunidades online, pode levar-nos a achar que temos de ser sempre a mesma pessoa com os mesmos valores, crenças e métodos ao longo de toda a nossa existência mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Enquanto seres humanos, somos seres mútaveis e a mudança é algo natural para nós, tal como para toda a Natureza em nosso redor. Não tenham medo de mudar algo se já não vos funciona ou se já não se identificam com isso. 
  • Não precisam de saber tudo assim que começam. Principalmente para quem já pratica a bastante tempo, e já tem algum conhecimento consolidado, pode ser assustador mudar um caminho de forma drástica, principalmente para um tipo de caminho que não conhecem tão bem. Passar da zona de conforto onde sabemos as bases todas para um novo sítio em que somos um novo aprendiz é assustador mas não é menos válido ou vergonhoso, pelo contrário! É normal, ao longo do nosso caminho, haver alturas em que não sabemos algo e que voltamos a ser iniciantes e isso vai acontecer em mais do que um momento. É apenas necessário embarcar na nossa jornada de aprendizagem, recolher fontes e livros e recursos e mergulhar em toda esta nova informação que está à nossa frente e começar a dar os primeiros passos. 
  • Vão haver pessoas que vão criticar. Seja nas comunidades do novo caminho que estamos a começar a trilhar ou nas comunidades onde estavam, há sempre gente que vai achar que por estarmos em espaços públicos que têm o direito de opinar sobre o que fazemos ou deixamos de fazer. Infelizmente, é inevitável. Contudo temos um poder especial: ignorar. Não me refiro ignorar críticas construtivas ou opiniões de pessoas que nos querem ajudar, mas sim ignorar aquelas vozes que insistem em meter defeitos nas coisas ou renunciar certos aspectos ou práticas apenas porque elas não coincidem com a sua prática pessoal. Um exemplo prático disso é o meu Sacerdócio. O meu Sacerdócio foi feito dentro da FOI e tem a sua forma de ser. Não é, nem será, um Sacerdócio dentro do Politeísmo Helénico, contudo, pode co-existir com o mesmo. Mas há muita gente que acha que não. E estão no seu direito... Elas ficam com a opinião e eu fico com o meu Sacerdócio e o meu caminho e vivemos todos contentes (eles provavelmente menos do que eu).
  • Mesmo dentro da mudança, podemos mudar novamente. Este não foi o meu caso, mas conheço amigues em situações semelhantes. Em que as suas práticas começaram a mudar e começaram a achar que a prática ia ser X e depois acabou por ser Y. Ou ainda passou pelo Y e ficou no Z. Entre outras combinações. A mudança não precisa de ser uma só, pode ser quantas forem necessárias até acertarmos na fórmula que funciona para a nossa prática individual e pessoal. Não há problema nisso e todos os tipos de mudanças são válidos. 
Estes são alguns dos conselhos que gostava de ter tido quando comecei as mudanças no meu caminho espiritual e mágico. E vocês, já tiveram mudanças assim? Que conselhos dariam para quem está a passar por isso?

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 


***

Nome: Afrodite (Αφροδιτη)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Afrodite é uma Deusa Olímpica associada ao amor, à beleza e ao prazer. É retratada como sendo uma bela jovem mulher, por norma acompanhada pelo seu filho Eros (amor), um pequeno Deus com asas. Afrodite tem vários mitos importantes, tais como o seu papel na Guerra de Tróia e no Julgamento de Paris, em que a Deusa Afrodite, a Deusa Atena e a Deusa Hera lutam pelo título da mais bela, tentando convencer o mortal Paris a escolhê-las, subornando-o com vários prémios. Afrodite diz a Paris que, se a escolher, que lhe dará a mulher mais bonita do Mundo em casamento (neste caso seria a Helena, esposa do Rei de Esparta, Menelaus). Paris aceita e assim se inicia a Guerra de Tróia. Outro mito famoso associado a Afrodite é o seu casamento com o Deus Hephaestus, com a sua mão tendo sido dada pelo Rei Zeus, como recompensa por Hephaestus ter libertado Hera de uma cadeira mecânica que a tinha presa no Olimpo. Contudo, Afrodite era apaixonada pelo Deus Ares, e em várias instâncias traiu Hephaestus com o Deus da Guerra. Hephaestus então, como consequência, criou uma rede de ouro para os prender enquanto estavam na cama e trouxe todos os Deuses para se rirem de Afrodite e de Ares, sendo que o seu casamento é dito como tendo terminado após isto e Afrodite é muito associada a Ares, partilhando inclusive filhos com o mesmo. 

Celebrações: O culto da Deusa Afrodite encontra-se espalhado por toda a Grécia, com vários templos e altares espalhados por todo o território grego, com um foco principal na cidade de Korinthos e a ilha de Kythera. Também em Cyprus (Chipre) existe um culto de Mistérios associado a Afrodite. Para além destes locais, temos também um grande festival dedicado a Afrodite por toda a Grécia (principalmente em Atenas e em Korinthos) chamado "Aphrodisia"que aconteceria durante o Verão (mês de Hekatombaion). Para além destes grandes cultos, Afrodite era também uma Deusa padroeira de prostitutas e hetairai (acompanhantes, mas não necessariamente de foro sexual), com um culto especial dedicado a esta sua faceta, principalmente em Korinthos. 

Geneologia: Afrodite nasceu da espuma do mar que se criou quando os genitais castrados de Ouranos caíram no mar, após o corte dado por Kronos. É atribuída como sendo a mãe de Harmonia, Deimos e Phobos (juntamente com Ares) e também como mãe de Eros (neste caso temos versões que atribuem que seja juntamente com Ares e outros que dizem que já nasceu grávida de Eros). Também é mãe de Hermaphroditos, por parte de Hermes. 

Epítetos: Ourania ("dos céus"), Philommeidís ("a que sorri/ri"), Potnia ("Senhora"), Cypria ("de Chipre"), Pandemos ("de todas as pessoas"), entre outros.

Símbolos: Pombas, rosas, conchas, Eros, ganso, cisnes, maçãs, entre outros. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Aphrodite
  • Helenos BR
  • HellenicGods - Aphrodite
  • Hino Homérico a Afrodite 5
  • Hino Homérico a Afrodite 6
  • Hino Homérico a Afrodite 10

A Astrologia é uma das "ciências" mais antigas estudadas, havendo registos da sua prática na Suméria, a mais antiga civilização do mundo, em 4300 a.C. e talvez tenha tido a sua origem na Pré-História, dado que existem provas do estudo do céu nocturno pelos povos da Idade da Pedra, contudo, não temos certeza de qual o uso dos mesmos. A Astrologia é considerada por muitos como "a mãe da Astronomia" pois inicialmente eram as duas uma só ciência e só com o tempo, é que a astronomia tornou-se mais objectiva, lidando com distâncias, massas, pesos, velocidades e afins e a astrologia mais subjectiva focando-se no impacto dos astros sobre as pessoas, acabando por criar uma divisão entre as duas. 

A Astrologia é, mais especificamente, uma crença espiritual que investiga a ação dos corpos celestes sobre os objectos animados e inanimados, e a reação destes a essa influência.

Os signos são uma forma de dividir os céus; as Casas também, embora sejam baseadas no local de nascimento. O signo pode ser considerado o campo de ação; a Casa é o lugar onde ocorre a ação, e o planeta é o poder ou força motivadora. A astrologia ensina-nos que existe harmonia e simetria no universo, e que todos são parte de um todo. A astrologia deve ser entendida como uma filosofia que ajuda a explicar a vida, e não como uma arte ou ciência para prever o futuro, mas sim uma ferramenta para autoconhecimento e desenvolvimento próprio. 

A Astrologia pode ser divida em quatro aspectos:
Natural ou física: A ação dos planetas sobre as marés, o clima, a atmosfera e as estações.
Mundana ou judicial: A Astrologia das nações, de sua economia e de seus ciclos políticos.
Natal ou genética: A Astrologia dos indivíduos e o estudo de seus mapas de nascimento.
Horária: O estudo de uma determinada questão que ocorre num determinado lugar e num determinado momento.

Existem vários tipos de astrologia sendo que os mais famosos são a astrologia tropical e a astrologia sideral.

A astrologia tropical dá a posição de um planeta por signo. A astrologia sideral dá a posição por constelação. Para entender a diferença entre as duas, é preciso entender a diferença entre signos e constelações: 

Ambos têm os mesmos nomes, o que pode causar uma confusão. Há aproximadamente quatro mil anos, quando no equinócio de Primavera (no HN), o Sol estava na constelação de Áries, não havia diferença. Os signos e as constelações coincidiam. Agora, por causa da precessão, a lenta rotação da Terra sobre seu eixo, o Sol entra no equinócio Vernal no signo de Áries, porém na constelação de Peixes. A astrologia sideral e a astrologia tropical baseiam-se em princípios diferentes, contudo ambas são válidas e podem ser utilizadas normalmente.

As pessoas normalmente pensam que a Astrologia é apenas ver o seu signo solar (o signo em que o Sol estava no momento do seu nascimento) e que assim podem prever o seu futuro e saber o que as espera (por exemplo, nas revistas e jornais todas têm seção de Astrologia). Também crêem que o horóscopo é somente o nome dado aquele pedacinho de revista com a descrição do seu signo Solar e nada mais. Quando, na realidade, um horóscopo é um mapa das posições planetárias no momento do nascimento de um indivíduo na posição geográfica onde ocorreu o nascimento. Um horóscopo contém tanto as posições zodiacais como as das casas dos planetas, com todas as suas posições estruturadas até aos graus em que se encontram no céu. Estabelecido o horóscopo, vem a parte complicada que é a interpretação dos dados que obtivemos. Esta análise, quando bem feita, pode dar imensa informação sobre a pessoa (ou o evento) a que o mapa diz respeito, principalmente a nível de personalidade e de forma de encarar o mundo. 

Um site que recomendo muito para fazer mapas astrais e estas informações é o astro.com que tem várias ferramentas gratuitas que ajudam a traçar mapas para variadas datas e com muitas informações extra. 

E vocês, gostam de Astrologia? 

Hoje vamos falar de uma prática que se está a tornar mais comum dentro do Paganismo chamado "Veiling" ou "Velar" (da palavra "véu"). Esta prática é famosa em vários caminhos religiosos, como o caso de algumas vertentes do Islamismo e do Cristianismo (como é o caso das freiras em Portugal) mas também no Paganismo se tem vindo a verificar um aumento desta prática, principalmente dentro de cultos mais reconstrucionistas ou folclóricos, dadas as ligações às tradições ou à reconstrução de práticas antigas, onde o véu era um artigo comum.  

Existem vários propósitos para os quais podem ser utilizado o véu numa prática moderna Pagã, sendo alguns exemplos:

Ferramenta para honrar uma divindade em específico: Existem várias divindades que, no seus cultos originários, eram adoradas com o uso de véus ou em que os véus possuíam um papel de importância, como é o caso da Deusa grega Héstia (muitos praticantes modernos de Héstia utilizam o véu como uma parte ativa do seu culto). 

Como forma de proteção pessoal: Muitos praticantes consideram que o véu na cabeça serve como uma forma de proteção pessoal, dado que o tecido está a proteger o cabelo e a cabeça e, dessa forma, repele as energias negativas e aquilo que possam enviar para a pessoa. Adicionalmente, muitos praticantes que utilizam o véu como uma ferramenta de proteção, complementam o mesmo com sigilos costurados no próprio véu ou utilizando combinações de cores com propósitos específicos. 

Como forma de evitar contactos espirituais: Muitos praticantes que trabalham com espíritos ou mediunidade optam por utilizar um véu porque sentem que os protege contra espíritos ou outro tipo de seres que possam querer contactar com os mesmos. Neste caso, estes praticantes sentem que o véu funciona como um barreira entre o mundo espiritual e o mundo físico e que os ajuda a manter-se presos no mundo físico, evitando contacto com espíritos ou outros seres em momentos nos quais não querem contacto com os mesmos. 

Como forma de honrar os seus antepassados: Muitos praticantes, principalmente de países onde o uso do véu era comum antigamente (como é o caso de Portugal em que muita da nossa população idosa usava e ainda usa véus para ir à missa e em zonas mais rurais), é também comum que muitos escolham por incluir o véu na sua prática como forma de honrar os seus antepassados, podendo até chegar a usar véus que os próprios antepassados utilizavam, de forma a aumentar ainda mais a ligação com os mesmos. 

As formas de usar os véus são muito variadas e podem ser adaptadas ao tipo de prática e preferência de cada um: Praticantes mais reconstrucionistas vão optar por procurar formas antigas de ser utilizado um véu e vão optar por adaptar o seu uso com esses métodos enquanto praticantes mais voltados para práticas folk vão acabar por usar métodos mais modernos e presentes nas culturas as quais se encontram ligados. E, no geral, é possível tirar inspiração de qualquer sítio, sendo que existem vários sites e vídeos online com ideias para o uso do véu, das mais variadas formas. 

Um vídeo (em inglês, infelizmente) que recomendo muito sobre esta prática é o du ChaoticWitchAunt acerca do uso do véu na sua prática, que não só fornece várias fontes e recursos acerca da prática mas também fala da sua prática pessoal, que pode ajudar ou até inspirar alguns praticantes que possam estar interessades!

E vocês, já conheciam esta prática? O que acham?

Apesar de já termos falado de vários métodos divinatórios aqui no blogue, ainda não abordamos ao certo o que é a Divinação. E é isso que viemos fazer hoje! Vamos falar do que é a divinação, como a mesma pode ser utilizada e vou aproveitar para deixar aqui atalhos para os principais artigos de Métodos Divinatórios que nós temos! 

Então, o que é a Divinação ou Adivinhação? Esta é uma arte de prever o futuro mais provável recorrendo a um método divinatório como o Tarot, Runas, Pêndulo, Oráculos, Amuletos, etc. Existem imensos métodos que podem ser utilizados para este propósito. 

Esta arte já é utilizada e temos registo da sua presença desde a Antiguidade, sendo que temos vários registos (tanto físicos como escritos) de métodos divinatórios utilizados na Grécia Antiga e noutros locais da Antiguidade e ao longo da História (inclusive na Idade Média e em períodos mais recentes) e do Mundo, havendo registos de práticas divinatórias na Europa, Ásia, Américas e África. É uma arte que tem vindo a acompanhar a humanidade ao longo da sua história, evoluindo e sendo aplicada de várias formas, conforme os anos vão passando. Infelizmente é também uma arte sujeita a muitos charlatões e pessoas que se aproveitam da mesma para enganar os outros, pelo que todo o cuidado é pouco e devemos sempre recorrer a profissionais que confiamos e que sabemos que são éticos (recomendo a nossa editora Eva Tavares e a minha amiga ProbablySininho)

Aqui no Sob o Luar, temos artigos sobre os seguintes métodos: 

  • Scrying: O que é?
  • Pêndulo: O que é? 
  • O que são as Runas e os seus Significados
  • Métodos Divinatórios: O Tarot

Mas existem imensos outros métodos, como por exemplo:

  • Aleuromancia - Pelos biscoitos da sorte.
  • Apantomancia - Através de encontros inesperados com animais.
  • Astromancia - Pelos astros. Não confundir com Astrologia!
  • Augúrio - Pelo voo dos pássaros.
  • Bibliomancia - Pela interpretação de palavras ou frases de um livro aberto ao acaso.
  • Buziomancia - Por meio de búzios, pequenas conchas.
  • Cafeomancia - Pela interpretação da borra do café.
  • Cleromancia - Pelo lançamento de dados.
  • Ceromancia - Pela cera derretida da vela que caiu na água.
  • Cristalomancia - Através de cristais, como a bola de cristal.
  • Oniromancia - Pelos sonhos.
  • Piromancia - Pelo fogo 
  • Quiromancia - Pelas linhas e sinais da mão do consultante/pessoa que estamos a fazer a adivinhação para.
  • Teimancia - Pelas folhas de chá.
Entre muitos outros. 

Contudo, algo importante a referir quando falamos de Adivinhação, é referente ao facto de que falamos que se pode prever o futuro. Contudo, será que isso significa que o futuro já está escrito? E que não há forma de o evitar? Claro que não! O que a divinação nos dá, é uma pequena visão do futuro próximo com base no que momento em que estamos agora. Ou seja, com base em todas as nossas decisões até ao momento, e dependendo da pergunta, qual é o resultado mais provável. Um exemplo prático é: Imaginemos que eu quero ir para a universidade mas ainda não me candidatei. E pergunto às cartas se vou entrar na faculdade que quero. As cartas dizem que sim. Mas depois eu não faço nada. Ora, se eu não fizer o trabalho para entrar na faculdade... não vou entrar, né? A divinação diz-nos o que é mais provável de acontecer e qual o futuro próximo mas não faz milagres por nós. 

Adicionalmente isto não significa que não o possamos mudar, porque podemos! Nada está escrito para a eternidade e a nossa vida, no final de contas, está nas nossas mãos e podemos fazer dela aquilo que desejamos (dentro do expectável e possível, obviamente)!

E vocês? Que métodos preferem? 

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 


***

Nome: Selene (Σεληνη)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Selene é uma Deusa Titã, sendo considerada a personificação da Lua (basicamente, Selene é a própria Lua). A mesma era representada como uma mulher a conduzir um carro de cavalos pelo céu nocturno, tendo na sua cabeça uma coroa em formato de crescente ou esfera lunar e um manto brilhante. É filha de Hyperion e Theia e irmã de Eos e de Helios, o seu irmão Sol que conduz o carro solar durante o dia. Para além dos filhos abaixo que lhe são atribuídos, Selene está também associada como sendo a criadora ou a mãe do Leão da Nemeia, que vem a ter um papel importante nos mitos de Hércules. Um dos seus mais famosos mitos é o mito que a une ao seu grande amor, o Rei/Pastor (depende das versões) Endymion, pelo qual Selene se apaixona profundamente. Numa das versões mais famosas deste mito (a de Pseudo-Apollodorus), o Rei Zeus dá ao pastor Endymion a chance de escolher tornar-se imortal e viver num sono profundo numa caverna, podendo ser visitado todas as noites pela Titã Selene, o qual o mesmo aceitou, dizendo-se que dorme eternamente numa caverna na base do Monte Latmos.  

Celebrações: A nível do culto de Selene temos alguns registos como a sua presença numa cidade na Paconia (perto de Esparta) onde encontramos inscrições de culto à mesma. Também em Argolis temos um altar dedicado a Selene e, sabemos através de registos, que a mesma estava bastante associada a um culto específico para acompanhamento às mulheres grávidas e no processo do parto (daí o seu epíteto de Ilithyia), pelo que é expectável que houvesse um pequeno culto por parte de mulheres grávidas. 

Geneologia: Filha dos Titãs Hyperion e Theia e irmã de Helios (Sol) e Eos (Nascer do Sol). É mãe das deusas Pandia, Era, Menai (Meses) e, há quem a considere como mãe das Horai (Horas). A nível de mortais, é apenas mãe do poeta Mousaios (Musaeus). 

Epítetos: Aegle ("Radiante"), Pasiphae ("Toda Brilhante"), Ilithyia ("Apoiante/Ajuda - no parto"). 

Símbolos: Um disco lunar ou um crescente lunar, os cornos de um boi, um manto estrelado. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Selene
  • Hino Homérico a Selene

A grande maioria de nós, principalmente se crescemos com famílias em zonas mais rurais, já conhece e sabe bem o que é o mau-olhado (algumas zonas de Portugal também lhe chamam "quebranto", vai depender, porque "quebranto" também pode significar outra coisa, por isso, aqui vamos usar o termo do Mau Olhado). É algo que faz parte do folclore português (e, aliás, de quase todo o mediterrâneo!) e que as nossas avós e avôs não só falavam sobre como sabiam várias formas para tirar o mau olhado e nos limpar dessa energia. Mas o que é ao certo o mau olhado? 

A definição de mau olhado vai variar de zona para zona e de pessoa para pessoa. Honestamente, se tiverem essa possibilidade junto de familiares ou conhecidos da zona onde vivem, recomendo falarem com eles para aprenderem a definição (e as técnicas de limpeza!) mais próximas da vossa origem e da vossa história familiar. Mas, na ausência disso, estou cá para vos ajudar. 

O Mau Olhado é, de forma simplificada, a inveja ou más intenções que alguém nos envia. Este enviar do mau olhado pode ser propositado ou acidental (nem sempre é preciso intenção para enviar mau olhado) e nem sempre é enviado "pelo olhar". Ou seja, não é preciso alguém estar perto de nós, a olhar para nós, para nos enviar mau olhado, o próprio pensamento em si já basta. 

Mas agora vocês pensam, se pode ser acidental, isso significa que eu posso enviar mau olhado para alguém sem querer? Resumidamente, sim. É possível. Quando vemos alguém que ganhou algo bom mas que nós achamos que a pessoa não merece porque fez x e y (ou até porque apenas não gostamos da pessoa) e ficamos a remoer nessa sensação, poderemos estar a enviar mau olhado para a pessoa. Infelizmente, é algo que pode acontecer, e cabe-nos a nós ter atenção às nossas palavras e ações, caso seja algo que não queiramos que aconteça. 

Mas e agora, a grande questão, como nos protegemos do mau olhado? 

Há várias formas de nos proteger do mau olhado, seja a nível da nossa proteção em casa ou a nível da nossa proteção pessoal no dia-a-dia. Para a casa, o que recomendo é sempre uma boa limpeza (temos um artigo sobre Limpeza de Espaços que recomendo muito)! e colocar amuletos ao longo da casa. 

Alguns amuletos típicos são: 

  • Olho Turco/Nazar/Mati na entrada da casa; 
  • Sal nos cantos da casa;
  • Copos de sal nas divisões da casa; 
  • Dente de alho atrás da porta; 
  • Ferradura antiga na parte de trás da porta, virada para cima; 
  • Entre outros métodos. 
Existem imensas técnicas, inclusive algumas típicas aqui de Portugal, que podem ser utilizadas e quase todos os livros de Bruxaria e Paganismo falam sobre técnicas de proteção e amuletos contra energias negativas, que também são válidas contra o mau olhado. 

Agora questionam: Mas e se, mesmo assim, apanhar mau olhado? Como sei que tenho? Como me livro dele? 

O mau olhado pode, ou não, ter sintomas físicos no corpo. Vai depender da quantidade de olhado que temos em cima de nós mas, na maioria dos casos, ele atinge-nos como uma dor de cabeça ou mau estar no corpo inteiro, podendo inclusive levar a vómitos e outros sintomas físicos. Contudo, como eu digo várias vezes aqui no blogue, a primeira solução e reacção deve ser ver os sintomas como consequência de algo físico (gripe, doença, algo que comemos, desidratação, etc). Nem tudo é mágico e nem tudo o que nos faz sentir mal é mau olhado, às vezes é apenas o jantar que caiu mal. 

Acima de tudo, não caiam na conversa de charlatões que vos prometem "limpar de todo o mau olhado e invejas" e outras coisas! É das coisas mais comuns no nosso país, infelizmente, mas há formas de sermos nós própries a tirar o mau olhado, sem ter de pagar centenas de euros a um desconhecide! 

Para saber se temos mau olhado e para nos livrar dele, existem duas técnicas comuns: A técnica do azeite e da água e a técnica do ovo. 

Tirar o Mau Olhado com Azeite e Água 

Esta é das técnicas mais famosas em Portugal para tirar o mau olhado e existem imensas variações da mesma, principalmente a nível das rezas. Como esta técnica é maioritamente católica, eu vou colocá-la aqui com a reza original, contudo, a mesma pode (e deve!) ser alterada ao vosso gosto, principalmente se não forem católicos.

Vão precisar de um prato fundo (ex: de sopa) com água e um pouco de azeite numa taça. Por cima do prato, fazendo o símbolo da cruz com a mão (ou podem incluir um terço ou amuleto), vão dizer:

Deus te viu, Deus te criou
Deus te livre de quem para ti
com mal olhou.
Em nome do pai, do Filho
e do Espírito santo
Virgem do pranto,
quebrai este quebranto.

De seguida, molham o dedo no azeite e deixam cair três gotas no prato. Se as gotas abrirem, é porque existe mau olhado. É preciso deitar fora a água e voltar a repetir. Este processo deve ser repetido até a altura em que as gotas caem e ficam inteiras na água, sem se misturarem. 

Tirar o Mau Olhado com um Ovo

Existem vários métodos de tirar o mau olhado com um ovo, este é apenas um exemplo. Podem encontrar mais procurando online, caso não gostem deste método. 

Vão precisar de um ovo fresco (que não esteja estragado) e um copo com água até meio. 

Vão pegar no ovo e passar com o ovo pelo corpo todo, da cabeça para os pés, visualizando a energia negativa a passar para o ovo. Ao longo deste processo, podem ir dizendo alguma pequena oração ou algo como "Que este ovo capture todas as energias negativas", enquanto se vão concentrando no que estão a fazer. No fim, é preciso partir o ovo para dentro do copo e esperar uns 2-3 minutos. 

Aqui é a parte mais complicada, que é analisar o ovo. Existem listas imensas online do que cada coisa pode significar, mas, resumidamente:

    • Se a gema do ovo for ao fundo e a clara estiver limpa é porque não havia qualquer mau olhado e está tudo OK. 
    • Se houver bolhas na água, na zona da clara, é porque há mau olhado e ele foi removido com o ovo. 
    • Se o ovo estiver com um aspecto estranho ou com manchas de sangue ou até com um ar um pouco turvo, poderá ser algo mais complexo. Aqui, recomendo uma nova limpeza com um ovo novo, para ver se limpou realmente e, caso não tenha ficado limpo, recorrer a um método divinatório para ver como proceder. 
E com isto, estão prontos para se protegerem do olhado e já sabem um pouco mais acerca de um dos grandes aspectos das práticas folclores portuguesas!  

Já conheciam estas técnicas? 

Os chakras são dos tópicos mais famosos do Hinduísmo que foram adoptadas para o pensamento esotérico ocidental, tendo passado por várias adaptações e, no ponto de vista de muitos praticantes, criações de novos sistemas associados aos Chakras. Originalmente, os chakras (da palavra sânscrita चक्र (que significa “roda”) são um variado número de pontos ao longo do nosso corpo, utilizados em vários métodos de meditações e outras práticas antigas, originárias de tradições dentro do Hinduísmo. 

Neste artigo vou apenas focar-me no Sistema de Chakras Ocidental, nomeadamente, o sistema que conhecemos hoje em dia que é constituído por sete chakras espalhados pelo corpo, criando uma linha ao longo da nossa espinha, conectando-nos ao céu (através do chakra da coroa) e à terra (através do chakra da raíz). Este sistema ocidental surgiu no início do século XX com autores como Sir Woodroffe e Charles Leadbeater. 

Os sete chakras são: 

Chakra da Raiz
Nome: Muladhara 
Localização: Base da coluna/região do períneo.
Descrição: Este chakra está ligado à Terra e à nossa ligação ao mundano e terreno, oposto ao chakra da coroa. 


Chakra Sexual
Nome: Swadhistana 
Localização: Região do baço.
Descrição: Este chakra está associado ao movimento e ao fluxo. Pode também ter ligação aos órgãos sexuais, dada a sua proximidade. 


Chakra do Plexo Solar
Nome: Manipura 
Localização: Aproximadamente dois dedos acima do umbigo.
Descrição: Este chakra está ligado ao processo digestivo e à nossa autodescoberta, sendo associado à força e à determinação. 


Chakra Cardíaco
Nome: Anahata
Localização: Região do coração.
Descrição: Este chakra é o ponto de encontro das energias do nosso corpo, estando ligado ao equilíbrio do corpo e do espírito. 


Chakra Laríngeo
Nome: Visuddha
Localização: Região da laringe.
Descrição: Este chakra está associado à comunicação, devido à sua proximidade com as nossas cordas vocais. 


Chakra Frontal 
Nome: Ajna or Agya
Localização: Região inferior da testa, um pouco acima do espaço entre as sobrancelhas.
Descrição: Este é o chakra associado ao famoso “terceiro olho” e está ligado à clarividência e à Visão.


Chakra Coronário
Nome: Sahasrara
Localização: A coroa, topo da cabeça. 
Descrição: Este é o chakra que nos conecta ao céu/ao espiritual/ao nosso Eu superior. 


Por norma, os chakras são utilizados como auxiliares em técnicas de meditação, começando no chakra mais baixo (o da raiz) até ao mais alto, com estados meditativos e até cânticos ou mantras para cada um destes chakras. Estes pontos são também trabalhos em várias terapias como o reiki, yoga, cristaloterapia, terapias com música, etc. Para quem deseja começar a trabalhar com estes pontos energéticos, a melhor forma será através de meditação, sendo que podem encontrar online (no Youtube e até no Spotify) várias jornadas meditativas que ajudam a trabalhar com os chakras, a alinhar os mesmos, a abri-los e muito mais.

Se gostavas de saber um pouco mais sobre Chakras, eu fiz um texto exclusivo para o Baú dos Mistérios de Hécate e está disponível para compra lá na loja! 

E vocês, costumam trabalhar com chakras? 

Hoje vamos falar de um tópico que é sensível mas importante de ser referido nas nossas comunidades: A ética por detrás dos cristais e de (algumas) plantas. 

Muitos de nós quando começamos a praticar Bruxaria (ou Paganismo) sentimo-nos rapidamente atraídos pela quantidade enorme de cristais bonitos e muitas cores que vemos nas lojas esotéricas e nos feeds das redes sociais de outros praticantes. E, é normal, que acabemos por começar a comprar os nossos próprios cristais, começar a nossa própria coleção e começar a trabalhar com eles. Mesma coisa com as plantas, vemos alguém a queimar sálvia ou palo santo e achamos que temos de ter aquilo ou a nossa prática "não é tão boa" ou "não é completa". E como estamos no início, nem nos lembramos de investigar mais sobre estas coisas e se realmente as devemos fazer. E é disso que venho falar hoje. 

Começando pelos cristais, porque razão é que devemos ter atenção à forma como compramos e adquirimos cristais? A maioria dos cristais são minados em minas espalhadas pelo mundo inteiro, com principal foco em países da América do Sul, Ásia ou África. É comum que muitas destas minas alberguem trabalhadores em condições de pobreza extrema (ou até de exploração/escravatura/trabalho forçado) ou, em muitos casos, trabalhos infantis. Em 2019 o jornal o Guardian reportou que cerca de 85 mil crianças estavam a trabalhar em minas de exploração de cristais (como turmalina ou cornalina) em Madásgascar. E são esses cristais que depois são vendidos para países ocidentais com o objetivo de serem vendidos a preços exurbitantes e como "ferramentas de cura", enquanto as pessoas que estiveram nas minas vivem em pobreza e exploração. Para além destes dois factores, também a saúde das pessoas que trabalham nestas minas estão gravemente comprometida dado que o trabalho de polir cristais liberta vários tóxicos prejudiciais à saúde e principalmente aos sistemas respiratórios. E, infelizmente, grande parte destas minas não disponibiliza aos seus trabalhadores material apropriado para a sua própria proteção.

Para além do impacto nas pessoas que estão envolvidas diretamente no processo de extração dos minerais/cristais, também a própria natureza é afectada por esta atividade que tem tendência a criar contaminação de água potável e de vias aquáticas em redor das minas ou, até, destruindo habitats e cortando florestas para aceder a zonas passíveis de serem minadas. 

Fez-te impressão ler isto? Acredito que sim mas, infelizmente, é a realidade associada ao comércio e à obtenção de cristais e pedras preciosas e para o qual estamos diretamente a contribuir quando não temos cuidado na obtenção dos nossos cristais. Sim, porque há formas de evitar isto! Como evitar? Bem...
  • Tenta comprar sempre cristais em segunda mão, através de lojas de velharias, OLXs, Vinted, Facebook Marketplace, etc. 
  • Caso não consigas comprar em segunda mão, investiga bem as lojas a partir das quais estás a comprar os teus cristais e garante que a mesma consegue garantir (ou melhor ainda, tem política pública sobre o assunto) que os cristais são fornecidos de forma ética. Há vários fornecedores hoje em dia que garantem que a exploração dos cristais é feita de forma ética e cuidada através de um controlo apertado das condições e políticas em vigor em cada uma das minas. 
  • Utiliza cristais que encontres perto de ti! Procura na tua zona, principalmente perto de rios ou montanhas, e de certeza que encontrarás vários cristais, principalmente da família de quartzos que podem ser utilizados na tua prática. Não precisas de ter a malachite topo de gama para um feitiço funcionar, um quartzo encontrado no teu quintal é um excelente aliado (e que te pode ajudar a conectar melhor com a tua terra e local onde vives). 
E a nível das ervas? Este é outro ponto importante nas nossas comunidades, contudo, vou apenas falar de duas plantas específicas que se tornaram virais e muito famosas nas redes sociais devido ao seu uso abusivo por parte de praticantes de new-age americanos que é a "Sálvia Branca" e o "Palo Santo". Estes dois tipos de planta são nativos das Américas e não existem (de forma natural/nativa) em territórios europeus. São plantas habitualmente utilizadas por povos indígenas em cerimónias religiosas e nos seus cultos pessoais contudo, ao longo dos últimos anos, vieram a ser apropriadas por praticantes de tradições new-age que acabaram por fomentar uma exploração de forma abusiva destas plantas que não só tem um impacto forte no ambiente (a sobre-exploração de uma planta acaba por criar complicações no solo e nos locais onde a mesma está a ser constante explorada) e, também, de um impacto forte a nível social, em que estas ervas são apropriadas aos povos indígenas (mais infos aqui). E, hoje em dia, é comum ver estas plantas à venda em imensas lojas esotéricas espalhadas por Portugal, inclusive a preços exorbitantes. 

E a realidade é que nós não precisamos destas ervas. Sim, leram bem, não precisamos destas ervas. Portugal tem imensas plantas que lhe são nativas e que possuem exatamente os mesmos propósitos que a sálvia branca e o palo santos fazem, como o alecrim, a arruda, a sálvia normal, etc. São plantas que são nativas do nosso território, que são fáceis de plantar e de cuidar (inclusive em vasos) e que podem ser utilizadas para todas as coisas nas quais utilizariam as outras duas plantas. E com ainda mais vantagens! Principalmente as de que não estamos a importar plantas que precisam de vir do outro lado do mundo (e, por consequência, trazem consigo uma pegada ecológica muito má) e também porque ao estarmos a trabalhar com plantas que são nativas do local onde vivemos, acabamos por criar uma ligação ainda mais estreita com a flora e a natureza do local onde vivemos. As plantas são nossos aliados na nossa prática e nada melhor do que nos conectar com elas no seu local natural, ao invés de estarmos a mandar vir plantas de outro lado do mundo. 
 
E vocês? Já sabiam disto? 

Hoje vamos falar de alguns tipos de cultos diferentes e explicar as suas diferenças. Por norma, quando chegamos ao Paganismo, ouvimos falar sobre o Culto aos Deuses mas só passado algum tempo é que descobrimos que existem outros tipos de cultos (inclusive, existem cultos para além dos que vou falar hoje!) e outras formas de praticar a religiosidade dentro de caminhos pagãos. 

Alguns dos cultos mais famosos quando começamos a aprender sobre Paganismo são: 
  • Deuses
  • Ancestrais
  • Heróis
  • Elementais
Contudo, existem muitos mais, dependendo das tradições e das visões religiosas de cada praticante. Hoje vamos falar um pouco de alguns cultos mais famosos. 

  • Culto aos Deuses 
Este é o tipo de culto mais famoso e é, como o nome indica, o culto a divindades. Seja apenas a uma divindade, a um casal divino ou a um conjunto/panteão de divindades, este culto é literalmente apenas adorar, respeitar e honrar Divindades. Nós falamos um pouco mais sobre como começar este tipo de devoção neste artigo. 

  • Culto aos Ancestrais
Este tipo de culto é comum em tradições mais voltadas para práticas tradicionais (como Bruxaria Tradicional/Folk) ou para práticas reconstrucionistas onde haja um caractér de respeito a Ancestrais (como é o caso do Helenismo). Este tipo de culto é um culto diferente do culto de Divindades, por não é baseado no honrar uma divindade/ser superior mas sim no honrar e respeitar aqueles que vieram antes de nós, muitas vezes membros das nossas famílias. Há quem, inclusive, não goste de lhe chamar "culto" e chamar apenas como honra aos ancestrais. Neste tipo de prática é comum ser criado um altar com fotos das pessoas ou animais que estamos a honrar como avós e bisavós que já faleceram e colocar oferendas e queimar velas em honra das pessoas que já partiram. O propósito deste culto não é tanto o de receber algo em troca mas sim em conectar com o nosso passado, com os nossos ancestrais e ter a sua orientação e ajuda ao longo do nosso caminho presente. 

  • Culto aos Heróis
Este é outro tipo de culto que é raro de se encontrar, sendo mais comum em práticas reconstrucionistas como é o caso do Helenismo. Neste tipo de culto, que é semelhante ao culto dos Ancestrais, honram-se os heróis. Podem ser heróis mitológicos (Aquiles, Odysseus, Theseus, etc) ou heróis contemporâneos que ficam ao critério do praticante. Qualquer tipo de figura que o praticante considere como sendo um herói (activista, guerreiro, escritor, etc.) pode ser encaixado no culto aos Heróis. Funciona de forma semelhante aos ancestrais, com um pequeno altar com fotos ou representações e oferendas frequentes com pedidos de inspiração ou de orientação para os nossos caminhos pessoais. 

  • Culto aos Elementais 
O culto aos elementais já é um culto mais frequente nas comunidades de Paganismo em geral, principalmente entre praticantes de Paganismo Eclético. Este tipo de culto é mais semelhante aos cultos dos Deuses, com a diferença que ao invés de serem cultadas Divindades são cultuados Elementais como Fadas, Gnomos, Salamandras, Sereias, Ondinas, Ninfas, etc. A nível de forma de trabalho religioso a prática é, na maioria dos casos, semelhante à dos Deuses com oferendas e altares construídos e práticas regulares de adoração aos elementais em causa. 


Para além destes cultos existem muitos outros, dentro e fora do Paganismo e da Bruxaria, como anjos, demónios, santos, espíritos locais, etc. A religiosidade é um campo muito vasto e complexo, com diversas opções por onde escolher e seguir, inclusive misturas de mais do que um. Não se sintam limitados a prestar culto apenas a um destes tipos de cultos, podem conjungá-los, misturá-los e práticá-los de formas diferentes e adaptadas aos vossos caminhos pessoais. Estes são apenas alguns exemplos!

E vocês? Já conheciam estes cultos? 

Títulos dos Livros: 
  • "The Complete Book of Incense, Oils and Brews" / "Livro Completo de Óleos, Incensos e Infusões"
  • "Cunningham's Encyclopedia of Wicca in the Kitchen" / "Enciclopédia de Wicca na Cozinha"
  • "Cunningham's Encyclopedia of Magical Herbs" / "Enciclopédia das Ervas Magicas do Cunningham"
  • "Cunningham's Encyclopedia of Crystal, Gem & Metal Magic" / "Enciclopédia Cunningham de Magia com Cristais, Gemas e Metais"
Autor(es): Scott Cunningham
Pontuação: ★★★★★
Onde Comprar*: Em inglês podem ser adquiridos na Amazon e em Português podem ser adquiridos na Livraria Senda ou na Wook. Podem também ser lidos no Scribd (Ativa dois meses grátis!)

Análise: Hoje venho falar de 4 livros ao mesmo tempo! Porquê? Porque sinto que estes livros funcionam na perfeição em conjunto e considero-os como sendo dos mais essenciais da minha estante e da minha prática. Durante muitos anos andei a tentar arranjar uma forma de ter todas as correspondências, de todas as coisas, nos meus livros das sombras. Mas rapidamente cheguei à conclusão que era quase impossível. As listas de ervas são enormes, cristais a mesma coisa e nem vamos falar quando colocamos alimentos à mistura! Quer em formato digital ou em formato papel, era sempre algo complicado de fazer e nunca ficava satisfeita. 

Foi nessa altura que acabei por encontrar estes livros e chegar à conclusão que não preciso de ter tudo nos meus livros das sombras ou cadernos. E que posso ter apenas livros aos quais recorro com essa informação. E, para mim, estes quatro livros são essencialmente isso: São excelentes livros de referência, com imensos recursos e listagens de ingredientes e as suas propriedades. Cada livro aborda a sua específica temática (cristais e metais, incensos e óleos, alimentos, ervas, etc.) e está cheio de recursos relacionados com a mesma. Não se trata apenas de livros de referências mas também de aprendizagem, que inclusive inclui receitas, dicas, avisos e imensa informação útil acerca de cada temática. E, felizmente, a grande maioria já foi traduzida para português, estando mais acessível a pessoas que não conseguem ler ou não se sentem confortáveis a ler em inglês. 

Pessoalmente, na minha prática individual, estes livros sempre foram extremamente úteis e continuam a ser. Estão cheios de apontamentos, rascunhos, post-its, etc. Claro que alguns livros, principalmente o de Ervas e Plantas, acaba por não ter ervas que sejam nativas de Portugal (e que não estejam nos EUA, país de origem do autor) mas facilmente resolvo isso adicionando páginas com um clipe ou adicionando informação a post-its no interior do livro. Para mim, estes livros são essenciais!

E vocês? Já leram? Que acharam? 

* Os links fornecidos podem pertencer a 'Affiliate Programs' e geram uma taxa de lucro ao Sob o Luar. Não existe qualquer despesa adicional para o comprador. 

Hoje vamos continuar com uma nova série de artigos que se irão espalhar ao longo dos próximos tempos em que vamos abordar várias divindades, de vários panteões. Vamos falar sobre os seus mitos, as suas associações e um pouco da sua história. Estes artigos não têm como objectivo substituir a investigação sobre as divindades mas sim despoletar interesse e, também, fornecer alguns pontos de partida para iniciar contacto com as Deusas e Deuses de que falaremos. 

As informações contidas nestes artigos não são suficientes para sustentar uma prática de culto a uma divindade e investigação adicional é sempre necessária. No fundo de cada artigo deixamos uma lista de sites e livros recomendados sobre cada divindade, de forma a que possam explorar mais sobre cada Deusa e Deus que falamos aqui. Ao longo do artigo vamos deixando também links para informações adicionais e explorações aprofundadas de certos tópicos. 

Nota Importante: Este artigo é exclusivamente sobre o Deus Hermes enquanto divindade do Políteismo Grego, não sendo sobre a figura de Hermes Trismegistus que é frequentemente confundida com o mesmo. 

***

Nome: Hermes (Ἑρμης)

Panteão: Grego

História e Mitologia: Hermes é uma divindade grega, filho de Zeus e de Maia (a mais velha das irmãs ninfas Pleiades). Um dos seus mitos mais famosos é o mito do seu nascimento em que o Deus Hermes nasceu numa caverna, de sua mãe Maia, e apesar de estar enrolado em mantas no seu berço, o Deus fugiu e conseguiu chegar até Pieria, onde roubou algum do gado do Deus Apollo, escondendo-o em Pylos. Enquanto estava em Pylos, o Deus Hermes encontrou uma tartaruga na parte de fora da caverna e, trazendo para o interior, utilizou a sua carapaça para fazer a primeira lira. Quando Apollo o tentou confrontar, Hermes estava enrolado nas mantas no colo da sua mãe. Não convencido que o Deus Hermes não estivesse envolvido, Apollo solicitou a Zeus que mediasse a situação e o mesmo convenceu Hermes a devolver o gado. Contudo, quando Apollo viu a lira que Hermes tinha criado, aceitou trocar o seu gado pela lira, tornando-a um dos seus símbolos. Outros dois mitos em que existe uma presença importante do Deus Hermes são o mito de Perseu, em que Hermes auxiliou o herói na sua demanda para matar a Gorgon Medusa e o mito de Odisseu em que o Deus auxilia-o a proteger-se da magia da Deusa Circe. 

Celebrações: O culto a Hermes estava bem espalhado pela região grega na antiguidade, com destaque para o festival de Hermaea que era organizado anualmente em honra ao Deus Hermes, na zona da Arcádia. Adicionalmente, estátuas de Hermes (denominadas "Hermae") eram comuns de ser encontradas espalhadas por toda a Grécia, principalmente à entrada de cidades ou em cruzamentos para conceder proteção aos viajantes. 

Geneologia: Filho de Zeus e de Maia, são-lhe atribuídos diversos filhos como o Deus Pan e variados filhos mortais, principalmente Reis. Para ver a genealogia completa de Hermes recomendo ver AQUI. 

Epítetos: Enodios ("da estrada"), Khthonios ("da terra"), Nomios ("protetor de rebanhos"), Propylaios ("dos Portões"), Psychopompos ("Guia das Almas"), Angelos Athanatôn ("Mensageiros do Deuses"), entre outros.  

Símbolos: Um dos principais símbolos de Hermes é o famoso Caduceu (um bastão em torno do qual estão enroladas duas serpentes e cujo topo tem duas asas). É também reconhecido pelas botas ou pelo chapéu com asas ou, no seu aspecto de protetor dos viajantes, com o chapéu de viajante que é lhe é característico. Os seus animais sagrados são o bode e a lebre, estando também associado a todo o gado em geral. 

Leitura Recomendada: 
  • Theoi - Hermes
  • Helenos BR
  • Hino Homérico a Hermes (para a história do seu nascimento)
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Este trabalho é dedicado às Senhoras Ἑκάτη (Hekate) e Περσεφόνη (Persephone)

Sob o Luar by Alexia Moon/Mónica Ferreira is licensed under CC BY-NC-ND 4.0